Hafner, do Kayak: “A infraestrutura brasileira é um problema maior do que o zika” (Divulgação/Exame)
Da Redação
Publicado em 25 de junho de 2016 às 05h56.
Stamford, EUA — O americano Steve Hafner é um pioneiro do turismo online. Em 1999, criou o site Orbitz, de venda de passagens e diárias de hotéis. Quatro anos depois, iniciou um novo projeto: o Kayak, uma espécie de Google para viagens. O site pesquisa preços em empresas aéreas, locadoras de automóveis, hotéis e agências de viagens online, como Decolar.com.
Em 2012, o Kayak foi adquirido por 1,8 bilhão de dólares pelo grupo Priceline, mas Hafner foi mantido no comando. Com mais de 1 bilhão de pesquisas por ano, o Kayak conhece o interesse dos viajantes de mais de 40 países, inclusive o Brasil.
Em entrevista a EXAME, Hafner falou sobre a demanda para a Olimpíada e os efeitos de atentados terroristas, como o que ocorreu recentemente numa boate gay em Orlando, nos Estados Unidos.
Exame - A Olimpíada está chegando. O senhor nota um maior interesse dos turistas estrangeiros pelo Brasil?
Hafner - Não vimos o aumento do interesse que esperávamos a esta altura, a menos de dois meses do início. Atribuiria isso à incerteza política no país e ao noticiário negativo sobre o zika. Não tenho dúvida de que o vírus tenha impacto.
Exame - A falta de infraestrutura do Brasil pode representar um problema para os visitantes?
Hafner - Há melhorias sendo realizadas para os Jogos, mas acho que a logística será um desafio. Já foi assim em eventos esportivos recentes nos Estados Unidos e na Rússia. No Brasil, a infraestrutura é um problema maior do que o zika vírus.
Exame - É certo que o setor de turismo no Brasil enfrenta problemas de diferentes ordens. Isso tem prejudicado a operação brasileira do Kayak?
Hafner - Não. O Brasil foi o primeiro país em que entramos na América Latina, há dois anos e meio. Somos lucrativos, o que não se pode dizer de vários de nossos concorrentes. Assim que a economia brasileira melhorar, nossa operação estará bem posicionada para crescer.
Exame - Qual é o impacto dos ataques terroristas recentes no setor de turismo?
Hafner - Depois dos ataques na França no começo deste ano, houve impacto significativo nas viagens a Paris. Mas não vimos o mesmo no caso de Bruxelas. Não esperamos que o ataque em Orlando tenha o mesmo efeito do de Paris porque aparentemente não se trata de um ataque coordenado. As pessoas se acostumam com os efeitos adversos. Elas querem cada vez mais viajar, especialmente os mais jovens.
Exame - Por quê?
Hafner - As pessoas estão acostumadas com a economia do compartilhamento. Não querem imobilizar o patrimônio em coisas físicas, querem experiências. Acredito que a ideia de ter uma casa para as férias, por exemplo, vá perder muito do apelo.
Exame - O senhor mencionou a economia do compartilhamento. O que o site de hospedagem Airbnb representa para a indústria hoteleira?
Hafner - Certamente o Airbnb teve impacto, mas a demanda por hotéis tradicionais ainda é muito grande. A receita por quarto das grandes redes continuam crescendo.
Exame - Qual é o segredo para economizar em passagens aéreas?
Hafner - Fazer planos com antecedência e ter alguma flexibilidade nas datas. E, é claro, usar as ferramentas tecnológicas que enviam alertas quando há promoções.