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Braskem mantém meta de crescer 10 vezes em 10 anos no agro, diz diretor

Petroquímica aposta em novas tecnologias com plástico para crescer dez vezes no agronegócio

Renato Yoshino Lima, da Braskem: inspiração internacional para crescer no campo (Braskem/Divulgação)

Renato Yoshino Lima, da Braskem: inspiração internacional para crescer no campo (Braskem/Divulgação)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 18 de junho de 2024 às 06h00.

A petroquímica Braskem está envolvida em uma possível mudança societária, com a eventual saída da Novonor, mas não está parada. Uma das prioridades é acelerar um objetivo ousado traçado em 2022: aumentar em dez vezes o faturamento no setor agro em dez anos. A estratégia para isso envolve ampliar os investimentos em pesquisas para encontrar novas formas de usar o plástico na agricultura.

Neste ano, em que diminuições de safra preocupam o mercado, a empresa vê crescer a procura por seus produtos, por agricultores que buscam novas tecnologias para aumentar seus ganhos. Renato Yoshino Lima, diretor comercial de Agro, Infra e Indústrias da Braskem para a América do Sul, explica a estratégia da empresa em agricultura.

Por que o mercado agro é prioridade para a Braskem?

Estamos trabalhando fortemente com tecnologia que entrega para o produtor ganho de produtividade ou melhora da qualidade. A equipe está bem animada, ao observar o público querendo aportar dinheiro em tecnologia, porque o ano está difícil para o produtor. O produtor está no pior dos dois mundos, com quebra de produção e queda de preço, e precisa buscar a tecnologia para conseguir ganhar alguma coisa. A nossa meta se mantém: aumentar em dez vezes a plasticultura em dez anos, de 2022 a 2032. Está cada vez mais perto.

Quais produtos têm chamado mais a atenção dos clientes atualmente?

O silo-bolsa, por causa da quebra da safra, está com demanda enfraquecida. Por outro lado, neste ano estamos trabalhando fortemente a irrigação de grãos, como soja e milho, com nossa tecnologia para gotejamento. Outra novidade interessante é o filme para banana. Ele substitui o uso de produtos químicos para evitar que o tripes [uma praga] atinja a banana e produza aquelas manchas pretas. É um plástico que tem um espectro do ultravioleta que faz com que a mosca do tripes se perca e não chegue à banana. É uma solução reutilizável e está tendo uma ótima procura. A terceira solução é a geração de energia solar sobre lâmina d’água. Temos uma solução com um flutuador e, em cima dele, é colocada uma placa fotovoltaica para gerar energia solar.

A empresa tem aumentado nvestimentos em pesquisas de novas tecnologias? 

Lançamos, em 2022, um centro de engenharia em plasticultura, da Braskem com a Fapesp [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo]. Aportamos, os dois juntos, 1,6 milhão de reais por mês, durante dez anos, para desenvolver tecnologias com o uso do plástico. Já temos 70 pesquisadores trabalhando. Temos parcerias com dez instituições renomadas, como a Unicamp. Um dos projetos mais avançados é a produção de tilápia. Pesquisas têm mostrado como reduzir a quantidade de algas, o que melhora a quantidade de produção de tilápia por espaço de água e a qualidade.

Como a estratégia da Braskem para o agro foi mudando nos últimos anos?

Tudo começou quando fomos estudar países onde a plasticultura estava muito mais desenvolvida do que no Brasil, como Espanha e Índia. Entendemos como a plasticultura depende da conexão de vários elos da cadeia. Tem o produtor de soja, o produtor de silo-bolsa e o produtor de resina. Nessas regiões, sempre havia alguém fazendo uma aproximação para acelerar o desenvolvimento. Decidimos assumir um pouco desse protagonismo. Se o avanço ocorreu em países onde o agro tem uma relevância bem menor na economia, imagine num país onde 20% do PIB vem do agronegócio e onde 37% dos empregos estão sendo gerados pelo agronegócio, como o Brasil.

Vocês têm soluções para lidar com as questões climáticas, como as variações bruscas de temperatura, secas e excessos de chuva?

A irrigação acaba sendo uma, porque o produtor consegue fazer a correção da necessidade de água, reduzindo o consumo. Você coloca a quantidade certa de água no lugar certo, na raiz. Há outras aplicações. Uma delas, feita em parceria com uma startup, usa água de piscicultura para irrigação de hortifruti. O flutuador também é uma solução nessa direção porque, ao cobrir uma lâmina de água com placas de energia solar, reduz a evaporação de água. O plástico também contribui nas questões climáticas, e temos dois tipos de alternativas mais sustentáveis: resina reciclável e resinas de fonte renovável, que não vêm do petróleo, mas da cana-de-açúcar. O segredo aqui não é só utilizar resina reciclável, mas que tenha as mesmas propriedades da resina virgem. Associar renovável e reciclagem é a solução mais completa que você pode ter para o plástico no agro.


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