Cannabis: venda do canabidiol deve crescer mais no Brasil por causa de outra decisão da Anvisa, do ano passado, liberando farmacêuticas do Brasil a importar a substância em grandes volumes e a vender o produto por aqui (George Peters/Getty Images)
Victor Sena
Publicado em 13 de maio de 2021 às 05h45.
Última atualização em 4 de junho de 2021 às 16h39.
Em meio ao estigma, um mercado anda aquecido no Brasil: o de derivados medicinais de maconha, como o canabidiol, indicado para pacientes de doenças como ansiedade e dores crônicas, e sem propriedades psicotrópicas. Não é em farmácias, porém, que os pacientes vão achar os produtos, e sim em lojas virtuais abertas fora do Brasil e dedicadas a despachar os produtos para cá.
A importação de canabidiol está autorizada pela Anvisa, a agência de vigilância sanitária brasileira, desde 2015, mas o negócio só pegou no ano passado, com uma regra da Anvisa para simplificar a burocracia aduaneira.
Hoje, boa parte da papelada de importação pode ser preenchida online. O resultado: uma onda de importações de canabidiol. No ano passado, quase 16.000 brasileiros tiveram o aval da Anvisa para trazer a substância para cá — quase o dobro de 2019.
Com o mercado brasileiro aquecido, sites estrangeiros com um pé em países com regras mais flexíveis para o plantio de maconha, como Canadá, Estados Unidos e Uruguai, passaram a ofertar descontos exclusivos para clientes do Brasil. “Mais de 100 marcas já exportaram o derivado medicinal da maconha para cá”, diz Viviane Sedola, fundadora da Dr. Cannabis, um marketplace de lojas virtuais de canabidiol.
Tudo isso derrubou os preços. Segundo um levantamento da Dr. Cannabis, em um desses sites, nos últimos 12 meses o preço da dose de 3.000 miligramas de canabidiol, a dosagem com mais saída por ali, caiu pela metade — hoje, custa em média 589 reais.
A venda do canabidiol deve crescer mais no Brasil por causa de outra decisão da Anvisa, do ano passado, liberando farmacêuticas do Brasil a importar a substância em grandes volumes e a vender o produto por aqui. Até agora, só a paranaense Prati-Donaduzzi e a americana Nunature tiveram o ok para vender o produto. Na fila de espera da agência estão outras dez farmacêuticas, entre elas Belcher, Verdemed e Nunesfarma.