Porto da cidade de Shenzhen, na China (Daniel Berehulak/Getty Images)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 24 de abril de 2025 às 06h00.
A impressionante ascensão chinesa nos últimos 50 anos, que levou o país ao posto de segunda maior economia global, foi puxada pelas exportações. A China virou uma fábrica global, capaz de produzir de tudo a preços baixos.
No entanto, esse modelo entrou em risco porque os Estados Unidos decidiram aumentar taxas de importação, e Pequim retaliou de modo firme.
Isso fez com que o governo chinês apostasse, mais uma vez, em aumentar o consumo interno para manter a economia crescendo acima de 5% ao ano.
Em março, o governo divulgou um novo plano, com medidas para estimular aumento de salários, acesso a crédito e direito a folgas. Haverá investimento de 41 bilhões de dólares para a troca de equipamentos industriais e aparelhos domésticos. Em um dos programas, os chineses ganham vouchers para comprar geladeiras e fogões.
“O mercado estava esperando que o governo desse estímulos de larga escala, como uma bazuca, mas as ações têm sido feitas de modo direcionado e por áreas”, diz Paul Dmitriev, gestor de portfólio da corretora Global X, em Nova York.
A China vive, ainda, uma retração no mercado imobiliário. A partir de 2020, o governo buscou desinflar o setor, pois havia risco de bolha. “Houve uma migração de crédito do setor imobiliário para a manufatura, o que gerou aumento da produção industrial e das exportações em 2024”, afirma Claudia Trevisan, diretora do Conselho Empresarial Brasil-China. Apesar das intenções, equilibrar o peso da indústria na economia continua sendo o grande desafio chinês.