Cristiano Cardoso Teixeira , CEO da Klabin. (Leandro Fonseca/Exame)
Rodrigo Caetano
Publicado em 24 de junho de 2022 às 06h00.
As ações de ESG da fabricante de papel e celulose Klabin têm colocado seus executivos em lugar de destaque nessa agenda. Um exemplo disso foi na COP26, em novembro, quando Cristiano Teixeira foi o único CEO brasileiro no grupo de Business Leaders, liderado pelo presidente da COP, Alok Sharma.
A participação é resultado de uma série de ações, como a redução das emissões de escopos 1 e 2 de 185 kg CO2eq/t para 165 kg CO2eq/t, mesmo com incremento de 2% na produção entre 2019 e 2020. Além disso, de 2003 a 2020 a companhia reduziu 45% do consumo de água e mais de 64% das emissões diretas nas operações. Ainda nessa seara, a redução esperada nas emissões é de 25% até 2025 e de 49% até 2035, tendo 2019 como ano-base e sendo as metas aprovadas pela Science Based Targets initiative.
Para Teixeira, ainda que o movimento feito pelas empresas na COP seja positivo, falta ambição. “As empresas estão no papel de acabar com a produção por extração que acontece desde o início da Revolução Industrial. São mais de 200 anos de extrativismo”, afirma Teixeira.
Para envolver os fornecedores, desde 2019 a Klabin utiliza a metodologia EcoVadis de avaliação, que considera questões agrupadas em quatro temas: meio ambiente, práticas trabalhistas e direitos humanos, ética e compras sustentáveis. Desde o início da utilização da metodologia, a Klabin já avaliou cerca de 260 dos 7.000 fornecedores. “A Klabin é altamente comprometida com as ações ESG e entende a importância de movimentar a cadeia e os fornecedores. Começamos por aqueles considerados críticos e com maior gasto, mas vamos seguir com todos”, diz Francisco Razzolini, diretor de tecnologia industrial, inovação, sustentabilidade e projetos da Klabin.
Na frente social, a Klabin trabalha desde a formação e geração de renda para pequenos e médios produtores vizinhos até iniciativas internas de diversidade e inclusão, por exemplo ao melhorar a presença de mulheres na liderança de 13% para 22% entre 2020 e 2022, com o objetivo de chegar a 30% até 2030.
Em relação à governança, para otimizar ainda mais a atuação do conselho, foram criados três comitês de assessoramento: de auditoria e partes relacionadas, de sustentabilidade e de pessoas. “Os grupos fornecem mais insumos para tornar as decisões mais ágeis e assertivas, considerando também a importância dos membros independentes”, diz Razzolini.
Para Teixeira, o CEO, além de todo o trabalho feito dentro de casa, é preciso atuar para alertar e engajar o maior número de pessoas nessa causa, pois o tema é urgente e merece atenção. “Vimos recentemente o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas dando um alerta máximo sobre nossa realidade. É o momento de agir e pensar globalmente”, afirma.
Em outubro, a fabricante de papel e celulose Suzano anunciou a antecipação do compromisso de remover 40 milhões de toneladas de carbono da atmosfera, de 2030 para 2025, por meio de plantios comerciais ou espaços de conservação e recuperação de áreas degradadas. O anúncio é um exemplo de como a companhia tem avançado nas práticas ESG ao focar, por exemplo, as mudanças climáticas e a biodiversidade. “São temas urgentes, críticos para a sociedade e os negócios, e que fazem parte da agenda de toda a companhia, incluindo o CEO”, diz Cristiano Resende de Oliveira, gerente executivo de sustentabilidade da Suzano. Segundo ele, o tema é acompanhado por meio de um comitê de sustentabilidade que assessora a liderança.
Além disso, é necessário o envolvimento de toda a cadeia. “Fizemos rodas de discussão e aplicação de metodologia para o engajamento dos 100 fornecedores mais relacionados ao ESG. No ano passado abordamos o clima e neste ano focamos a água.” Em 2021, a captação total de água pela Suzano contabilizou uma nova unidade em operação e um aumento de 6,9% no volume de produção vendável, mas, com a evolução na governança do uso da água e a implantação dos projetos nas unidades industriais de Imperatriz, no Maranhão, e Aracruz, no Espírito Santo, houve uma redução acumulada de 11,7%.
A Suzano quer ainda tirar 200.000 pessoas da pobreza até 2030. Para isso, são feitas capacitações com trabalhadores em regiões próximas às operações e um acompanhamento para que as pessoas não voltem a passar por necessidades. “Em comunidades rurais, incentivamos a agricultura familiar e regenerativa”, diz Oliveira. Até o momento, 9.007 pessoas deixaram a pobreza extrema.
Depois de passar, em 2020, para o Novo Mercado da B3, com empresas de alto nível de governança corporativa, a Irani Papel e Embalagem divulgou seis compromissos ESG para 2030. Quatro deles visam garantir a sustentabilidade e a economia circular em sua cadeia produtiva. Um exemplo é a meta de ter 100% de energia renovável em todos os negócios até 2025. Como parte da estratégia, a companhia arrecadou mais de 1,7 milhão de reais com a venda de créditos de carbono e realizou investimentos superiores a 10 milhões de reais em processos de gestão ambiental. “O cuidado com o recurso e o meio ambiente sempre foi presente nos 80 anos de empresa, algo que ficou ainda mais forte após a entrada no Novo Mercado da B3”, diz Fabiano Alves de Oliveira, diretor de pessoas, estratégia e gestão na Irani Papel e Embalagem.
Com isso, foram observados resultados como 42% do território destinado para conservação da natureza e aumento para 9,45% de resíduos enviados ao aterro devido à qualidade e à quantidade de impurezas presentes nas aparas de papel. Na frente social, a pandemia de covid-19 reforçou o apoio às comunidades do entorno, e 40.000 horas de trabalho voluntário foram oferecidas pelos funcionários, além de mais de 2,5 milhões de reais direcionados para projetos nas áreas de cultura, educação ambiental e esporte. Internamente, a Irani investe em medidas que vão desde treinamentos de segurança até programas de diversidade, com o objetivo de ter 40% de mulheres no quadro geral e 50% na liderança até 2030. “Também nos tornamos signatários do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ e estamos cada vez mais trabalhando para um ambiente mais inclusivo para todos”, afirma Oliveira.