Regina Durante, diretora de gente e sustentabilidade da Lojas Renner: “O funcionário pode virar gerente numa loja, mas existem áreas de dados, de tecnologia, de gestão" (Renner/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 18 de outubro de 2024 às 06h00.
O time do departamento humano da varejista Lojas Renner toma decisões que impactam a vida de 25.000 funcionários. Não é uma tarefa fácil. Os negócios da Renner vão das lojas em si a operações logísticas e a uma instituição financeira. Num ecossistema de receita anual de quase 14 bilhões de reais, o jeito foi adotar no RH um lema emblemático da rede: assim como todos os estilos, a Renner tem, também, “todos os empregos”. Não à toa, a cada dez vagas abertas por ali, oito são ocupadas por talentos da casa. “Estamos num ecossistema de muitas possibilidades”, diz Regina Durante, diretora de gente e sustentabilidade da companhia. “O funcionário pode virar gerente numa loja, mas existem áreas de dados, de tecnologia, de gestão. Há mobilidade dentro das próprias empresas do grupo. Pode ir para a China, temos escritórios na Ásia. Temos operação na Argentina e no Uruguai.”
O leque de possibilidades resolve uma dor das empresas de varejo: a rotatividade. Nesse setor, muitas vezes as vagas são consideradas uma entrada para o mercado de trabalho, como atendente de loja. Muitas vezes, o empregado precisa trabalhar nos fins de semana, um problema para muita gente. Na Renner, o turnover voluntário (quando o funcionário pede demissão) gira na casa dos dois dígitos. Pode parecer alto, mas é um dos menores do setor. A receita foi escutar melhor as pessoas nas entrevistas. “Não caímos mais naquela tentação de contratar a primeira pessoa que ouvimos”, diz Durante. “Agora, entendemos se é alguém que gosta do varejo, ouvimos sua história para ver se a pessoa se encaixa de fato na vaga.”
Aperfeiçoar o funcionário também está na prioridade da companhia. Com a Universidade Renner, os empregados têm acesso a mais de 300 trilhas de conteúdo para desenvolvimento interno. Entre os projetos nessa área, também há um programa que torna funcionários microinfluenciadores que divulgam a marca. Os líderes também passam por treinamentos constantes. Potenciais lideranças são mapeadas. “Fazemos isso para não ficarmos o tempo inteiro reféns do mercado para posições estratégicas”, diz a executiva. Aliás, formar novos líderes é uma das metas das próprias lideranças dentro da companhia. Os desafios não param na retenção. O time de comunicação interna, por exemplo, precisa encontrar uma narrativa que possa chegar a milhares de pessoas. A estratégia é falar simples e fazer pesquisas de pulso que ajudem a entender se a comunicação está sendo efetiva. Esses levantamentos ajudam também a pescar o clima da empresa e os pontos altos, na visão dos funcionários. Benefícios costumam aparecer. São os recursos que a empresa encontrou para encantar os funcionários, que, por sua vez, também devem encantar os clientes.