Brian Cox: desfecho surpreendente antes do fim. (Succession/HBO//Divulgação)
Publicado em 20 de abril de 2023 às 06h00.
Última atualização em 9 de novembro de 2023 às 10h31.
A quarta e última temporada de Succession, uma produção original HBO, disponível no canal e na HBO Max, já caminha para seus últimos episódios. Não é mais spoiler dizer que o patriarca Logan Roy morreu antes do desfecho final, em um dos episódios mais marcantes da história do streaming. Por trás do papel do magnata da mídia está Brian Cox, que pode receber sua primeira estatueta do Emmy pelo personagem. Em entrevista à EXAME Casual, o ator escocês contou algumas curiosidades sobre seu trabalho na série, a relação de amor e ódio entre seus prováveis sucessores e cenas memoráveis das últimas três temporadas.
Quem você escolheria entre os filhos para ser CEO?
Nenhum deles. É sério, nenhum deles vale a pena, nenhum deles sabe se virar sozinho. Logan foi um cara construído, que conquistou seu império — claro que é tudo uma sátira, bem à moda do Trump, por exemplo —, mas os filhos não são assim. Eles já herdaram tudo, têm uma ambição sem sentido, sem necessidade. Sendo bem honesto, eu não vejo nenhuma das crianças como uma escolha, porque elas não têm uma direção, acabariam com a empresa, diminuiriam todo esse sucesso.
Os espectadores sentem claramente quando Logan não está satisfeito com algo. Como você consegue passar essa impressão?
Honestamente? Sendo um bom ator. Mas, brincadeiras à parte, eu faço isso porque é meu trabalho, e o dever de todo ator é criar o efeito máximo com o mínimo de esforço, e eu invisto muito nisso. Acho que o maior exemplo é o fim da segunda temporada, quando o Kendall trai o Logan e ele está assistindo ao depoimento na TV. E aí ele dá aquele sorrisinho, que eu fiz, e você fica na dúvida se eu estava orgulhoso dele ou só admirado com sua audácia.
Qual momento da série foi o mais especial para você até a quarta temporada?
É bem difícil escolher um só. Mas o final da terceira temporada, quando os filhos começam a falar sobre amor, é um dos que eu mais gosto. Logan percebe — na verdade, todos percebem — que em tudo ali a única coisa que não aconteceu foi amor. E ele sabe disso. Logan adoraria um pouco de amor dos filhos, do jeito dele, mas ele não teve isso em momento nenhum. Eu amo aquele momento em que ele se perde quando Roman o questiona. É como colocar o questionamento do público na boca do personagem: “Quando veremos o amor?”. Eu acho que essa é a grande história do Logan, essa necessidade por amor que foi negligenciada, porque é difícil saber se as relações que ele teve — filhos, esposas etc. — aconteceram de fato por amor. Esse para mim foi um grande momento, essa consciência caiu sobre mim, essa questão sobre o amor.
Você ficou ainda mais famoso, em uma série muito premiada e reconhecida. O que o Logan Roy representa para você?
Bem, é ótimo. Quero dizer, não estou criticando. Estou neste jogo há muito tempo e é bom receber alguns elogios por fazer o que faço, então sem críticas. Estou muito agradecido, tem sido o papel de toda uma vida e carreira. Quero dizer, tive outros papéis dos quais gostei tanto, mas certamente não houve nada que tenha me trazido tanto aos olhos do público. As pessoas me param na rua e me pedem para mandá-las à merda, é incrível. Eu nunca pensei que essa seria minha frase de efeito e, na verdade, eu estou amando tudo isso. De fato, é o papel da minha vida. E eu fico honestamente muito agradecido por isso ter chegado para mim agora, nesta idade.
Um álbum vintage
Parece que foi há muito tempo, mas no início do Instagram era possível publicar apenas fotografias, como nos analógicos álbuns. No dia 20 de março de 2018, Patti Smith postou sua primeira foto na rede social, a imagem de sua mão e uma legenda: “Olá, todo mundo”. Cinco anos mais tarde, com mais de 1,1 milhão de seguidores e 1.800 publicações, a cantora e escritora lança um livro a partir de suas postagens, com uma página para cada dia do ano. Um Livro dos Dias apresenta reflexões que partem de imagens como uma xícara de café, o túmulo de Albert Camus e a cama de Virginia Woolf.
Um livro dos dias, Patti Smith | Companhia das Letras | 104,90 reais
Meio brasileira, meio americana
Ao desembarcar no Porto de Santos em 1951, Elizabeth Bishop esperava passar poucas semanas no país. Ao conhecer a arquiteta carioca Lota de Macedo Soares, resolveu se fixar no Brasil, onde produziu parte de sua obra. Com pouco mais de 100 poemas publicados ao longo da vida, a escritora americana conquistou um Pulitzer de poesia e o National Book Award. Agora ela ganha uma biografia pela Companhia das Letras.
Elizabeth Bishop: uma biografia, Thomas Travisano | Companhia das Letras | 129,90 reais | Lançamento: 10 de maio
Mostra sobre os trabalhos de Paul Gauguin é apresentada no Masp |
Júlia Storch
Entre as obras escolhidas está o quadro Autorretrato (Perto do Gólgota), em que o artista, que viveu parte de sua infância no Peru, incorpora elementos da cultura local em seus trabalhos. “Na pintura Gauguin sintetiza e faz transcender o próprio tema do ‘outro e eu’, ao retratar-se com características semelhantes à figura de Jesus, com cabelos longos e túnica, e localizado próximo ao calvário, como enunciado no título da obra”, diz o cocurador Fernando Oliva. “Soma-se a esses elementos o seu ‘perfil inca’, sempre demarcado em seus autorretratos, acentuando os traços retos de seu nariz, identidade reivindicada por ele, que não se identificava como um típico artista parisiense.”
MASP | Paul Gauguin: o outro e eu | De 28 de abril a 6 de agosto de 2023 | Avenida Paulista, 1.578, São Paulo