Revista Exame

Na Renner, fornecedores ajudam a reduzir impactos negativos do negócio

Ao desenvolver tecnologias de reaproveitamento de materiais e intensificar a auditoria nos fornecedores, a Lojas Renner melhora sua sustentabilidade

José Galló, presidente da Lojas Renner: metas para reduzir o impacto ambiental até 2021 | Marcelo Curia /

José Galló, presidente da Lojas Renner: metas para reduzir o impacto ambiental até 2021 | Marcelo Curia /

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2018 às 05h00.

Última atualização em 23 de novembro de 2018 às 13h24.

A varejista de moda Lojas Renner estabeleceu alguns compromissos até 2021. Entre eles ter 80% dos produtos feitos com matérias-primas e processos com menos impacto ambiental, usar algodão certificado em 100% de sua cadeia de fornecimento, ter 75% do consumo corporativo de energia oriundo de fontes renováveis, reduzir 20% de suas emissões absolutas de gás carbônico e, por fim, ter 100% dos fornecedores certificados por entidades internacionais. “Perseguimos quatro pilares: o desenvolvimento de fornecedores responsáveis, uma gestão eficiente, o engajamento de nossos stakeholders e a entrega de produtos e serviços sustentáveis”, afirma José Galló, diretor-presidente da Lojas Renner.

Um importante passo nesse sentido foi dado no ano passado com o projeto Re Jeans. Baseado no conceito de economia circular, o projeto redesenhou processos produtivos de modo a usar menos recursos e reutilizar mais materiais. Galló conta que a companhia percebeu que, depois de cortar o jeans, sempre havia uma sobra de 20% de tecido. Em parceria com a Universidade de São Paulo foi feito um trabalho para reduzir essas sobras. Resultado: o desperdício diminuiu para 12%. Ainda assim era muito tecido. As sobras têxteis de jeans passaram então a ser desfibradas para dar origem a um novo tecido, que retorna como matéria-prima à rede de fornecedores da varejista. A coleção Re Jeans começou somente com peças femininas e agora já tem uma coleção masculina e outra infantil. Os produtos podem ser adquiridos em 85 de suas 538 lojas da bandeira Renner no Brasil e no Uruguai e também pela internet.

A coleção Re Jeans soma-se a várias outras iniciativas. Em 2017, foram confeccionadas para a rede varejista cerca de 3  milhões de peças femininas, masculinas e infantis com matérias-primas de menor impacto, como o fio reciclado produzido com material têxtil, como jeans ou plástico (PET). Há também o liocel, uma fibra de origem renovável extraída da madeira, além do algodão certificado. Para 2018, a previsão é que a quantidade de peças confeccionadas com esses materiais alcance um volume de 10 milhões de unidades.

Para garantir que sua cadeia têxtil seja socialmente responsável, a companhia faz auditorias periódicas em seus 290 fornecedores nacionais e 195 fornecedores internacionais diretos, e nos cerca de 1  000 contratados indiretamente espalhados pelo Brasil. “Temos nosso processo de auditoria e também contamos com o apoio das auditorias feitas pela Associação Brasileira do Varejo Têxtil, da qual fazemos parte”, afirma Galló.


O DESAFIO É CRESCER SEM DEIXAR O CONSUMIDOR INSATISFEITO

À medida que expande o negócio de marketplace, em que vende produtos de lojas parceiras em sua plataforma online, a B2W investe para manter a entrega sob controle e não prejudicar a relação com o cliente final | Lia Vasconcelos

Controlada pela Lojas Americanas, a B2W é uma companhia à parte que funciona numa plataforma digital de varejo, num modelo híbrido entre a venda de produtos próprios e a operação de marketplace (venda de produto de lojas parceiras). A B2W, com os sites Americanas.com, Submarino e Shoptime, oferece serviços de tecnologia, logística, distribuição, atendimento ao cliente e pagamentos. Única companhia de e-commerce a estar no Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3, a companhia conquistou um lugar na carteira pelo quarto ano consecutivo em 2017.

Um dos principais desafios da nova fase de expansão da companhia — baseada no aumento da quantidade de contratos de seu marketplace — tem sido manter um serviço eficiente de logística. As vendas totais da companhia cresceram 25% no segundo trimestre deste ano. Boa parte desse incremento pode ser atribuída ao marketplace, cujas vendas aumentaram 85,3% no trimestre. A plataforma deve superar 50% das vendas até o fim do ano. De acordo com o Procon, a B2W está em 11o lugar no ranking de atendimentos no acumulado de 2018, com 3 666 reclamações, das quais 82,55% foram atendidas. Os problemas mais frequentes são a não entrega do produto ou a demora para enviá-lo. É uma posição um pouco melhor do que a registrada em 2017, quando a B2W ficou na décima posição entre as piores. 

Para melhorar a situação, a empresa criou uma alternativa de entrega centralizada para os parceiros de marketplace. O serviço gratuito chama B2W Entrega. Lançado em março de 2017, já atingiu participação de 73,4% do total dos parceiros conectados ao marketplace. “A plataforma conectou cerca de 3 300 novos parceiros no segundo trimestre deste ano, saindo de uma base de 12 100, em março, para mais de 15 400, em junho”, diz Fábio Abrate, diretor financeiro e de relações com investidores da B2W Digital.

Em 2017, a B2W Digital aprimorou sua forma de relatar informações financeiras e não financeiras. Pela primeira vez, incorporou os princípios do relato integrado em seu relatório anual e de sustentabilidade, apresentando a evolução de sua gestão e desempenho de acordo com as orientações da Global Reporting Initiative (GRI). Desde 2010, a companhia busca reduzir e minimizar os impactos ambientais gerados por sua operação com base na quantificação de suas emissões de gases do efeito estufa, por meio do método aplicado pelo programa brasileiro GHG Protocol. Em 2017, houve redução de 41% no total das emissões absolutas da B2W Digital, na comparação com o registrado no ano anterior.


MUITO TRABALHO PARA ATINGIR A EQUIDADE DE GÊNERO

Num setor tradicionalmente dominado por homens, a distribuidora de gás liquefeito Copagaz planeja ampliar a presença de mulheres em todos os níveis — inclusive em cargos de liderança | Lia Vasconcelos

Em seu relatório anual de 2017, a Copagaz admite estar inserida num setor no qual tradicionalmente predomina a mão de obra masculina. Entre as razões estão a alta periculosidade e o grande esforço físico relacionados à atividade. Um botijão doméstico de 13 quilos cheio de gás pesa em torno de 27 quilos. Nos escritórios, são 700 colaboradores, compostos, em média, de 60% homens e 40% mulheres. Em 2017, dos 178 cargos de chefia, 148 eram exercidos por homens e 30 por mulheres.

Apesar de a Copagaz ser uma das poucas empresas do setor de distribuição de gás com uma mulher no comando de uma unidade de engarrafamento e distribuição, Elizete Neto Tavares Paes, presidente do comitê de sustentabilidade, reconhece que ainda há muito trabalho para equilibrar esse cenário. “A natureza de nossas operações não favorece a contratação de mão de obra feminina e a igualdade de gênero avança muito lentamente em todo o setor”, diz.

É uma realidade que, segundo ela, tende a mudar com a automação das unidades de engarrafamento. Um exemplo é a unidade de operações comerciais da Copagaz, em Ibirité, no interior de Minas Gerais, criada em 2015 já com um olhar voltado para a sustentabilidade e com tecnologia que permite uma melhor automação. Lá, uma mulher está encarregada da colocação do lacre nos botijões na linha de enchimento.

Associada ao Instituto Ethos desde 2001, a Copagaz também é signatária do Pacto Global das Nações Unidas e, em 2016, assinou um compromisso com a ONU Mulheres. Cerca de 15% do total de suas 2.400 revendas são controladas e administradas por mulheres. “Assinar um compromisso com a ONU Mulheres significa poder participar de uma rede global de compartilhamento de boas práticas para a igualdade de gênero e também tornar público nosso compromisso com o Pacto Global na divulgação dos Princípios do Empoderamento das Mulheres”, afirma a diretora Elizete. O projeto de uma política formal de diversidade e inclusão está previsto para o ano que vem. O primeiro passo será mapear a diversidade existente na matriz, em São Paulo, e nas unidades de negócio espalhadas pelo país.- O esforço tem um alcance potencialmente grande. Fundada em 1955, a Copagaz é engarrafadora e distribuidora de gás liquefeito de petróleo (GLP). Com uma venda de 600 000 toneladas de GLP ao ano, é a quinta maior do setor no país. A empresa está presente em 18 estados e no Distrito Federal por meio de 14 engarrafadoras, 13 depósitos avançados e sua rede de revendedores.


COMO ALIAR MAIS LUCRO COM MENOS RESÍDUO NAS LOJAS

Diante de toneladas de papel e papelão jogadas no lixo todos os dias, a varejista de material de construção Leroy Merlin identificou uma oportunidade de negócio que não para de crescer | Lia Vasconcelos

No ano passado, durante a reforma da loja da Marginal Tietê da Leroy Merlin, em São Paulo, analistas da área de sustentabilidade da empresa perceberam que havia muito papelão e papel, vindo das embalagens dos produtos vendidos, que iam diretamente para o lixo. No total, a loja gerava 10 toneladas de papelão por mês. O grupo, então, teve a ideia de reaproveitar esse resíduo. Foi assim que nasceu o Papel Pintor, um projeto baseado no conceito de economia circular, segundo o qual os resíduos são insumos para a produção de novos produtos. “Reaproveitando o lixo, a Leroy Merlin deixou de importar papel da China. Criou um novo produto, vendido em suas lojas, o Papel Pintor, que gerou lucro e diminuiu o custo com a destinação de resíduos. Isso sem falar na qualificação de um fornecedor nacional e das árvores que estão sendo poupadas”, afirma Andressa Borba, gerente de aprendizagem e sustentabilidade da Leroy Merlin.

O projeto se insere no contexto da carta Visão 2020. O documento, elaborado pela companhia em 2016, consolidou as sugestões dos funcionários e traçou planos de ação e compromissos no que diz respeito aos produtos e serviços, à equipe de liderança, à sustentabilidade, ao cliente, entre outros temas. Para tirar o projeto do mundo das ideias, o comitê de sustentabilidade entrou em contato com indústrias de papel e conseguiu viabilizar a parceria com um fornecedor para aproveitar o lixo, que, reciclado, virou bobina de papel para pintura. Foi desenvolvido um papel pardo, com fita dupla face nas bordas, colocado no chão para evitar que a pintura estrague o assoalho. “Foram vendidas 200 unidades logo no primeiro mês, e isso nos chamou a atenção”, diz Andressa. Segundo ela, ao longo do segundo semestre, o produto chega a outras 11 lojas da cidade de São Paulo e, em 2019, chegará às 29 lojas nos demais 11 estados (além do Distrito Federal) em que a companhia está presente. Já foram vendidas cerca de 4.000 unidades do produto e, para isso, 2,8 toneladas de papelão foram utilizadas. Os 28.350 itens desse material que vieram da China demoraram 60 dias para chegar. O rolo importado da China custava 32 reais, e o papel produzido aqui custa 9 reais para o cliente final.

Com a produção local, a importação foi interrompida, o que gerou dois outros efeitos positivos: 4,73 toneladas de gás carbônico deixaram de ser emitidas na atmosfera e 358 árvores deixaram de ser cortadas. “Das 9 toneladas de resíduos produzidas, 100% é reaproveitado. É uma matéria-prima reciclável por sete ciclos”, afirma Andressa.


EXPANSÃO RECORDE, MAS DE ACORDO COM CRITÉRIOS VERDES

Com o projeto Arquitetura Sustentável, a Lojas Americanas diminuiu o impacto da inauguração de novas lojas, além de prever a reforma de toda a rede, que terá mais de 1 300 unidades até o fim deste ano | Lia Vasconcelos

O ano de 2017 foi um marco importante para a varejista Lojas Americanas. Seguindo seu plano de expansão “85 anos em 5 — Somos Mais Brasil”, cuja meta é inaugurar 800 novas lojas entre 2015 e 2019, no ano passado a companhia realizou uma quantidade recorde de inaugurações. Foram 195 unidades abertas, totalizando 1 306 lojas ao fim do ano, em 522 cidades em todo o país. Nessa intensa fase de crescimento, a Lojas Americanas estreou suas atividades em 85 novas cidades Brasil afora. Com o objetivo de diminuir o impacto ambiental de uma rede nesse ritmo de expansão acelerado, a empresa deu força ao projeto Arquitetura Sustentável. Criado em 2013, o projeto não apenas norteia as características de novas lojas como vem ganhando escala com a reforma gradual de todas as unidades já existentes. Eficiência energética, redução do consumo de água e diminuição dos custos operacionais por meio do uso de materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental fazem parte dos itens observados pela companhia. Dentro do conceito de “loja verde”, esses estabelecimentos possuem sistema de ar condicionado que não emite gases poluentes, geradores de energia de baixo consumo e lâmpadas LED, entre outras características. Além disso, aproximadamente 90% do material utilizado na comunicação visual das lojas é reciclável.

Carlos Padilha, diretor financeiro e de sustentabilidade da Lojas Americanas, explica que todos os projetos precisam, antes de sair do papel, ser aprovados pelo Comitê Companhia Verde, criado há uma década.  “A criação do comitê foi aprovada pelo conselho de administração devido à relevância de sua existência para o desenvolvimento estratégico da Lojas Americanas”, afirma o executivo. Com reuniões semanais, o conselho é formado por representantes de diferentes áreas. Nesse âmbito, são tratadas e aprovadas todas as questões referentes à sustentabilidade que serão implementadas na companhia.

O comitê analisa a pertinência de cada iniciativa socioambiental da empresa segundo as diretrizes dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Todas as nossas iniciativas estão alinhadas com pelo menos um objetivo, conforme a agenda 2030 estabelecida pela ONU em 2015”, afirma Padilha. Outro exemplo de iniciativa que segue a orientação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável é a Política de Compliance e Combate à Corrupção e o Código de Ética e Conduta. “O código fortalece nosso compromisso no combate à corrupção e na promoção da ética com todos os públicos de relacionamento da companhia”, diz o executivo.


ANTES DE AGIR, É PRECISO OUVIR OS PÚBLICOS DE RELACIONAMENTO

Para estabelecer suas prioridades, o Ultra consulta a comunidade para identificar necessidades e orientar os planos de ação, como no caso do apoio ao ensino de crianças com até 5 anos de idade | Lia Vasconcelos

A sustentabilidade do grupo Ultra, que completou 81 anos de existência em 2018, está baseada em cinco pilares: segurança, meio ambiente, pessoas, produtos e serviços e cadeia de valor. De acordo com Frederico Curado, presidente do Ultra, a companhia desenvolve uma série de projetos que reforçam a atuação com os diversos públicos com os quais se relaciona, como funcionários, clientes, fornecedores, revendedores e comunidade. Nas comunidades onde atua, a prioridade está em projetos que mesclam educação e cultura. A distribuidora de gás Ultragaz, por exemplo, realiza desde 2010 diagnósticos em parceria com um instituto de pesquisa especializado nas comunidades localizadas no entorno de suas unidades. Como resultado, a Ultragaz identifica os desejos e as necessidades da população, constrói planos de ação e desenvolve projetos socioambientais nessas regiões, tais como o Laboratório de Educação, o Projeto da Vocação e o Recriarte.

No Laboratório de Educação, a companhia promove a formação de coordenadores pedagógicos em conceitos e ferramentas úteis a professores que trabalhem o desenvolvimento e a aprendizagem da linguagem com crianças de até 5 anos de idade. Iniciado em 2017, já impactou 46 diretores, 46 coordenadores pedagógicos, 842 educadores e 14 298 alunos das escolas de educação infantil. Após a implementação de projetos socioambientais com base nas necessidades levantadas em pesquisas de diagnóstico feitas nas comunidades do entorno, a Ultragaz realiza, então, uma segunda pesquisa para avaliar os resultados dos projetos em cada município. Esse trabalho, também conduzido com o suporte de um instituto de pesquisa, busca apurar o grau de satisfação das comunidades em relação aos projetos socioambientais implantados ao longo dos anos. Com uma análise dos resultados de cada projeto, a Ultragaz consegue rever o plano de ação traçado para cada uma das comunidades-chave. “Os projetos têm como objetivo não apenas mitigar as carências observadas nas comunidades mas também valorizar as pessoas como agentes transformadores na construção de uma sociedade mais sustentável”, afirma Curado.

Em 2017, o grupo teve um crescimento de 13,1% de sua receita líquida. O grupo Ultra engloba os postos Ipiranga, a Ultragaz, a indústria química Oxiteno, a empresa de armazenagem de granéis líquidos Ultracargo e a rede de farmácias Extrafarma. Em comum, as empresas compartilham a Visão 2022, um olhar transversal com o objetivo de aproveitar as possibilidades de sinergia.

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