Operadores na Bovespa: hora de ser menos conservador e comprar ações, segundo especialistas (Germano Luders/Exame)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2016 às 13h33.
São Paulo — O ex-ministro Antonio Delfim Netto costuma dizer que o crescimento econômico é um estado de espírito. Só quando há alguma confiança no futuro do país as empresas investem e os consumidores compram. Hoje é essa confiança que está movendo os investidores no Brasil.
Estamos possivelmente no pior momento da pior recessão da história brasileira — o PIB teve retração de 5% em um ano e o desemprego bateu recorde —, mas a bolsa subiu 30% desde janeiro. O motivo é a expectativa de que a situação vai melhorar a partir do ano que vem. “É hora de ser menos conservador.
Temos uma oportunidade singular de investimento na bolsa”, diz Rudolf Gschliffner, superintendente executivo do segmento de clientes de alta renda do banco Santander. EXAME ouviu bancos e algumas das principais assessorias financeiras do país, e a recomendação é aumentar as aplicações em ações na Bovespa, mas de forma marginal.
A indicação para quem acha que é o momento de arriscar é ter quase 20% do patrimônio na bolsa — no ano passado, a média era de 10%. Os conservadores devem ter 4%.
“A bolsa pode valorizar mais, mas há riscos. Com os juros ainda altos, há ótimas alternativas na renda fixa que o investidor não deve deixar passar”, diz Geraldo Lamounier, sócio da assessoria financeira GPS, que tem 25 bilhões de reais sob gestão. A previsão é de queda dos juros, já que a inflação está caindo.
Assim, quem comprar títulos públicos agora garantirá retornos elevados por alguns anos. Os CDBs de bancos médios pagam até 20% ao ano. Os títulos públicos atrelados à inflação que vencem em 2024 pagam 6% ao ano mais a variação do IPCA — o que significa que quem aplicar 100 000 reais hoje num papel desses terá 160 000 reais daqui a oito anos, já descontada a inflação do período.
Além disso, se tudo der errado, e a economia não parar de piorar e a inflação voltar a subir, a renda fixa — especialmente os papéis atrelados à inflação — é uma opção melhor do que a bolsa. Por isso, os especialistas recomendam investir de 56% a 77% do patrimônio nesse mercado (veja quadro).
Investir no exterior — a modinha do ano passado — deixou de ser uma alternativa tão interessante. Na opinião da maioria dos analistas, as ações dos países desenvolvidos estão caras. Há dúvidas especialmente sobre a bolsa americana, que está perto de seu pico histórico (veja mais na pág. 96).
Além disso, a chance de ganhar com a alta do dólar, como aconteceu em 2015, é pequena: pelo menos por enquanto, os economistas acreditam que o câmbio continuará praticamente estável até dezembro.
Investir lá fora vale a pena para quem acha que deve diversificar e ter dinheiro fora do país. Nesse caso, o melhor é buscar bons gestores de fundos de ações, capazes de encontrar opções ainda baratas nas bolsas.