Revista Exame

A volta do turismo na era pós-covid

O excesso de conectividade nestes tempos de pandemia pede momentos de contato com a natureza

Ser ao invés de ter: gastos com experiências cresceram 5,4% em 2019; acima dos 2,5% gastos com bens de luxo  (Divulgação/Divulgação)

Ser ao invés de ter: gastos com experiências cresceram 5,4% em 2019; acima dos 2,5% gastos com bens de luxo (Divulgação/Divulgação)

DS

Daniel Salles

Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 08h00.

Se há um setor que espera ansiosamente pela vacinação em massa, único remédio possível para sua retomada a contento, é o do turismo. É verdade que inúmeros hotéis do país, incluídos entre os serviços essenciais, se mantiveram abertos desde que a pandemia desembarcou no Brasil.

A vida está mais complexa, a rotina mais intensa, mas a EXAME Academy pode ajudar a manter a mente em foco

Mas de que adiantou se os bares e restaurantes ao redor só puderam funcionar, quando puderam, com indigestos protocolos para frear a disseminação do surto viral? Para não falar da falta de voos, para os quais muita gente ainda torce o nariz, no veto à visitação de diversos cartões-postais e no desânimo que tomou conta de vários destinos de lazer. 

Mas é um contexto que torna as opções de hospedagens afastadas do burburinho dos centros turísticos, sobretudo aquelas erguidas em grandes propriedades, com quartos que favorecem a salutar distância entre os hóspedes, bem mais convidativas. Ressuscitou-se até um velho termo — turismo de isolamento — para descrever o tipo de viagem que tem ganhado força do início da quarentena até aqui. É aquela cujo objetivo é se embrenhar na natureza e se manter em contato com desconhecidos o menos possível.

Daí o estrondoso sucesso do projeto Altar, tirado do papel pelo publicitário Rodrigo Martins, o empresário Facundo Guerra, à frente do Bar dos Arcos e do Cine Joia, entre outros empreendimentos do tipo, e mais dois sócios. Trata-se de um conjunto de casas isoladas e autossuficientes espalhadas dentro e ao redor da represa de Joanópolis, a 120 quilômetros da capital paulista.

A primeira, flutuante, foi inaugurada no começo de 2020. A segunda, a poucos metros da represa, está disponível desde o final do ano — com diárias em torno de 1.150 reais, ambas podem ser alugadas por meio do Airbnb; a estadia mínima é de dois dias.

Com capacidade para três hóspedes, foram construídas com madeira de reflorestamento e dispõem de sistema de energia solar e de tratamento de resíduos. Resumem-se a quarto, banheiro, varanda e sala e cozinha integradas — ligeiramente maior que a primeira, a segunda casa, com 92 metros de área total, ganhou uma curadoria de móveis da Westwing e dá acesso a uma prainha exclusiva. Passeios de cavalo e caiaque são duas das atividades de lazer, algumas pagas à parte. Para quando bater saudade da civilização há projetor para filmes, Wi-Fi e sistema de som.

“É um negócio altamente lucrativo”, diz Guerra, ao comentar a alta procura até agora. “Coincidiu com um momento muito infeliz para a humanidade, mas que se mostrou vantajoso para o projeto. As pessoas estão desesperadas para sair de suas casas e entrar em contato com a natureza.” Para março ele prevê a inauguração da terceira unidade do Altar. Cada uma custa 500.000 reais e a meta é chegar a 50 em dois anos. 

Morada dos Canyons (SC): 650 metros de altitude (Divulgação/Divulgação)

(Arte/Exame)

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