Revista Exame

Inclusão financeira pela via da educação e do microcrédito

Um programa do Santander ajudou a estimular dezenas de milhares de empreendedores, principalmente mulheres, em 1.500 municípios, nos últimos 16 anos

Sérgio Rial, presidente do Santander: o banco quer ter a maior operação de microfinanças do país   (Leandro Fonseca/Exame)

Sérgio Rial, presidente do Santander: o banco quer ter a maior operação de microfinanças do país (Leandro Fonseca/Exame)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2019 às 05h12.

Última atualização em 7 de novembro de 2019 às 10h06.

Conhecer os impactos econômicos, sociais e ambientais da atividade financeira e adotar iniciativas de “transformação contínua” em seus projetos são traços que fizeram do Santander um dos líderes mundiais no financiamento de projetos sustentáveis.

O prêmio mais recente, do Dow Jones Sustainability Index (DJSI), referência internacional em sustentabilidade corporativa, reconheceu a instituição financeira como a mais sustentável do mundo. Um dos temas avaliados toca particularmente o Brasil: a inclusão, contemplada pelo banco em programas voltados para a educação financeira e para o empreendedorismo.

O Santander Prospera Finanças, de acordo com o banco, ajudou a impulsionar os negócios de mais de 800.000 empreendedores em 1.500 municípios, uma soma de 6,7 bilhões de reais em crédito em 16 anos. “Para cada empréstimo são gerados dois ou três empregos diretos ou indiretos, sendo que 70% dos tomadores de crédito são mulheres. Um dos pontos altos é o uso da tecnologia, que reduziu o prazo de liberação do empréstimo de 15 dias para 2 horas”, diz Sérgio Rial, presidente do Santander Brasil.

Os programas de educação financeira atingiram em 2018 mais de 360.000 pessoas e 270.000 microempreendedores na América Latina.

No Brasil, uma das iniciativas foi a abertura aos sábados, nos meses de maio e junho, de 29 agências do banco, em 25 municípios, para que funcionários voluntários tirassem dúvidas da população em geral sobre investimentos. “Empreender em nosso país é difícil, e não é só por uma questão de falta de capital. Sem ele não se faz nada, mas é necessário viabilizar o entendimento e o conteúdo da educação financeira”, afirma Rial. “Queremos ser a maior operação de microfinanças do país. Tratamos o Prospera como um negócio, não há uma pegada assistencialista, é um negócio de milhões de empreendedores.”

Para além da educação financeira e do microcrédito, o Santander é ativo em financiamentos socioambientais: foram 3,3 bilhões de reais em créditos desse tipo concedidos a pessoas e empresas só em 2018. E outros 263 milhões de reais em financiamentos neste ano, até agosto, -para projetos de agricultura de baixo carbono. Em infraestrutura e energias renováveis, cujo investimento já ultrapassa 150 bilhões de reais, o banco aposta nas fontes eólica e solar. “Desde 2005, já somamos mais de 300 projetos nessa área”, afirma Rial. Para o futuro próximo, uma das apostas é a área de saneamento. “Devemos nos tornar uma liderança importante nessa área assim que o projeto do marco regulatório for finalizado.”


A SUSTENTABILIDADE ENTROU NO PROCESSO DE DECISÃO DE CRÉDITO

O plano do banco, ligado aos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, já permitiu destinar investimentos de 193 bilhões de reais aos setores da economia verde | Deborah Oliveira

Banco do Brasil considera o conceito de responsabilidade socioambiental “transversal” à sua gestão de negócios. Ou seja, atravessa todas as decisões da empresa. Isso vem desde 2017, com o lançamento do Plano de Sustentabilidade — Agenda 30, alinhado à Agenda 2030 Global e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

Neste ano, o plano ganhou uma atualização: o Agenda 30 BB 2019-2021 reúne agora 50 ações e 86 indicadores, com estudos setoriais e análises de índices de ações, além de metas com a finalidade de aprimorar negócios e processos sustentáveis dentro da organização.

Graças ao planejamento adotado nos últimos anos, o banco destinou investimentos de 193 bilhões de reais aos setores da economia verde. Com base na metodologia do projeto, desenvolvida em 2017 pela Federação Brasileira de Bancos, o Banco do Brasil entrega o montante para operações que priorizam a baixa emissão de carbono, a eficiência no uso de recursos e a busca da inclusão social.

A análise, a concessão e a gestão de crédito contemplam áreas diferentes — como agronegócio, agricultura irrigada, energia elétrica, construção, mineração, petróleo e gás, transportes e papel e celulose — e obedecem às diretrizes sustentáveis do banco para reduzir possíveis riscos ao meio ambiente e à sociedade.

Além disso, o modelo ajuda a identificar novas oportunidades de atuação na cadeia de valor dos negócios sustentáveis. “As avaliações são realizadas por equipes especializadas, de acordo com critérios definidos em função do porte e da atividade econômica. Esse procedimento tem por objetivo identificar os empreendimentos que apresentam maior vulnerabilidade socioambiental, com informações para subsidiar a decisão de crédito”, diz Rubem Novaes, presidente do Banco do Brasil.

Os programas avaliam riscos e oportunidades em temas estratégicos, como direitos humanos, recursos hídricos, mudanças climáticas e florestas e biodiversidade. Um exemplo é a análise da cadeia de valor feita de acordo com o Carbon Disclosure Project (uma organização que ajuda grandes empresas a verificar seu impacto ambiental). O projeto deu ao banco a oportunidade de atuar de forma proativa com seus fornecedores.

A pesquisa identificou que, para 53% dos fornecedores do Banco do Brasil, o tema “mudanças climáticas” está inserido em sua estratégia de negócios, enquanto para quase 41% não está (6,3% não responderam). Assim como o resultado de outros programas, os dados orientam o banco na tomada de decisão de concessão ou não de crédito.


INICIATIVAS PARA REDUZIR O CONSUMO DE ÁGUA E APOIO À DIVERSIDADE

Em sua sede em Osasco, onde circulam 10 000 pessoas por dia, o Bradesco construiu seis poços e investiu em captação de água da chuva e tratamento de esgoto | Rafaela Lara

Com mais de 4.700 agências espalhadas pelo brasil e 70 milhões de clientes, sendo 25,8 milhões deles correntistas, qualquer ação do Bradesco em prol do meio ambiente tem impacto significativo. O fato de 95% das transações realizadas pelo banco em 2017 terem sido feitas por meio de canais digitais, portanto, já ajuda a cumprir a meta de promover o crescimento sustentável, com rentabilidade.

Mas, nos últimos anos, a consciência ambiental foi aguçada. “O banco sempre se preocupou com o social, uma de suas principais preocupações sempre foi ser inclusivo. A parte ambiental é mais recente, mesmo com a área de sustentabilidade firmada há mais de dez anos. Entendemos que, por sermos um banco grande, produzimos certo impacto e temos trabalhado para reduzir isso ao menor efeito possível”, diz Marcelo Pasquini, superintendente executivo do Bradesco.

Um exemplo disso é o Programa de Gestão de Ecoeficiência, pelo qual a instituição desenvolveu uma série de soluções sustentáveis para o uso de água (as emissões de gases de efeito estufa já são monitoradas desde 2006). Na matriz do banco, na Cidade de Deus, em Osasco, na Grande São Paulo, onde circulam mais de 10 000 pessoas diariamente, cinco poços foram construídos desde 2010 e um foi reativado para servir de fonte alternativa de água.

Além disso, há um sistema de captação de água da chuva e uma estação de tratamento de esgoto, capazes de atender até um terço da demanda local com água de reúso. As práticas de reúso e tratamento de água fizeram a redução do consumo passar de 1,7% do volume, em 2015, para 4,3% em 2017.

O crescimento sustentável, para o Bradesco, também inclui iniciativas voltadas para a diversidade. Na avaliação de Pasquini, a capilaridade do banco torna-se um facilitador da diversidade propagada no ambiente de trabalho e mostrada aos clientes. “Quando criamos o comitê de sustentabilidade do banco, adotamos também a diversidade. Esse tema entrou em pauta por um pedido da própria presidência do Bradesco, por entender que devemos nos relacionar igualmente com todos os nossos clientes. É um tema importante para o banco e para a sociedade e, certamente, temos muito para contribuir e aprender nessa questão”, diz Pasquini.

A mensagem de final de ano, #2019FaçaAcontecer, foi uma animação de 2,5 minutos que incluiu um casal gay na narrativa. O vídeo contava ainda com a versão da música Beautiful, de Christina Aguilera, na voz da cantora drag queen Gloria Groove. No YouTube, o clipe teve mais de 120 milhões de visualizações.


MENOS PAPÉIS, MENOS CARTÕES DE PLÁSTICO, MAIS RECICLAGEM

O programa de destinação correta de eletroeletrônicos segurados pela empresa já encaminhou mais de 100 toneladas de produtos para empresas recicladoras | Rafaela Lara

preocupação com a sustentabilidade tem de começar no próprio negócio. Fiel a esse preceito, a Brasilseg, empresa de seguros do Banco do Brasil, afirma ser cuidadosa ao avaliar seguros para o agronegócio: não faz apólices para áreas- que possam agredir o meio ambiente ou atingir reservas ambientais nem para empresas que usem mão de obra infantil ou trabalho análogo à escravidão. “Temos um respeito grande pelos temas ambientais, sociais e de governança. Todas essas condições que estabelecemos para um possível segurado atendem aos protocolos dos quais somos signatários, mas, muito mais do que isso, correspondem ao nosso DNA. Afinal, somos uma seguradora do Banco do Brasil. O posicionamento não poderia ser diferente”, diz Fernando Barbosa, presidente da Brasilseg.

Internamente, a Brasilseg também se alinhou a práticas sustentáveis. Seu kit de boas-vindas aos clientes, que costumava incluir um calhamaço de papéis contendo todas as informações sobre o seguro, incluindo as extensas apólices, agora é completamente digital.

A conversão de 900.000 apólices para o meio digital permitiu a redução de 2,7 milhões de folhas impressas no primeiro semestre, segundo cálculos da própria seguradora. A previsão até o final do ano é de uma economia de mais de 7 milhões de folhas. Além disso, a empresa deixou de imprimir 2,4 milhões de cartões fabricados em PVC, material que demora 60 anos para se decompor no meio ambiente. A seguradora também extinguiu o uso de copos plásticos: até o final do ano, cerca de 300.000 copos deixarão de ser usados nas operações.

Na mesma linha de redução de impacto ambiental, desde 2015 a Brasilseg tem um projeto de destinação correta de eletroeletrônicos segurados pela empresa. No ano passado, mais de 24 toneladas de eletroeletrônicos foram encaminhadas para empresas recicladoras (já são mais de 100 toneladas desde o início do projeto).

“Esses projetos sempre estão alinhados com a nossa missão principal, que é proteger as pessoas e tudo que é valioso para elas, incluindo o meio ambiente, importante para toda a sociedade”, afirma Barbosa. Na visão dele, no futuro só sobreviverão as empresas que estiverem conscientes da importância da mudança de hábitos em prol da sustentabilidade de maneira ampla e abrangente. “Para nós, essas mudanças incluem o respeito às pessoas e a todos os nossos stakeholders. Entendemos que isso deve ser da nossa natureza. Por sermos uma seguradora, ou seja, especialistas em avaliação de risco, temos um cuidado muito especial com esse tema”, afirma Barbosa.

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