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Hora de renascer

Com a retomada das atividades nas empresas, ganhamos a chance de criar uma cultura organizacional humanizada

 (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2021 às 16h35.

Desligaram o piloto automático. Com a pandemia, nossa rotina virou de ponta-cabeça e boa parte dos nossos planejamentos foi por água abaixo. Muitas pessoas perderam a batalha para a covid-19, mas, paradoxalmente, a humanização e o bem-estar coletivo ganharam uma relevância exponencial.

Agora, com o retorno das atividades presenciais nas empresas, ganhamos a oportunidade de começar de novo, de forma mais consciente e responsável. O novo momento exige uma revisão profunda de como os modelos organizacionais aos quais estávamos habituados impactaram negativamente nossa sociedade.

A cultura organizacional humanizada é o principal pilar para que a retomada das empresas se torne um marco de renascimento. Para isso, é necessário um novo olhar, mais sensível, em que a qualidade de vida seja o centro da estratégia organizacional.

Uma cultura organizacional humanizada não pode existir sem que suas lideranças estejam alinhadas ao mesmo propósito. A gestão humanizada envolve adaptar os processos produtivos às necessidades dos profissionais, de forma que a produtividade desejada conviva harmoniosamente com o bem-estar e a satisfação dos trabalhadores. Para aplicar esse modelo de gestão, os líderes devem:

Realizar pesquisas internas
Para curar uma enfermidade, é necessário o remédio certo. Isso só será possível depois que for identificada a origem do problema. Esse é o papel das pesquisas. Hoje, as principais empresas realizam enquetes rápidas, apelidadas de “pulso”. O próprio nome explica seu propósito: para garantir que nosso coração esteja no ritmo certo, precisamos medir o pulso.

Aplicar a comunicação empática e assertiva
Não importa quanto avancemos em tecnologia — somente uma pessoa pode transmitir confiança para outra pessoa. A empatia é um dos superpoderes que o gestor tem de desenvolver e praticar continuamente. A empatia cria relações profissionais honestas e uma gestão mais humanizada, já que o gestor procura entender sua equipe e ter uma leitura mais adequada do ambiente de trabalho. Isso gera engajamento e maior possibilidade de os objetivos do planejamento estratégico serem alcançados.

Conectar-se à equipe
As conexões pessoais no ambiente de trabalho ainda são um tabu em muitas empresas. No entanto, uma pesquisa realizada pelo LinkedIn em parceria com o ­CensusWide descobriu que os colaboradores que possuem laços pessoais entre si são 50% mais motivados e 39% mais produtivos. Crie momentos para interagir com seus liderados ou colegas de trabalho. Marque horários fixos, semanalmente, para tomar um café (presencial ou virtual), falar sobre como estão e trocar experiências sobre assuntos que sejam interessantes para o grupo. Só não vale falar de trabalho, ok?

Transformar o long life learning em pilar
O desenvolvimento contínuo é fundamental para que os profissionais se mantenham atualizados, promovendo a inovação nas empresas. Mais do que isso, quando a organização investe no aprimoramento das habilidades dos talentos, eles se sentem valorizados, confiantes e com “orgulho de pertencer” — e isso não tem preço!

Usar a tecnologia para o bem-estar coletivo
Atribuir funções padronizadas e exaustivas à automação não só permite reduzir falhas críticas como também concede a devida valorização ao material humano, que cumprirá objetivos estratégicos e subjetivos.

Investir em diversidade e inclusão
O Brasil ocupa o sétimo lugar no ranking global dos países em que as companhias investem em inclusão e diversidade em sua força de trabalho, segundo o Kantar Inclusion Index, que avaliou 14 países. Por aqui, 34% dos colaboradores disseram enfrentar na carreira obstáculos relacionados a gênero, idade, etnia e orientação sexual, e 22% sentem que as oportunidades não são direcionadas às pessoas mais merecedoras, devido aos preconceitos existentes.

Ninguém faz nada sozinho, e nada de novo pode ser criado a partir das mentes de sempre. A pluralidade dentro das organizações não é somente uma questão de justiça social mas também é fundamental para a sustentabilidade dos negócios.

Plantar confiança e colher realização
Se puder ajudar, ajude. Se puder escutar, escute. Se puder abraçar, abrace. Não se esqueça de que você colhe o que planta. Você tem o poder de transformar o seu entorno com suas atitudes. Qual será o futuro que você vai criar? Que tipo de inspiração deseja ser?

Lembre-se: empresas não são uma entidade. São um conjunto de pessoas, em que todas são responsáveis por criar um ambiente profissional saudável.

Espero, de coração, que todos possam aproveitar este tsunami que estamos vivendo para renascer e construir juntos empresas melhores — e um país melhor. Boa jornada!


(Leandro Fonseca/Exame)

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