Revista Exame

Cultura | História maleável

O passado não é estático para dois cineastas, um escritor que cria ficção sobre fatos e um garoto que resgata um velho gênero

"A visita de João Gilberto aos Novos Bahianos": coleção de contos (Divulgação)

"A visita de João Gilberto aos Novos Bahianos": coleção de contos (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2019 às 05h22.

Última atualização em 25 de junho de 2019 às 15h54.

LIVRO

Imaginação histórica

Escritor, jornalista e crítico literário, o mineiro Sérgio Rodrigues já se destacou como pesquisador de história e do idioma e na ficção, especialmente com o romance O Drible, de 2013, que se apoia no passado real de nosso futebol para criar uma trama surpreendente. Agora retorna aos contos em A Visita de João Gilberto aos Novos Baianos. Além da história-título, baseada no encontro do mestre da bossa nova com o grupo de MPB nos anos 70, Sérgio evoca a Inconfidência Mineira, o mundo de Machado de Assis e, mais uma vez, o futebol no conto Jules Rimet, Meu Amor, já publicado em 2014.

A Visita de João Gilberto aos Novos Baianos Sérgio Rodrigues | Companhia das Letras | R$ 44,90


CINEMA

Autobiografia disfarçada

Às vésperas de completar 70 anos em setembro e com mais de 40 de carreira, o espanhol Pedro Almodóvar caiu na tentação que já se apossou de vários cineastas: um filme com toques autobiográficos, mas com personagens fictícios. Exemplo máximo: Federico Fellini e seu 8 ½. Em Dor e Glória, Almodóvar revisita os anos de formação, a descoberta da orientação sexual e a paixão pelo cinema. No elenco, dois de seus atores favoritos: Penélope Cruz aparece no passado do protagonista, e Antonio Banderas interpreta o envelhecido alterego do diretor. No recente Festival de Cannes, Banderas levou o prêmio de Melhor Ator.

Dor e GlóriaDireção de Pedro Almodóvar | Com Antonio Banderas | Estreia prevista para 13/6


STREAMING

Dylan e Scorsese, parte 2

No século 21, o americano Martin Scorsese dedicou-se bastante a documentários sobre monstros sagrados do rock que admira. Antes de um sobre o ex-beatle George Harrison e outro dos Rolling Stones, ele fez em 2005 No Direction Home, sobre a carreira de Bob Dylan nos anos 60. Agora, Scorsese retoma o ídolo em outra fase numa produção para a Netflix: Rolling Thunder Revue reconstitui a relativamente mambembe turnê homônima que Dylan comandou em 1975 com artistas amigos, como Joni Mitchell, Joan Baez e o poeta Allen Ginsberg. É um retrato da época em que Dylan sonhava muitas coisas, menos ganhar um Nobel de Literatura.

Rolling Thunder Revue: A Bob Dylan StoryDireção de Martin Scorsese | Com Bob Dylan | Disponível para streaming em 12/6 (Netflix)


MÚSICA

Menino do blues

Para os jovens afrodescendentes americanos de hoje, o blues é um gênero de museu e suas preferências são rap e R&B. Sem renovação, o blues se transformou num nicho para estudiosos e frequentadores de bares. Por isso, Christone “Kingfish” Ingram é uma surpresa. Com 20 anos e nascido em Clarksdale, no Mississippi (terra de Son House e John Lee Hooker), ele optou pelo velho estilo dos negros pobres que contribuiu muito para o nascimento do rock. O álbum Kingfish assombra porque Ingram canta como um veterano e toca guitarra com destreza digna do decano Buddy Guy, que dá a bênção ao moço ao participar da música Fresh Out.

KingfishChristone “Kingfish” Ingram | Alligator Records | Disponível em streaming

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