Vinhedo na Alemanha | Fotos: Divulgação /
Tânia Nogueira
Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 05h36.
Última atualização em 20 de dezembro de 2018 às 16h17.
Se você tem mais de 40 anos, certamente vai se lembrar do Liebfraumilch, aquele vinho alemão da garrafa azul, doce e enjoativo, que era servido em todo lançamento de livro ou vernissage. Esqueça. Isso é coisa do milênio passado. Hoje, o Brasil importa ótimos vinhos alemães. Sim, há e sempre houve grandes rótulos de lá. Nós é que importávamos porcaria.
A estrela dos vinhos alemães hoje é a uva riesling. Na lista dos 50 vinhos mais caros do mundo, publicada pelo site Wine-Searcher no início de novembro, há 17 brancos, e dez deles são rieslings alemães. O mais caro tem preço médio de 13 376 dólares por garrafa de 750 ml. Nessa lista, há também seis chardonnay da Borgonha e um sauvignon blanc dos Estados Unidos.
No Brasil, talvez até pelo trauma da garrafa azul, os borgonha brancos ainda são mais conhecidos dos consumidores de vinhos de alto padrão. Mas isso está mudando. “O prestígio do riesling cresce conforme aumenta o nível de conhecimento geral do público brasileiro”, diz Paulo Brammer, sócio da escola de vinhos Enocultura. Para ele, em termos de qualidade, os grandes rieslings e os grandes borgonha são equivalentes. “Mas o riesling tem uma capacidade ainda maior de envelhecer bem.”
“Entre quem entende de vinho, ele é o rei”, afirma o jovem Barão Frederik zu Knyphausen, da oitava geração da família proprietária da vinícola Baron Knyphausen, na região do Reno, que esteve em São Paulo em outubro para a primeira Riesling Week do Brasil. O evento promoveu palestras, jantares e degustações de 50 rótulos selecionados.
Uva de origem alemã, a riesling rende brancos de estilo elegante. Vinhos muito diferentes de tudo a que estamos acostumados: com aroma de frutas, mas marcados pelo petrolado (um cheirinho de plástico novo), pela tal da mineralidade (algo que lembra pedra) e pela acidez, garantida pelo clima frio. Pode não parecer, mas a combinação desses elementos fica uma delícia. São vinhos ácidos como uma limonada, o que também é gostoso e faz deles uma ótima opção para o verão. Só provando para entender.
Não são vinhos baratos, porém. Os bons rieslings costumam partir dos cento e poucos reais. Unido ao fato de boa parte dos melhores rieslings ser alemã, isso explica a dificuldade do público médio em se aproximar desse vinho. Pouca gente entende o rótulo. Além de escritos em alemão, com letras góticas, há outros fatores que complicam a compreensão.
“Os alemães gostam de dar muitas informações”, diz Michael Schütte, proprietário da importadora Vindame, que promoveu a Riesling Week em São Paulo. “E a legislação que define a classificação dos vinhos é complicada.” Boa parte dessa classificação é dedicada a distinguir a taxa de açúcar da uva no momento da colheita. Isso é um indicativo de bom potencial, mas diz pouco, por exemplo, sobre o grau de doçura do produto final.
Muitos rieslings são doces, o que não é sinônimo de vinho vagabundo. Os vinhos da garrafa azul não eram ruins porque eram doces. Eram ruins porque eram desequilibrados. Há rieslings doces maravilhosos, nos quais a acidez equilibra perfeitamente o açúcar.
Para facilitar e atrair consumidores do novo mundo, alguns dos melhores produtores criaram um sistema de classificação de qualidade, paralelo ao tradicional, mais próximo ao francês e, teoricamente, mais compreensível. Mas, orgulhosos de sua cultura, optaram por não traduzir os termos para o inglês. Continua tudo escrito em alemão. Então, você tem duas opções na hora de escolher seu vinho: decorar os termos técnicos no idioma de Goethe ou apelar para um bom fornecedor, que saiba traduzir os rótulos. Prost!
Uísque com tônica e outros drinques que prometem fazer sucesso nos meses de calor | Por Daniel Salles
Tonic Highball
O enorme sucesso dos blended uísques no Nordeste deve-se a duas formas de consumo que alguns consideram inaceitáveis: a adição de água de coco ou de muito, muito gelo. Comprometem o sabor do destilado de grãos? Sem dúvida, mas catapultam as vendas. Umas das marcas de bourbon mais conhecidas mundo afora, a Jim Beam tem promovido no país o coquetel que leva 50 ml da bebida, 150 ml de água tônica, 1 gomo de limão espremido e muito gelo. Imagine se pega no Nordeste…
Não é de hoje que se fala que o rum será a próxima bebida da vez, pondo fim ao reinado do gim. Enquanto isso não acontece — se é que vai ocorrer —, a bebida vai ganhando aos poucos maior protagonismo nos bares especializados em coquetéis. No Nosso, em Ipanema, ele já é a estrela número 1. Quem dá as cartas no endereço é o bartender Tai Barbin, criador do Mai Tai, união de rum jamaicano, rum porto-riquenho, licor triple sec, caldo de cana, orgeat e limão Taiti.
Ainda não se tem notícia de um drinque feito de cachaça que ofusque a fama da caipirinha, mas o número de bartenders que se desafiam a criá-lo é cada vez maior. O baiano Laércio Zulu é um deles. É dele a autoria do Mãe D’água, incluído há pouco na carta do bar Raiz, no bairro paulistano de Pinheiros (o bartender atua ainda no Vista, no topo do MAC-USP, entre outros endereços). Levinho, o coquetel une cachaça branca, espumante, creme de coco, chá branco e geleia de morango artesanal.
Qualitästwein ou QbA
Origem controlada. Obedecem uma série de regras.
Prädikatswein (antigos Qualitästwein mit Prädikat)
QbAs com predicados especiais. São eles kabinett, spätlese, auslese, beerenauslese, trockenbeerenauslese e eiswein
Kabinett: O mais leve dos prädikatsweins. Uvas com um grau de açúcar não muito alto. Pode ser seco (trocken) ou meio seco (halbtrocken).
Spätlese: Uvas maduras. Costuma ser mais doce que o kabinett. Se o termo trocken aparecer, será seco e mais alcoólico.
Auslese: O termo significa colheita selecionada. Colhem só os cachos atingidos pela botrytis nobre (fungo que desidrata a uva concentrando açúcar e aromas). Vinhos costumam ser adocicados, mas podem ser secos (trocken) e alcoólicos.
Beernauslese: Colheita selecionada de bagos. Ou seja, colhem apenas as uvas botritizadas e deixam o resto no cacho. O vinho costuma ter baixo teor alcoólico e bastante açúcar.
Trockenbeernauslese: Raro e especial. É doce, apesar do trocken no início da palavra. Só são colhidas uvas botritizadas e quase secas (daí o termo trocken).
Eiswein: Feito de uvas que congelaram no pé, concentrando ainda mais os aromas e os açúcares. O vinho costuma ser bastante doce.
VDP (Verband deutscher Prädikatsweingüter)
Associação que reúne 200 dos melhores produtores alemães. Seus vinhos trazem a águia estampada na cápsula. Tem um sistema de classificação próprio que se espelha no sistema de grand cru e premier cru da Borgonha. Divide os vinhos nas categorias a seguir.
Gutsweine
Vinho regional, o mínimo exigido para se pertencer à VDP, como agricultura sustentável e uvas provenientes de vinhedos próprios.
Ortsweine
Equivalente ao village francês, vem de uma localidade determinada e reconhecida por sua qualidade.
Erste lage
Equivalente ao premier cru da Borgonha. Tem muita qualidade, feito a partir de um vinhedo especial
Grosse lage/grosse gewäch
Conhecido como GG, o grosse gewäch está no topo da pirâmide, equivale ao grand cru da borgonha. Vem dos melhores vinhedos da Alemanha e costuma ser bastante caro.
Alguns bons rieslings da Alemanha para você degustar. Todos VDP.
1 - Wittmann Gutswein Riesling trocken
Da região de Rheinhessen, este moderno riesling provém de vinhedos biodinâmicos e é bastante seco. Importado pela Weikeller, custa R$ 149.
2 - Riesling Erbach Kabinett trocken 2012 Ortslage
Produzido pela Baron Knyphausen, na região do Rheinegau, este kabinett é bastante mineral no nariz. Na boca, chama a atenção pelo frescor. Importado pela Vindame, custa R$ 219.
3-Von Buhl Riesling QbA Trocken 2016
Da região de Pfalz, este qualitästwein do produtor Reichsrat Von Bühl é seco, fresco e bastante mineral. Importado pela Decanter, custa R$ 258,20.
4 -Riesling Nies’chen GG 2012
Grand cru da região do Mosel, produzido pela Reichsgraf von Kesselstatt, se destaca pelo equilíbrio. No nariz, além dos aromas frutados e mineral, apresenta um certo floral pouco comum aos rieslings. Custa R$499,00 na Vindame.
5 - Riesling Erbacher Michelmark Trockenbeerenauslese 2010
Quem diz que não gosta de vinho doce nunca experimentou um grande riesling como este produzido pela vinícola Baron Knyphausen. Dourado quase âmbar, tem aroma de frutas secas, mel, além do mineral, do petrolado. É bastante doce, mas a acidez faz dele um vinho para se tomar mais de uma taça. Claro, para quem tem R$ 2.950,00 para pagar por uma garrafinha de 375ml. Importado pela Vindame.