China: Até muito pouco tempo, os mais promissores universitários chineses costumavam ser recrutados pelo governo. Era a carreira dos sonhos (./Getty Images)
Lucas Amorim
Publicado em 30 de novembro de 2017 às 05h55.
Última atualização em 4 de dezembro de 2017 às 11h58.
Aos 32 anos, Jasen Wang é embaixador de uma geração pioneira na China. Até muito pouco tempo, os mais promissores universitários chineses costumavam ser recrutados pelo governo ou por grandes empresas semiestatais. Era a carreira dos sonhos. Mas Wang concluiu o curso de engenharia aeronáutica na Universidade Politécnica do Nordeste, em Xian, e percorreu 1.800 quilômetros rumo a Shenzhen, no sul do país, com o sonho de abrir uma startup. Trabalhou durante um ano na Clou, uma grande companhia de eletrônicos, até se estabelecer na cidade e partir para a luta. Demorou um ano para criar coragem e contar à família que havia largado um emprego promissor e seguro para empreender no ramo de robótica.
Seis anos depois, a China tem milhares de startups. E a Makeblock, o negócio de Wang, caminha para virar um “unicórnio”, como são chamadas as empresas novatas que valem mais de 1 bilhão de dólares. A última rodada de investimentos avaliou a Makeblock em 200 milhões de dólares. A empresa faz kits para a montagem de robôs e drones e faturou 15 milhões de dólares em 2016. É uma espécie de Lego para adultos, com peças de alumínio que desempenham diversas tarefas com comandos simples via smartphone. “Eu criava meus próprios robôs e achava difícil encontrar material. Vi ali uma oportunidade”, diz Wang. “Programação e robótica são essenciais para o futuro, e queremos ajudar as pessoas a tirar as ideias do papel.”
A Makeblock tem 400 funcionários que desenvolvem e vendem os produtos. A fabricação é terceirizada. Seus principais clientes são escolas — 20 000 delas, em 140 países, já compraram da Makeblock. O escritório tem um clima informal, com cafeteria e mesas de trabalho coletivas. A cada dois meses são organizadas competições de robótica com estudantes e funcionários. Eles têm 48 horas para conseguir vestir uma camiseta, nadar, jogar boliche. “Temos uma cultura e uma estratégia global desde o primeiro dia”, diz Wang. A China está mudando — e mudando o ambiente global de negócios.