Eduardo Lima, Bernardinho e Robson Catalan: a meta da EduK é crescer 50% neste ano (Germano Lüders / EXAME)
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2015 às 18h08.
São Paulo - Em 2013, Aloísio Di Donato, morador de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, estava enfrentando dificuldades financeiras. Queria agradar à sua mulher no Natal, mas estava sem dinheiro. Viu um vídeo na internet que ensinava a fazer panetone e foi em frente com o plano de tentar surpreendê-la na cozinha.
O experimento deu certo, a foto do panetone acabou nas redes sociais e, para encurtar um pouco a história, Donato é hoje dono de uma casa de massas. O vídeo do panetone foi feito pela EduK, startup com sede em São Paulo e que conta entre seus sócios com Bernardo Rezende, o Bernardinho do vôlei.
Criada há dois anos, a empresa se especializou em cursos online que ensinam a fazer de fotos de casamento a maquiagem. Os cursos são, de modo geral, compostos de três vídeos de até 4 horas de duração. Quando as aulas são filmadas e exibidas ao vivo na web, é possível vê-las de graça.
Depois disso, é preciso desembolsar de 99 a 399 reais para ter acesso ilimitado. “Os temas mais populares são culinária e artesanato”, diz o mineiro Eduardo Lima, um dos sócios da empresa ao lado de Bernardinho e Robson Catalan. Os “professores” não são profissionais de renome nos segmentos em que atuam. É gente como Eduardo Beltrame, que fez carreira em confeitarias do interior de São Paulo e hoje é uma das referências em gastronomia na internet.
As redes sociais dão uma medida do sucesso dos mais de 600 cursos da empresa. Mais de 2 milhões de pessoas curtem a página da EduK no Facebook. De acordo com a consultoria Socialbakers, a startup brasileira tem a segunda página de educação mais popular do Facebook no Brasil e a oitava no México, onde começou a operar em 2014.
Em dois anos, mais de 100 000 pessoas compraram cursos. No primeiro ano, o faturamento foi de 7 milhões de reais. No segundo, o valor subiu para 26 milhões e neste ano a previsão é que chegue a 39 milhões de reais. “A EduK está fazendo um trabalho de qualidade, e isso nos ajuda porque divulga nosso segmento”, diz Guilherme Dias, diretor executivo do Portal Educação, um dos principais concorrentes da EduK no mercado brasileiro.
A ideia de usar vídeos na internet para oferecer cursos profissionalizantes de curta duração surgiu nos Estados Unidos. Um dos pioneiros foi o site Lynda.com, comprado em abril pela rede social LinkedIn por 1,5 bilhão de dólares.
Mesmo com a previsão de que a economia brasileira encolherá cerca de 1% neste ano, os sócios da EduK estão otimistas. Em janeiro, receberam um investimento de 10 milhões de dólares dos fundos americanos Felicis e Accel, este último um dos primeiros a apostar no Facebook.
Desde o começo do ano, o número de estúdios de gravação subiu de quatro para nove. Como o espaço no escritório estava pequeno para os 150 funcionários, os sócios decidiram mudar para uma sede maior. O que sustenta toda essa confiança no futuro é a ideia de que o aprofundamento da crise vai aumentar a demanda por cursos profissionalizantes.
À medida que o desemprego cresce, a expectativa é que mais pessoas das classes C e D decidam empreender. De acordo com a pesquisa Global Entrepeneurship Monitor, feita no Brasil pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade, 34% dos brasileiros entre 18 e 64 trabalham com um negócio próprio, a maioria por necessidade. “Essas pessoas são, em geral, mal preparadas. Cursos na internet podem ser parte da solução”, diz Odair Soares, professor de administração na PUC de São Paulo.
Ainda que o cenário pareça positivo, a EduK deve ter pela frente uma competição mais acirrada. Alguns concorrentes já sabem até onde atacar. “Depois que a aula da EduK é gravada, faltam tutores para tirar as dúvidas”, diz Liza de Souza, responsável pelos cursos profissionalizantes online do Senac. Os sócios da EduK dizem estar prontos para a disputa. Como Bernardinho faz no vôlei, Lima e Catalan vão tentar transformar suor em ouro.