Revista Exame

Duas vezes pop art: Andy Warhol é tema de duas mostras na Europa

Em Londres e em Paris, Andy Warhol é tema de duas mostras, com foco na moda e na colaboração com Basquiat

Obra de Basquiat e Warhol: parceria profícua e admiração mútua. (Divulgação/Divulgação)

Obra de Basquiat e Warhol: parceria profícua e admiração mútua. (Divulgação/Divulgação)

Publicado em 28 de julho de 2023 às 06h00.

Para além das telas de pintura, o início da carreira de artista de Andy Warhol foi voltado para a ilustração de estampas para roupas, como designer comercial. Projetos até então desconhecidos, como vestidos e tecidos com estampas de sorvete, borboletas, maçãs, botões, limões, pretzels e palhaços foram produzidos nos anos 1950 e início dos anos 1960 e são tema da mostra Andy Warhol: The Textiles, em cartaz até 10 de setembro no Fashion and ­Textile Museum, em Londres. A curadoria foi feita pelos colecionadores de design do século 20 Geoffrey Rayner e ­Richard Chamberlain, que demoraram décadas de pesquisa para encontrar tais peças.

“É importante ver a progressão de Warhol no design têxtil como algo que ajudou diretamente a informar sua arte pop inicial, tanto no assunto quanto na abordagem. Os tecidos ilustram claramente como Warhol era um designer têxtil altamente individual e talentoso. Sem nós, provavelmente as peças teriam acabado cortadas e usadas ​​como almofadas”, disse Chamberlain ao The Guardian.

Basquiat x Warhol. Painting Four Hands, na Fundação Louis Vuitton, em Paris, exibe obras feitas em parceria entre Warhol e o nova-iorquino Jean-Michel Basquiat. A expressiva diferença de idade não foi barreira para a admiração mútua e a profícua produção. É curioso ver a contribuição de cada artista nas obras, dos elementos da cultura pop de Warhol ao ativismo de Basquiat. A série com o logotipo da GE presta homenagem a uma das marcas mais associadas ao american way of life. Nos anos 1950, o monograma estava em todos os lugares, em produtos que iam de geladeiras a motores de avião.

O toque de Basquiat está presente nas telas relacionadas aos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. De Jesse Owens, em Berlim, em 1936, a Tommie Smith e John Carlos, na Cidade do México, em 1968, as Olimpíadas são palco histórico para a luta por igualdade racial. Os quadros da mostra trazem correntes no lugar dos anéis olímpicos e uma black face sobre o emblema da competição.

A obra mais simbólica da mostra talvez seja o próprio pôster de divulgação. Basquiat escolheu Michael Halsband para fazer a famosa foto que evoca uma luta de boxe, meio de ascensão social nos Estados Unidos e esporte celebrado por artistas americanos diversos, presente nas letras de Bob Dylan e nos textos de Norman Mailer.

Andy Warhol: The Textiles | Textile Museum, Londres | Até 10 de setembro

Basquiat x Warhol. Painting Four Hands | Fundação Louis Vuitton | Até 28 de agosto


FILME

Velho oeste alienígena

Cena de Asteroid City, com Scarlett Johansson, Margot Robbie e Tom Hanks (Divulgação/Divulgação)

Nostalgia, paleta de cores definida e enquadramentos simétricos são características reconhecíveis dos filmes dirigidos por Wes Anderson. Desta vez, o diretor americano apresenta Asteroid City, longa que se passa em um pequeno vilarejo fincado em um deserto americano e mostra a chegada e os impactos de alienígenas ao local. Mais uma vez, Seu Jorge faz a trilha sonora de um filme de Anderson, desta vez com um grupo de músicos caubóis.

Asteroid City | Com Scarlett Johansson, Margot Robbie, Tom Hanks | Estreia 10 de agosto nos cinemas


LIVRO

Outra Klink ao mar

O livro Nós —
O Atlântico em Solitário, de Tamara Klink (Companhia das Letras/Divulgação)

“No mar, estarei a sós, mas não sozinha”, cravou Tamara Klink em seu diário e companheiro de 17 dias em alto-mar a bordo do veleiro Sardinha. Em 2021, Klink partiu da França com o objetivo de chegar à costa brasileira pelo mar. Não sem antes reformar totalmente seu veleiro e registrar seus medos e anseios e, então, se tornar a pessoa mais jovem do Brasil a cruzar o Atlântico sozinha. Todos os registros estão compilados em Nós — O Atlântico em Solitário.

Nós — O Atlântico em solitário, Tamara Klink | Companhia das Letras | 69,90 reais


MOSTRA

Círculos infinitos

Obra de Kusama: bolas coloridas (Daniel Mansur/Divulgação)

Do Japão a Minas Gerais, Yayoi Kusama ganha galeria própria no Inhotim

No início do ano, uma senhora japonesa pintava círculos na vitrine da Louis Vuitton, na Quinta Avenida de Nova York. Era na verdade um robô da artista japonesa Yayoi Kusama. Já em Paris, a artista ganhou uma versão gigantesca de seu corpo emergindo de uma loja da grife. No Brasil, apenas as peças apareceram nas araras, mas o trabalho da artista se expande agora com uma galeria dedicada a ela no Inhotim, considerado o maior museu a céu aberto do mundo, localizado em Minas Gerais.

A Galeria Yayoi Kusama, a 20a do museu mineiro, abriga duas de suas obras: I’m Here, But Nothing (2000) e Aftermath of Obliteration of Eternity (2009), trabalhos pertencentes à coleção do Instituto Inhotim, adquiridos em 2008 e 2009, respectivamente. Trata-se de salas imersivas, sempre com o foco voltado aos milhares de círculos que recobrem as paredes e os espelhos, expandindo o momento e as sensações. “A inauguração da Galeria Yayoi Kusama cumpre uma ambição artística central no Inhotim em relação à obra de uma das artistas mais visionárias de nosso tempo”, diz Allan Schwartzman, cofundador do Inhotim. Além das obras de arte, o paisagismo no entorno da galeria é inspirado em um jardim tropical multicolorido, com um toque de psicodelia, onde foram plantadas mais de 4.000 bromélias, remetendo à origem japonesa de Yayoi Kusama e aos círculos que se repetem em sua obra.

Galeria Yayoi Kusama | Inhotim — Brumadinho (MG) | De terça a sexta-feira, das 9h30 às 16h30; aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30. 50 reais

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