Jean-Charles Naouri e Abilio DIniz (EXAME)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2013 às 14h38.
São Paulo - O dia 22 de junho de 2012 será um marco na história do varejo brasileiro. Nessa data, Abilio Diniz, presidente do conselho de administração do Pão de Açúcar, pode ser obrigado a vender o controle do grupo — pela quantia simbólica de um real — para o sócio Jean Charles Naouri, presidente do varejista francês Casino.
A data foi estabelecida em 2005, quando Naouri comprou, por 2 bilhões de reais, o direito de assumir o controle do maior varejista do Brasil. Embora isso esteja escrito, restam poucas dúvidas de que a transição no comando do Pão de Açúcar nada terá de simples — Abilio, afinal, já deixou claro que não está satisfeito com o contrato em questão.
Em junho de 2011, após articular uma fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour, Abilio deflagrou uma disputa societária barulhenta como poucas. O contrariado Naouri emergiu para se opor à proposta e defender o contrato assinado em 2005. O negócio acabou engavetado.
Abilio e Naouri — para usar uma metáfora bélica — mantêm seus exércitos mobilizados. Cada um tem um time de assessores trabalhando nos cenários possíveis para junho. Abilio ainda tem uma carta na manga.
Caso Naouri assuma o controle, ele terá o direito de exercer a opção de vender todas as suas ações. Como elas valem muito (estimados 2 bilhões de reais), Abilio pode negociar, por exemplo, uma cisão do Pão de Açúcar — assumir a rede de eletroeletrônicos Globex foi um cenário aventado.
Para Naouri, a vantagem de uma saída como essa seria não ter de colocar a mão no bolso. Mas mesmo que Abilio acabe vendendo suas ações, ficará a pergunta: qual será o próximo passo desse empresário que, aos 74 anos, parece no auge da vitalidade? Quanto mais perto 22 de junho estiver, mais próxima estará a resposta.