Revista Exame

Desafios do cargo novo

Maria Teresa Fornea perdeu 30% da equipe da Bcredi na venda à Creditas e aprendeu a engajar times pós-M&A

Maria Teresa Fornea, que vendeu a Bcredi à Creditas: “O que importa é reduzir as inseguranças do time” (Leandro Fonseca/Exame)

Maria Teresa Fornea, que vendeu a Bcredi à Creditas: “O que importa é reduzir as inseguranças do time” (Leandro Fonseca/Exame)

A empreendedora paranaense Maria Teresa Fornea viveu altos e baixos nos últimos dois anos. A começar pelos altos. Após uma carreira bem-sucedida no mercado financeiro, com passagens pelo Citi e pelo Banco Bari, em 2017 ela abriu a Bcredi, uma fintech com sede em Curitiba e dedicada a intermediar o contato entre pessoas físicas interessadas no financiamento imobiliário e instituições financeiras com linhas de crédito a juros mais em conta vinculadas a alguma garantia — outro imóvel, por exemplo. 

Em janeiro de 2021, a escassez de dinheiro em caixa e o nascimento de um bebê, de forma prematura e em plena pandemia, colaboraram para a decisão de Fornea de vender a Bcredi à Creditas, fintech paulistana que virou unicórnio no ano passado atuando no crédito com garantia no mercado automotivo. Após a venda, Fornea virou vice-presidente da Creditas para o crédito imobiliário, até então um negócio incipiente por ali. Além dela, outros 100 funcionários da Bcredi migraram para a nova controladora. 

Na transição, ruídos de comunicação foram inevitáveis. O choque entre culturas das duas empresas motivou pedidos de demissão de 30% do quadro de funcionários egressos da ­Bcredi. Conversas intensas com os remanescentes, além de contratações motivadas pelos bons resultados da operação comandada por Fornea, compensaram o baque inicial. Hoje, o time dela na Creditas tem 600 pessoas.

Da experiência, Fornea carregou a lição de manter uma comunicação ativa com a equipe no meio de um momento intenso como um M&A. “O que importa é reduzir as inseguranças do time. Mesmo sabendo que você, como fundador, nem sempre terá todas as respostas, é preciso entender que as pessoas querem e precisam ser ouvidas”, diz ela. 

A aderência dos funcionários à nova cultura depende de regras muito claras, sobretudo sobre os cargos a serem ocupados pelos funcionários oriundos da empresa comprada. “Definir novos escopos, responsabilidades e áreas é sempre algo difícil de fazer, e pode comprometer todo o processo de aquisição”, diz Fornea.

Os percalços da transação foram mitigados, em boa medida, pela relação de longa data entre Fornea e Sergio Furio, fundador da Creditas, ambos pioneiros no Brasil na concessão de crédito a juros reduzidos para pessoas físicas mediante garantia. Para ela, viabilizar a saída de um negócio via aquisição depende muito de uma avaliação criteriosa de quem será o novo controlador do negócio — e, possivelmente, futuro chefe de quem está vendendo. “É preciso conhecer seus parceiros”, diz.  

 

Acompanhe tudo sobre:Aladas-na-Examecarreira-e-salariosCreditasFusões e Aquisiçõesfuturo-do-trabalhomudanca-de-carreira

Mais de Revista Exame

Aprenda a receber convidados com muito estilo

"Conseguimos equilibrar sustentabilidade e preço", diz CEO da Riachuelo

Direto do forno: as novidades na cena gastronômica

A festa antes da festa: escolha os looks certos para o Réveillon