No total, 36 empresas estão nessa faixa (Cyla Costa/Exame)
Isabela Rovaroto
Publicado em 22 de julho de 2022 às 06h00.
Última atualização em 22 de julho de 2022 às 18h52.
Os primeiros anos de uma empresa costumam ser de provações em série. O modelo de negócios sonhado pela liderança para em pé? Como resolver os problemas relatados pelos primeiros clientes de maneira a transformá-los em fãs da marca? De que maneira colocar um negócio embrionário numa rota de crescimento acelerado? Em razão das particularidades das empresas de pequeno porte, o Ranking EXAME Negócios em Expansão 2022 dedicou uma categoria às inscritas com faturamento entre 2 milhões e 5 milhões de reais em 2021.
No total, 35 empresas estão nessa faixa. Entre os dez negócios com maior expansão percentual ao longo do ano passado nessa categoria, cinco são startups com modelos de negócios já aprovados — entre elas, o crescimento das receitas no ano passado variou de 156% a 898%.
Fundada em 2018, pelos empreendedores cariocas Marcela Grèzes e Caetano Altafin, a startup Woof é um marketplace de produtos pet. O diferencial da Woof para concorrentes de peso como Petz e Petlove é o fato de a Woof trabalhar 100% com fornecedores também pequenos.
No fundo, a startup serve como um poderoso canal de vendas para 2.500 pet shops de bairro espalhadas por 270 cidades em 23 estados. “O nosso trabalho tem duas pontas”, diz Altafin. “A primeira é na experiência de compra do cliente; a segunda é empoderando a pet shop local, dando soluções para ela ter competitividade e focar no que realmente importa: os clientes dela.”
Ao servir como uma luva para pequenas pet shops desesperadas por uma presença digital em plena pandemia, a Woof faturou 2,2 milhões de reais, 898% acima do resultado de 2020 — a maior expansão nesta categoria. O resultado excelente abriu os olhos de mais gente para o nicho descoberto pela Woof. Em fevereiro, a startup recebeu aporte de 6,2 milhões de reais de investidores anjo reunidos nos fundos BR Angels, GV Angels, Urca Angels e Anjos do Brasil. A quantia serviu para Grèzes e Altafin abrirem a Woof Academy, uma edtech focada em conteúdos para donos de pet shops.
A oferta de serviços para marketplaces está por trás da alta de 379% na receita operacional da SMPlaces, startup de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Em 2021, a SMPlaces faturou 3,2 milhões de reais com a venda de uma plataforma na nuvem para gerenciamento de catálogo, controle de pedidos e otimização da estratégia para aparecer bem colocado nas buscas do Google — o popular SEO. “A pandemia impulsionou a digitalização e a busca por serviços personalizados. Na SMPlaces é possível desenvolver 100% de um marketplace, com sistema financeiro incluso”, diz o cofundador Moacir Salles Junior, desenvolvedor de softwares há 16 anos.
Hoje, a SMPlaces tem 80 clientes, entre eles gente grande como o banco Itaú e a telefônica Oi. Boa parte da demanda vem da corrida de varejistas para agarrar o cliente seja lá onde ele estiver. “O espaço físico tem sua relevância, mas a integração entre canais é fundamental”, diz Salles Junior. “Com a geolocalização por CEP, mostramos a unidade mais próxima de nosso cliente aos clientes dele, e a experiência de todo mundo fica mais fácil.” Para 2023, a expectativa da SMPlaces é aproveitar a tendência da Indústria 4.0, conceito para a robotização de linhas de produção. O plano é conquistar clientes industriais dispostos a ter também um canal de vendas.
Assim como a SMPlaces, a catarinense Indicium também aposta no avanço do digital em empresas até há pouco tempo nada preocupadas com o tema. Aberta em 2017, em Florianópolis, a Indicium faturou 4,6 milhões de reais no ano passado, alta de 189% em 12 meses — a sexta maior evolução entre as empresas da mesma categoria. O negócio da Indicium é criar softwares para cruzar a infinidade de dados gerados por uma empresa, em busca de pistas sobre onde é possível reduzir custos ou explorar oportunidades.
Na lista de ferramentas de trabalho empregadas pela Indicium estão temas da moda, como a metodologia ágil. “No início, fazíamos a análise de dados e o marketing dos clientes”, diz a cofundadora Isabela Blasi. “Em 2020, fechamos a área de marketing e focamos a atenção nos grandes clientes em busca de uma solução completa para dados.” Hoje, a carteira da Indicium inclui a rede de fast-food Burger King, a farmacêutica Roche, a varejista Americanas e as indústrias ABB e Moura.
A demanda das grandes motivou a abertura de uma nova frente de negócios: o treinamento de funcionários de clientes para também atuarem como cientistas de dados. O bom momento fez a empresa multiplicar por quatro o quadro de funcionários — agora são 100. Até o fim de 2022, a meta é chegar a 130 e expandir a operação para os Estados Unidos, onde já atende cinco clientes.
História parecida tem a paulistana KeepTrue, sétima empresa com maior expansão na categoria entre 2 milhões e 5 milhões de reais. Em 2021, a KeepTrue faturou 4,8 milhões de reais, alta anual de 168%. Aberta há dez anos, a empresa cria softwares para dar uma organizada em informações contábeis dos clientes. Na lista estão soluções para as empresas emitirem a nota fiscal eletrônica ou estar de acordo com o Sistema Público de Escrituração Digital, o Sped, sistema aceito pela Receita Federal para a declaração de impostos. Os maiores interessados na KeepTrue costumam estar nos times de compliance das empresas, um pessoal sempre às voltas com a necessidade de redução de riscos inerentes aos negócios.
Por trás da KeepTrue está o empreendedor paulistano Carlos Kazuo Tomomitsu, um dos pioneiros na criação de softwares para gestão fiscal no Brasil. Em 35 anos de experiência, Kazuo passou por grandes do setor, como Infor e SAP. A lógica da KeepTrue é servir de one stop shop num tema sensível para todas as empresas. Apesar disso, a tecnologia para gestão fiscal sob o ponto de vista do compliance costuma estar espalhada por um cipoal de prestadores de serviço. “Nosso sistema oferece uma solução end to end, visão estratégica de dados e redução de custos operacionais, atuando com tecnologias inovadoras voltadas para analytics, inteligência artificial, BPM-low code e robotização”, diz. No rol de 80 clientes estão grandes empresas, como as fabricantes de alimentos Nestlé e Bauducco, a companhia aérea Gol e a operadora de maquininhas Stone.
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Para além de crescerem ao virar fornecedoras de grandes companhias, algumas empresas com maior expansão no ranking da EXAME demonstraram ser hábeis em criar mercados. Um exemplo é a paulistana Fitinsur. Fundada em 2019, ela é uma das startups pioneiras no desenvolvimento de plataformas com base em computação na nuvem em que vários provedores de seguros podem vender serviços — sem ter o trabalho de montar um canal digital desde o início. “Nos posicionamos como uma insurtech as a service”, diz a cofundadora Denise Oliveira.
Antes da Fitinsur, Oliveira construiu uma sólida carreira executiva com passagens em negócios de setores variados, como a consultoria EY, a concessionária Sabesp e a seguradora AIG. Ao longo da experiência profissional, Oliveira percebeu uma oportunidade ao levar tecnologia ao setor de seguros e resseguros, talvez um dos menos expostos à disrupção digital — até agora.
Em 2021, a receita da Fitinsur cresceu 156%, para 2,97 milhões de reais — oitava maior expansão no ranking. O bom resultado ficou a cargo de um projeto desenvolvido para a corretora global Texel, com sede em Londres e escritórios espalhados por Estados Unidos, Europa e Ásia.
A tecnologia da Fitinsur conectou 65 seguradoras e 85 clientes da Texel, a maioria grandes bancos também com presença internacional, numa espécie de marketplace para compra e venda de várias modalidades de seguros. Em nove meses de operação, mais de 210 milhões de negócios foram gerados a partir dali. “O projeto utiliza todos os módulos da plataforma, inclusive a parte de cobrança, que tem um alto nível de complexidade”, diz Oliveira. Para atuar mundo afora, a tecnologia da Fitinsur recebeu certificação do Lloyd’s of London, o maior mercado de seguros e resseguros do planeta.
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