Fóssil do novo acervo: doação de colecionadores (Diogo Vasconcellos/Museu Nacional/Divulgação)
Publicado em 23 de maio de 2024 às 06h00.
Desde o incêndio que destruiu o prédio histórico e a maior parte dos 20 milhões de itens, o Museu Nacional do Brasil vem sendo reconstruído aos poucos. De fora, pouca gente lembraria da tragédia. Basta entrar, no entanto, que o estrago fica evidente. Mas as paredes queimadas agora são sinônimo de reconstrução: segundo Alexander W. A. Kellner, diretor do Museu Nacional, a instituição reabrirá suas portas para o público em 2026. E, agora, com uma vasta coleção de mais de 1.000 novos fósseis brasileiros, recolhidos na Bacia do Araripe, entre Ceará, Pernambuco e Piauí.
O anúncio da nova coleção aconteceu no começo de maio, uma parceria entre o museu, a colecionadora de arte Frances Reynolds, o colecionador de fósseis Burkhard Pohl e o paleontólogo Frederic Labombat, doadores dos itens. Reynolds foi intermediária da negociação, que durou mais de dois anos, por meio do Instituto Inclusartiz, do qual ela é presidente e fundadora.
“Quando vi o que aconteceu com o museu, aquilo me devastou. E, assim que o professor Kellner pediu ajuda, senti uma responsabilidade moral, como cidadã e apaixonada pelo Brasil — não sou brasileira, nasci na Argentina —, de fazer algo para recuperar esse acervo”, disse Reynolds em entrevista à Casual EXAME.
O novo acervo inclui uma peça rara do crânio completo de um Tupandactylus imperator, espécie de pterossauro brasileiro.
Outro exemplar de pterossauro, com dentes e mandíbula preservados, também compõe a coleção, ao lado de uma porção de fósseis de plantas, penas, anfíbios e inúmeros insetos. No total, são 1.104 itens doados, vindos de duas unidades muito ricas em material paleontológico que datam, respectivamente, de 115 milhões e 110 milhões de anos.
O principal doador, Burkhard Pohl, é neto de Karl Stroeher (1890-1977), cuja coleção de arte formou a base do Museu de Arte Moderna de Frankfurt, e filho de Erika Pohl-Stroeher, que reuniu a maior e mais refinada coleção de minerais e gemas da Europa.
“Vi o museu pegando fogo na TV. Quando a Frances me procurou, já conhecendo esse olhar dela para a arte e para a cultura, soube que isso era o certo a ser feito. É uma coleção que sempre tive muito orgulho de ter, mas que precisa estar exposta nesse museu”, explicou.
Novos detalhes sobre o investimento público na reestruturação do museu serão anunciados no dia 5 de junho, em audiência pública no Congresso Nacional, no âmbito da Comissão de Cultura. Até a publicação desta reportagem, 60% da verba pública já foi capitalizada, um total de 369,3 milhões de reais. Destes, 164,8 milhões de reais vêm de recursos públicos; e 100,5 milhões de reais, da iniciativa privada.
“Hoje, temos uma participação particular bem maior do que a das instituições públicas. É fundamental essa parceria com instituições privadas para a recomposição do nosso acervo, que é o maior desafio no momento. Um prédio de pé sem conteúdo não é um museu, afinal”, finaliza Kellner.
Por Luiza Vilela, do Rio de Janeiro
STREAMING
A fuga do líder dos Panteras Negras Huey P. Newton para Cuba poderia ter sido uma história de Hollywood — e foi. Com base em um artigo de Joshuah Bearman, The Big Cigar: A Fuga conta a história real do ousado planode evasão para a ilha caribenha do fundador do grupo ativista. A estratégia para escapar do FBI contou com a ajuda do famoso produtor Bert Schneider e uma produção cinematográfica falsa.
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LIVRO
A programação do Cine Teatro Subaé, em Santo Amaro (BA), serviu de inspiração para que Caetano Veloso, ainda na juventude, atuasse como crítico e sonhasse em dedicar sua vida à direção de filmes. Agora, a Companhia das Letras publica Cine Subaé — Escritos sobre Cinema (1960–2023), que reúne críticas de Caetano da década de 1960, entrevistas, depoimentos e comentários que revelam o repertório cinematográfico do compositor.
Cine Subaé — escritos sobre cinema (1960–2023), de Caetano Veloso | Claudio Leal e Rodrigo Sombra (organização), Companhia das Letras | Lançamento em 28 de maio, 129,90 reais
FOTOS
Fotógrafos brasileiros e estrangeiros relembram suas trajetórias em exposição no MIS-SP | Júlia Storch
O mês de maio é marcado pela fotografia no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, com exposições de artistas nacionais e internacionais na programação. Com curadoria do diretor-geral do MIS, André Sturm, esta edição conta com cliques inéditos de Sebastião Salgado durante a Revolução dos Cravos, em Portugal, há 50 anos. As mais de 50 fotografias vêm a público pela primeira vez no aniversário de um dos maiores marcos da história de Portugal e da democracia na Europa.
Maio Fotografia no MIS 2024 também conta com cliques de Thereza Eugênia, fotógrafa baiana que registrou de forma íntima o convívio com artistas brasileiros no Rio de Janeiro nas décadas de 1960 a 1980, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Gal Costa e Gilberto Gil.
A mostra conta ainda com trabalhos de Sergio Poroger, que traz um resgate dos cinemas de rua do Brasil e do mundo, Gabriel Chaim, fotojornalista paraense que cobriu diversas guerras, e Bruno Mathias, fotógrafo selecionado pelo programa Nova Fotografia do MIS, com uma produção que remete à fantasia de paisagens tradicionais.
“Após 12 anos de sua estreia e de sete edições realizadas, retomamos o projeto Maio Fotografia no MIS em sua essência: uma verdadeira ocupação fotográfica por todo o museu, que contempla desde novos talentos até grandes nomes nacionais e internacionais do meio”, diz Sturm.
Maio Fotografia no MIS 2024 | Até 30 de junho | Museu da Imagem e do Som (MIS) | Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo | Ingressos: 10 reais (inteira) e 5 reais (meia); grátis às terças-feiras e na terceira quarta-feira do mês
...em Paris (França)
Premiado com uma estrela Michelin em dois restaurantes indianos de Londres, o chef Jitin Joshi instalou o seu charmoso bistrô, The Crossing, no primeiro andar das Galeries Lafayette Le Gourmet, em Paris. Com a sua cozinha, ele celebra a diversidade de especiarias de sua terra natal.
...em Edimburgo (Escócia)
Todo o dia, todos os dias. Esse é o lema do Dishroom — um lugar para tomar café da manhã, almoçar, beber um chai durante a tarde ou ainda jantar. Os espaços finamente decorados prestam homenagem aos antigos cafés iranianos e à comida de toda Bombaim.
...no Porto (Portugal)
Chutnify nasceu para criar um espaço vibrante e descolado para as pessoas apreciarem uma comida indiana regional, servida de uma forma contemporânea. O nome, inspirado no molho agridoce, traduz a mistura e o equilíbrio de sabores dos pratos da casa.
Por Carolina Gehlen