No filme 2001: Uma Odisseia no Espaço, o macaco primitivo descobre o poder da ferramenta, simbolizando o início da jornada tecnológica da humanidade para amplificar sua força e capacidade (Sunset Boulevard/Getty Images)
Chief Artificial Intelligence Officer da Exame
Publicado em 29 de outubro de 2024 às 06h00.
Última atualização em 30 de outubro de 2024 às 09h51.
A gênese da tecnologia
Quando vou falar sobre tecnologia sempre lembro da cena icônica do filme 2001: Uma Odisseia no Espaço: um macaco primitivo descobre que um osso pode ser utilizado como uma ferramenta poderosa. Ao usá-lo para quebrar outros ossos ou como arma, o primata percebe que está economizando energia e potencializando sua capacidade de ação. Esse momento captura a essência da tecnologia: usar inteligência para amplificar forças.
A evolução do impacto
Essa lógica se manteve ao longo dos séculos. A evolução industrial, a urbana e, posteriormente, a tecnológica tiveram um propósito em comum: reduzir a energia necessária para realizar tarefas que antes demandavam grande esforço físico e, ao mesmo tempo, aumentar seu impacto.
A revolução das comunicações
No contexto das comunicações, uma das primeiras grandes inovações foi o telégrafo. Considere o desafio de enviar uma mensagem de Lisboa ao Rio de Janeiro, cerca de 7.700 quilômetros de distância. Antes do telégrafo, isso exigia navios, tripulações e meses de viagem. O telégrafo reduziu drasticamente a energia exigida para enviar uma mensagem, eliminando a necessidade de deslocamentos físicos. O impacto foi revolucionário: a mesma informação, cobrindo a mesma distância, agora podia influenciar decisões e eventos quase instantaneamente.
A era digital e a IA
Hoje, com a internet e a inteligência artificial (IA), essa evolução atingiu novos patamares. Em minhas conversas com líderes das maiores empresas brasileiras, vejo como a IA está redefinindo a eficiência nos negócios, sempre buscando causar mais impacto em menos tempo.
Na EXAME, por exemplo, implementamos uma assistente artificial chamada FE, que já atendeu a mais de 10.000 chamados. É como se tivéssemos dado ao nosso time de atendimento um superpoder que multiplica sua capacidade de trabalho, atendendo mais clientes com maior satisfação.
No campo da produtividade, a IA nos permite produzir dez vezes mais matérias jornalísticas, mantendo o mesmo número de jornalistas. O impacto do nosso conteúdo cresceu exponencialmente. Para maximização de receita, usamos IA para criar peças de marketing e analisar vendas. O impacto nas conversões e no retorno sobre investimento aumentou significativamente, enquanto o tempo para análise e tomada de decisões diminuiu.
O segredo do sucesso em IA
O segredo do sucesso do investimento em IA está em mapear os problemas da empresa e entender quais deles podem ser resolvidos para causar mais impacto. Seja aumentando o lucro, seja melhorando a eficiência na entrega, seja escalando a capacidade de atendimento, o foco deve sempre estar em maximizar o impacto enquanto se otimiza o uso de recursos. Importante ressaltar que otimizar não significa reduzir time ou demitir pessoas. Pelo contrário, significa alocá-las de forma eficiente para fazer as tarefas não robóticas que as máquinas são péssimas em fazer.
Um framework para o futuro
Para guiar as empresas nessa jornada, desenvolvi um framework que usamos na EXAME e ensinamos nas nossas formações. Ele ajuda a responder a questões cruciais: Qual problema específico a IA vai resolver? Como isso aumentará nosso impacto? Quem vai usar a IA e como? Que dados alimentarão o modelo? Como mediremos o sucesso da implementação?
O futuro é IA, mas o princípio é ancestral
Da pedra lascada aos algoritmos de machine learning, o objetivo sempre foi o mesmo: amplificar nossas capacidades e fazer mais. As empresas que compreenderem esse princípio e souberem investir em IA com propósito e foco na resolução de problemas reais serão as vencedoras na nova economia digital.
A tecnologia evolui, mas o princípio permanece o mesmo: usar nossa inteligência — agora amplificada pela IA — para gerar o maior impacto possível. Esse é o legado que nos conecta ao macaco primitivo e que continuará a guiar nossa evolução no futuro empresarial.