(Dado Ruvic/Reuters)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 15 de julho de 2021 às 05h58.
O bitcoin se tornou sinônimo do mercado de criptomoedas, mas a realidade mostra um cenário com muito mais oportunidades. Atualmente, são mais de 10.000 criptomoedas em circulação, e o bitcoin está longe de ser o único capaz de promover inovação e transformação e de oferecer a possibilidade de lucros consideráveis para os investidores.
Quando foi criado, entre o final de 2008 e o início de 2009, o bitcoin trouxe consigo uma tecnologia de registro de informações público, descentralizado e revolucionário: o blockchain. O desenvolvimento desse sistema de rede, entretanto, permitiu o surgimento de uma série de outros ativos digitais, cada um com o seu propósito específico.
Se antes o bitcoin reinava sozinho, agora o espaço é dividido com vários outros projetos.
Apesar de terem surgido há mais de 12 anos, foi recentemente que as criptomoedas se tornaram uma tendência global de investimentos e uma classe de ativos reconhecida por grandes instituições financeiras.
A consolidação da tecnologia blockchain, e o aparecimento das corretoras de criptoativos, o interesse dos investidores de varejo e institucionais já são uma realidade.
Tesla e Mercado Livre já têm bitcoin em seu balanço patrimonial. A Visa trabalha para tornar os criptoativos acessíveis. Bolsas de valores do Brasil e do Canadá, entre outras, já têm ETFs ligados a este mercado. Bancos como BTG Pactual, Goldman Sachs, Morgan Stanley, entre outros gigantes, oferecem produtos de criptoativos aos seus clientes. E estes são apenas alguns exemplos.
Tudo isso fez o preço das criptomoedas explodir, atraindo cada vez mais investidores e criando um ciclo de alta - o bitcoin, por exemplo, subiu cerca de 350% em 2020. Em 2021, a segunda maior criptomoeda do mundo, o ether, tem mais de 200% de alta acumulada.
As teses de investimento variam de acordo com cada criptoativo e suas características. Mas uma coisa quase todos têm em comum: tecnologias e modelos de negócio inovadores.
“Uma das narrativas do investimento em cripto é justamente essa, uma forma de se expor à tecnologia e colher os frutos do seu desenvolvimento e da sua adoção”, diz Fabrício Tota, diretor do Mercado Bitcoin, sobre como esse tipo de investimento pode ser uma maneira de investir em novas - e promissoras - tecnologias.
André Portilho, head de Digital Assets do BTG Pactual, reforça que, para adotar as criptomoedas como um investimento em tecnologia, é preciso estar focado em um prazo mais longo, e não em ganhos imediatos, já que os resultados de uma tecnologia nova podem demorar anos para aparecer: “É é necessário ter uma visão de médio e longo prazo para minimizar a exposição a variações especulativas”.
A tecnologia blockchain permitiu o surgimento de uma série de aplicações diferentes da proposta inicial do bitcoin - que foi criado para ser um sistema financeiro alternativo.
“Há hoje múltiplos projetos, desde redes mais rápidas que o blockchain do bitcoin, como é o caso da proposta do litecoin, até iniciativas que permitem aos usuários operar em um mercado onde recursos computacionais podem ser comprados e vendidos, como o projeto Golem”, exemplifica o especialista em inovação no mercado financeiro Bruno Diniz, citando apenas duas entre as milhares de possibilidades.
Apesar de ainda responder por 45% do total de dinheiro alocado no mercado de criptomoedas, o bitcoin hoje tem a companhia de outros projetos que já superaram suas fases de validação e também podem ser considerados mais seguros. É o caso do ethereum, da binance coin, de cardano, polkadot, uniswap, chainlink e centenas de outras.
Com tantas opções, é preciso ter cautela na hora de escolher em quais investir. É preciso entender que, mesmo com o crescimento e o amadurecimento do setor, as criptomoedas ainda apresentam altíssimo risco, pois são baseadas em tecnologia muito recente, com obstáculos regulatórios, especulação e outras questões. Isso, porém, também aumenta a possibilidade de ganhos - é o famoso risco-recompensa que, neste caso, pode ir de lucros exorbitantes à perda de todo o investimento.
Mas é também uma forma de diversificar o portfólio: “É uma possibilidade de diversificar o portfólio, o que diminui o risco de eventuais perdas financeiras e, de acordo com o balanceamento da carteira, pode gerar uma maximização de ganhos”, conta André Portilho.
“Ao avaliar a aquisição de novos criptoativos é muito importante analisar qual proposta eles trazem para o mercado. Esse é um processo de diligência necessário, como deve ser feito com outras classes de ativos”, explica Bruno Diniz..
Mesmo o bitcoin sendo a maior e, possivelmente, mais segura criptomoeda, quando o assunto é investimentos, não importa o setor: nunca coloque todos os ovos numa única cesta.