Rafael Sales, CEO da Aliansce Sonae + brMalls: “Queremos ser uma empresa cidadã” (Leandro Fonseca/Exame)
Publicado em 14 de junho de 2023 às 06h00.
Líder do setor de shoppings, a Aliansce Sonae + brMalls carrega em sua trajetória grandes números. São 62 centros comerciais, 11.000 lojistas (menos de 2.000 são de grande porte), que recebem 60 milhões de visitas por mês e geram em torno de 100.000 empregos, entre diretos e indiretos. São 16 estados, espalhados pelas cinco regiões do país.
Essa realidade traz para a empresa um grande desafio quando se trata de ESG. Afinal, o negócio está presente em diferentes comunidades, conta diariamente com um grande público flutuante, lida com uma rede de stakeholders, gera muito resíduo e consome um grande volume de água e de energia.
Como descreve Paula Fonseca, diretora jurídica e coordenadora da Comissão ESG da Aliansce Sonae + brMalls, cada shopping é uma realidade. Por essa razão, muitas das ações ambientais e sociais são descentralizadas. Cada centro comercial mapeia as demandas e desenvolve propostas para melhorar as condições das comunidades do entorno. Cada unidade tem também programas para aumentar a eficiência energética e a redução de resíduos.
Em abril de 2022, a Aliansce Sonae anunciou a oferta pela brMalls. O negócio foi finalizado em março deste ano. Assim, a empresa passou a usar a denominação Aliansce Sonae + brMalls. A junção dos dois negócios trouxe uma dificuldade adicional: lidar com o tamanho da companhia e a união de diferentes culturas.
Rafael Sales, CEO da Aliansce Sonae + brMalls, acredita na capacidade de mobilização da empresa e no potencial de gerar impacto social positivo e desenvolvimento do entorno. “Por isso, no ano passado, esse tema passou a ser trabalhado de forma transversal na empresa. Fomos os primeiros a anunciar metas para 2023 com hubs que envolvem, por exemplo, a preservação dos recursos naturais e o bem-estar das pessoas. Estamos engajados em fomentar mudanças de hábitos no setor de varejo e na sociedade como um todo”, diz.
A jornada ESG da companhia começou em 2019, quando a brMalls se juntou ao grupo Sonae e decidiu fazer um planejamento estratégico de suas ações na área, com a sustentabilidade como um de seus pilares. Foi criada uma comissão com cinco diretores executivos, todo eles com metas atreladas ao desempenho.
No ano passado, segundo Paula, houve uma aceleração do tema dentro da companhia. Pela primeira vez foi feito um inventário de emissão de gases de efeito estufa. A empresa ainda passou a fazer parte da carteira ISE da B3, além de o conselho ter aprovado o planejamento com metas para 2030.
“Queremos ser uma empresa cidadã em temas como gênero, raça e equidade social. Neste ano será preciso fortalecer a parte do social e rever a linha de base para 2030, levando em consideração a nova configuração da empresa”, diz o executivo.
Paula Pacheco
Atuar em cerca de 160 cidades, em diferentes estados, e inserida em realidades tão distintas deu à sustentabilidade um status especial na MRV.
Um dos pontos permanentes de atenção é o relacionamento com as comunidades do entorno de suas obras.
Em 2022, a empresa investiu cerca de 235 milhões de reais nas cidades onde está presente para a execução de obras de pavimentação, construção de estações de tratamento de água e esgoto, parques, ciclovias e escolas.
A frente ambiental também tem merecido atenção. A empresa investiu em usinas fotovoltaicas próprias para atender aos canteiros de obras e pontos de venda. A MRV tem a meta de, até 2030, oferecer em 100% de seus empreendimentos alguma alternativa de fonte energética de origem renovável, como sistemas fotovoltaicos nos telhados e parcerias com empresas e fazendas solares.
Também em 2022, a MRV conseguiu reutilizar ou reciclar cerca de 81.500 metros cúbicos de resíduos. Além disso, a empresa apoiou um projeto de reúso de água fomentado pelo CNPq e conta hoje com dois bolsistas para o estudo de viabilidade do sistema.
Após a revisão do Visão 2030 MRV, a empresa vai publicar neste ano um novo book de metas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), transversal a todas as áreas de negócios.
Paula Pacheco
A Votorantim Cimentos, empresa do setor de construção civil, já tinha compromissos sustentáveis alinhados com o Acordo de Paris, assumidos em 2015 como metas para o ano de 2020. Em novembro de 2020, no entanto, a companhia relançou os compromissos públicos globais — que valem para todas as operações nos 11 países onde está instalada — pensando na Agenda 2030. “No aspecto ambiental, a grande pauta que norteia as nossas ações é o combate às mudanças climáticas e tudo que afeta a ‘matemática de descarbonização’”, diz Alvaro Lorenz, diretor de sustentabilidade.
Lorenz explica que, na produção, a companhia utiliza uma fonte de calor de mais ou menos 1.450 graus Celsius. “Geralmente, a matriz normal aplicada hoje é proveniente de combustíveis fósseis, e a Votorantim tem várias ações para reduzir o uso desse tipo de material”, observa. Uma dessas opções é o caroço do açaí, comprado de pequenas cooperativas e agricultura familiar, fortalecendo a economia circular próxima à fábrica de Primavera, no estado do Pará. O material se apresentou como um bom substituto ao petróleo, já que evita a emissão de metano que poderia acontecer por meio do descarte da biomassa. Segundo o executivo, em 2022 foram utilizadas 109.000 toneladas de caroço de açaí na produção da indústria. Desde 2020, quando a técnica começou a ser utilizada, já foram reaproveitadas 323.000 toneladas de caroços de açaí.
Fernanda Bastos