Christian Faricelli (em pé, à dir.) e equipe da Absolute Investimentos (Leandro Fonseca/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 23 de março de 2022 às 15h00.
A Absolute Investimentos foi a vencedora da categoria Fundos de Ações – Long Bias na premiação Melhores de Mercado da EXAME, relativa ao ranking mais tradicional da indústria de fundos de investimento do país. A gestora foi premiada com o fundo Absolute Pace de acordo com a metodologia definida pela EXAME com a ajuda de especialistas do mercado de capitais. Na segunda colocação ficou o fundo SPX Falcon, da SPX Capital; seguida do Navi Long Biased da Navi Capital.
Veja abaixo os depoimentos em primeira pessoa dos gestores à frente dos três fundos premiados da categoria, em que eles contam as estratégias e as decisões de alocação tomadas em 2020 e 2021, além da visão para o ano de 2022:
1o Christian Faricelli, sócio e gestor de ações do Absolute Pace
“Para lidar com a volatilidade, acreditamos que é importante trazer premissas da área macroeconômica para compor a estratégia de análise fundamentalista. Essa postura se torna ainda mais relevante neste ano, quando teremos eleições, inflação e um PIB baixo. No exterior, um cenário global incerto, com conflitos geopolíticos na Ucrânia e elevação da taxa básica de juro nos Estados Unidos. É uma conjuntura que favorece a junção das análises macro e microeconômica, que é uma das principais características do Absolute Pace. Em 2021, nosso diferencial foi ter uma cabeça proprietária. Apostamos contra as queridinhas e fizemos muito dinheiro com operações vendidas, principalmente nos setores de adquirentes, e-commerce, bancos digitais e empresas aéreas. A bolsa caiu 17% no segundo semestre de 2021, e entregamos 5% de rentabilidade no período apenas com operações de short. Para 2022, não temos mais posições vendidas convictas, mas mantemos outra estratégia que foi vencedora no último ano: manter commodities como um risco relevante da carteira.”
2o Leonardo Linhares, diretor responsável pela área de ações da SPX Capital
“A parte de commodities impulsionou o resultado, principalmente no primeiro semestre de 2021. Mas tivemos ganhos expressivos com teses microeconômicas, que incluíam as ações de Pão de Açúcar, Embraer e SLC. Alocamos mais no mercado externo no início do ano, pois estávamos mais pessimistas quanto ao cenário interno. O Partido Democrata levou o Senado americano, ficando com as duas casas legislativas e, portanto, com condições de implementar seus planos fiscais. Isso levou a uma abertura relevante da curva de juros americana. Pegamos não só a alta de juros mas também a parte de ações internacionais. No Brasil, evitamos ações de tecnologia e crescimento ao longo do ano. No início de 2021, vimos uma piora do cenário, com a possibilidade de o ex-presidente Lula se tornar candidato. Isso levou a uma mudança no governo, que se tornou mais populista. Recuamos quando ficou claro que teríamos um ciclo de aperto monetário, dadas a inflação muito elevada e a piora da discussão macroeconômica.”
3o Felipe Campos, sócio, CEO e co-CIO de renda variável da Navi Capital
“Em 2021, o mais importante foi não cair em casca de banana. Em 2020, houve uma valorização muito grande de empresas com temáticas da moda. Esse movimento nos levou a zerar posições ao longo do ano. Evitamos papéis do setor de e-commerce e ficamos com poucas ações de tecnologia na carteira. Temos preferência por empresas líderes, como o Mercado Livre. Acreditamos que, mesmo com a alta competição do segmento, a companhia apresenta um crescimento satisfatório. Por outro lado, alguns setores, principalmente o de commodities, estão bem descontados. Empresas como Petrobras e siderúrgicas crescem menos, mas estão baratas e podem ficar ainda mais por causa da discussão ESG. Ao saírem do radar de alguns investidores, esses papéis perdem valor, mesmo se consideramos o cenário de que vão fazer investimentos para melhorar seu impacto ambiental.”