(Julia Jabur/Exame)
Alessandra Azevedo
Publicado em 15 de dezembro de 2022 às 06h00.
O agronegócio brasileiro começará 2023 numa situação desafiadora. A combinação de queda no preço de matérias-primas agrícolas mundo afora e aumento dos custos de produção deve espremer o lucro de um grupo acostumado com boas notícias. “Os últimos três anos para o agricultor foram de ouro porque a margem dele ficou muito maior”, diz Marcos Oliveira, head de operações de commodities da Lavoro, distribuidora de insumos agrícolas.
Mais capitalizados, eles aumentaram a produtividade com investimentos na troca de maquinários e na melhoria do solo. O resultado é uma alta anual de 15,5% na safra brasileira — a projeção é de 313 milhões de toneladas de grãos em 2022/2023, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
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A dúvida é se haverá demanda num mundo com inflação em alta e sob risco de recessão. Os preços das matérias-primas agrícolas devem cair 4,5% em 2023, segundo o Banco Mundial, após uma alta de 13,4% em 2022. Os custos de produção devem bater recorde pelo terceiro ano consecutivo. O impacto da guerra da Ucrânia no mercado de fertilizantes (as exportações da Rússia, um dos maiores produtores globais, estão sob embargo) ainda será sentido em 2023.
O PIB do setor deve crescer 2,5% no ano que vem, pelas estimativas da CNA. É um alento na comparação com 2022 (o resultado parcial indica queda de 4%), mas longe da euforia de 2021 (8%) e 2020 (20%). O resultado de 2023 pode ainda ser afetado por uma onda forte de covid-19 na China, maior comprador do agro brasileiro.
No Brasil, há dúvidas sobre as políticas fiscais do novo governo — a incerteza pode elevar o dólar e o preço dos insumos. “Além disso, existe um receio de criação de impostos”, diz Oliveira, da Lavoro, citando exemplos recentes em Goiás e no Paraná. O agro brasileiro terá de fazer mais com menos em 2023.
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