Revista Exame

Visão Global — Comércio desfavorável é dor de cabeça para Trump

Os Estados Unidos registraram, em 2018, o maior déficit comercial de sua história: 621 bilhões de dólares

Porto de Houston: em 2018, o déficit comercial dos Estados Unidos bateu recorde | Jake Wyman/Getty Images

Porto de Houston: em 2018, o déficit comercial dos Estados Unidos bateu recorde | Jake Wyman/Getty Images

FS

Filipe Serrano

Publicado em 14 de março de 2019 às 05h14.

Última atualização em 14 de março de 2019 às 05h14.

A recente divulgação da balança comercial dos Estados Unidos foi um banho de água fria para o presidente Donald Trump. O país registrou em 2018 o maior déficit comercial de sua história: 621 bilhões de dólares. O saldo negativo só não foi maior porque as exportações de serviços puxam o resultado para cima. Até o déficit com a China cresceu e chegou a 419 bilhões de dólares — prova de que o aumento das tarifas de importação teve poucos ou nenhum dos efeitos desejados por Trump.

O presidente culpa o comércio com a China pela perda de empregos, e uma de suas principais promessas de campanha foi promover uma relação comercial mais favorável. A expansão do déficit tem a ver com o bom momento da economia americana. As empresas e as famílias estão consumindo mais e o dólar está valorizado em relação a outras moedas. Trazer produtos do exterior muitas vezes sai mais barato do que fabricá-los no país. Com isso, as importações crescem mais do que as exportações, e isso amplia o saldo negativo.

O curioso é que o déficit cresceu com quase todas as regiões do mundo. As exceções são América do Sul e América Central. O Brasil, a Argentina, o Chile  e a Colômbia são alguns dos poucos países que importam mais do que exportam para os Estados Unidos — de certa forma, uma vantagem contra os impulsos protecionistas de Trump.


VENEZUELA

A dívida externa do chavismo

Protesto contra Maduro: o crescimento da dívida externa é um desafio para o futuro da Venezuela | Carlos Garcia Rawlins/Reuters

Um dos sinais de agravamento da crise econômica da Venezuela é o crescimento da dívida externa. Segundo uma estimativa do Instituto de Finanças Internacional, o governo, a estatal de petróleo PDVSA e as empresas privadas têm dívidas que, somadas, já se aproximam dos 160 bilhões de dólares, quase o triplo do valor de dez anos atrás. O crescimento tem a ver com a falta de pagamento de títulos vencidos e com empréstimos obtidos com a Rússia e a China. Numa eventual saída de Nicolás Maduro do poder, os próximos governos venezuelanos terão de arcar com essa conta.


REINO UNIDO

Com o Brexit, uma economia menor

Theresa May, do Reino Unido: o risco de uma saída desordenada da União Europeia | Francois Lenoir/Reuters

As incertezas em relação à saída do Reino Unido da União Europeia (o chamado Brexit) têm provocado prejuízos à economia britânica. Um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) — instituição que reúne principalmente países ricos — estima que o produto interno bruto do Reino Unido poderia estar 0,7% acima do nível atual caso os britânicos não tivessem optado pela saída do bloco no referendo de 2016. Apesar de ser uma diferença pequena, o fato é que a economia do Reino Unido vem crescendo num ritmo menor do que a de outros países ricos, como os Estados Unidos, a Alemanha e a França.

O contraste é ainda maior quando se compara a evolução da taxa de investimento britânica. Ela vem caindo desde 2017 e se descolou da média dos países da OCDE. Para os autores do estudo, uma eventual saída desordenada da União Europeia é um dos principais riscos para o desempenho da economia mundial em 2019.

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