O empório, no futuro CJ Shops (Divulgação/Divulgação)
Ivan Padilla
Publicado em 24 de setembro de 2020 às 05h52.
Última atualização em 27 de setembro de 2020 às 10h20.
Rogério Fasano, que se diverte em cultivar um mau humor de fachada, costuma dizer que hotel precisa ter cara de hotel. “Se for para o hóspede se sentir em casa, melhor ficar na sua”, afirma. Ele se refere aos mínimos detalhes que fazem a fama do grupo. Nas suítes, o cliente sabe que vai encontrar cama king size, lençóis de algodão egípcio de 500 fios, banheiros de mármore branco com banheira de hidromassagem e vasos de Murano. Nos restaurantes, os cardápios trazem uma gastronomia refinada e tradicional e uma adega com uma bela variedade de Barolos e Brunellos escolhidos pelo sommelier Manoel Beato em viagens pela Itália e pela França. Tudo do bom e do melhor.
Pois agora o grupo quer que seu cliente se sinta no Fasano quando estiver em casa, com a expansão de duas novas frentes de negócios, talhadas para tempos de isolamento e que a CASUAL antecipa por aqui: uma loja de itens para o lar e um empório. Após o período crítico de isolamento pela pandemia de covid-19, quatro dos sete hotéis da rede já estão abertos. Os 25 restaurantes também voltaram a funcionar, com as devidas restrições. Hotelaria e gastronomia dependem, claro, de circulação de pessoas e devem demorar para voltar a operar como antes.
Já o empório e a linha de casa, com produtos para aproveitar em casa, funcionarão no mesmo espaço, uma ampla loja no Cidade Jardim Shops, novo shopping de luxo nos Jardins, em São Paulo, com previsão de inauguração em novembro. O projeto é da arquiteta Paula Mattar. A vontade de abrir o Emporio Fasano (sem acento, como na grafia italiana) é antiga. O império da família, vale lembrar, começou pela gastronomia, com Vittorio Fasano, bisavô de Rogério, que inaugurou em 1902 a Brasserie Paulista no centro de São Paulo. O empório terá nas prateleiras cerca de 800 tipos de iguarias, como vinhos Pinot Grigio, Chianti Classico e Brunello, panetones, massas, molhos e azeites, importados da Itália. São produtos que já estavam à venda na World Wine, uma parceria com Celso La Pastina, sócio e amigo de Rogério, falecido neste ano de covid-19. Agora serão encontrados na loja própria.
A ideia de montar uma linha para a casa já é mais recente. A parte de mobília será composta de poltronas, mesinhas de madeira, além de produtos que os habitués já encontram nos hotéis da rede, como roupões, velas, travesseiros, mantas e tapetes. Para comandar a operação, o grupo trouxe Gaston Hamaoui, que tocava a Casa Ricardo. Já para o empório foi contratada Vanessa Sandrini, com experiência de 25 anos de varejo em empresas como Pão de Açúcar e St Marche. A expansão é parte da estratégia da JHSF, que detém os direitos da marca Fasano — agora em versão take-away.
TRILOGIA COMPLETA
Para Rogério Fasano, faltava um empório como complemento aos restaurantes e hotéis
De quando são os planos de abrir um empório e a linha de itens para a casa?
Depois do restaurante, antes do hotel, a primeira ideia que tive foi lançar uma loja de comidas. Foi um dos motivos, na época, da minha associação com João Paulo Diniz. Com a JHSF, esse sonho se torna realidade. Era também um sonho da empresa. É muito difícil hoje um projeto hoteleiro ser viabilizado sem a porção do real state.
O Emporio é de certa forma uma nova versão da Enoteca, que você teve até 2011?
Não. A Enoteca era restrita a vinhos e no Emporio queremos nos aprofundar na gastronomia. Pena que as viagens estejam restritas; a ideia do Emporio é sempre apresentar novos produtos.
Qual será o diferencial do Emporio em relação a, por exemplo, uma Casa Santa Luzia?
Entre as casas especializadas, a rainha é a Casa Santa Luzia. Mas sempre haverá espaço para um nicho. Se um dia formos 10% do que é a Santa Luzia, nossa trilogia de restaurante, hotel e loja de gastronomia estará completa.
Qual é seu critério para os móveis dos hotéis?
Tenho um olho específico. Tento aplicar esse olho, que no fundo é a maneira como vejo as coisas. O mobiliário do hotel reflete, de alguma forma, minha maneira de ver o mundo.
O que define a qualidade de um mobiliário?
Fico pasmo ao ver que, apesar de já ter sido desenhado mais de 1 milhão de cadeiras no mundo, ainda há quem faça um desenho que me deixa absolutamente perplexo. Outro dia vi uma poltrona do Marcio Kogan que me surpreendeu pela elegância.