Revista Exame

Carta ao leitor — Um realismo esperançoso

Os líderes empresariais sabem que não há saída fácil para a situação política e econômica em que o Brasil se meteu. Ao mesmo tempo, não perdem a esperança

 (Ilustração/Exame)

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André Lahóz Mendonça de Barros

Publicado em 21 de agosto de 2018 às 11h02.

Última atualização em 21 de agosto de 2018 às 18h54.

O escritor Ariano Suassuna, que nasceu na paraíba,mas é mais conhecido como pernambucano (morou a maior parte de sua vida em Recife e tornou-se um torcedor fanático do Sport), era um célebre frasista. Uma de suas mais famosas tiradas: “O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”.

Talvez não haja uma descrição mais precisa para o humor do empresariado do Brasil de hoje. Calejados pelas crises que visitam o país de tempos em tempos, os líderes de empresas sabem que não há uma saída fácil para a situação política e econômica complicada em que o país se meteu. Ao mesmo tempo, não perdem a esperança de que, com trabalho, perseverança e alguma sorte, o melhor ainda está por acontecer. Um pouco desse clima foi captado por uma pesquisa realizada pela consultoria de gestão Betania Tanure Associados com exclusividade para esta edição de MELHORES E MAIORES. O levantamento, que ouviu 341 dirigentes de grandes empresas do país, mostra que apenas 11% dos entrevistados estão otimistas com o futuro do Brasil, levando-se em conta o cenário deste ano. Os pessimistas somam 51%, enquanto 38% se dizem neutros. Quando se amplia o horizonte para os próximos dois ou quatro anos, porém, a proporção de otimistas sobe para 40% e 62%, respectivamente. A de pessimistas cai para 28% e 14%.

Manter as esperanças de um futuro melhor, mas com os pés no chão, tem sido a postura de muitas das empresas destacadas nesta edição de MELHORES E MAIORES, uma publicação anual que está completando 45 anos. Além da equipe de EXAME, trabalharam nesta edição cerca de 50 colaboradores externos, entre jornalistas, designers e pesquisadores, incluindo uma equipe da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, a Fipecafi, órgão ligado à Universidade de São Paulo responsável pela coleta e pela análise de dados. Os diversos rankings publicados nas páginas a seguir foram elaborados com base na avaliação minuciosa dos dados de mais 3 000 empresas, além dos maiores grupos privados do país.

Uma dúvida frequente entre os leitores é como EXAME “escolhe” as melhores empresas em cada um dos 20 setores analisados. Na realidade, o ranking das melhores empresas não é resultado de uma escolha arbitrária de EXAME. As melhores empresas despontam pelo sucesso na condução de seus negócios, medido pelos indicadores de crescimento, rentabilidade, saúde financeira, participação de mercado e produtividade por empregado, conforme uma metodologia desenvolvida por MELHORES E MAIORES. Em síntese: quem determina as melhores empresas, no fim das contas, é o próprio mercado. E é a força desse mercado — esperançoso, apesar de tudo — que está retratada nas próximas páginas.

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