Barco da equipe Luna Rossa Prada Pirelli: finalista da edição passada (Carlo Borlenghi/Divulgação)
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 22 de agosto de 2024 às 06h00.
A America’s Cup é uma competição de predicados. Não é apenas a regata de vela mais antiga que existe. É também a primeira disputa esportiva internacional da história, entre todas as modalidades, um evento globalizado em um mundo que mal começava a Revolução Industrial. O torneio começou em 1851 e se chamava originalmente Hundred Guinea Cup. O New York Yacht Club venceu com sua escuna de 30 metros, chamada America, ao redor da Ilha de Wight, na Inglaterra. A Copa foi então renomeada em homenagem ao campeão.
A 37a edição da America’s Cup acontece agora em Barcelona, ao longo de pouco mais de dois meses, de 21 de agosto a 27 de outubro, entre regatas recreativas, provas eliminatórias e a grande final.
Do lado de fora da costa catalã, no Moll de la Fusta, no lado norte do Port Vell, a vila terá quatro grandes telas transmitindo as provas do dia. Haverá shows de música, exposições de arte, barracas de comida, espaços interativos com os patrocinadores do evento, em um espaço de mais de 20.000 metros quadrados, com entrada gratuita.
Dentro da água, o clima não será tão amigável. A America’s Cup tem fama de ser uma competição injusta. O vencedor da regata escolhe o local e boa parte das condições da edição seguinte. Ele já tem um lugar garantido na final. A disputa acontece com apenas mais um oponente, em confronto direto, um contra um. É como uma luta de boxe, em que o detentor do cinturão de tempos em tempos enfrenta um desafiante, uma espécie de Muhammad Ali contra Joe Frazier sobre as águas.
Antes das provas em Barcelona foram realizadas duas regatas preliminares, uma em Vilanova i la Geltrú, na Espanha, em setembro de 2023, outra em Jeddah, na Arábia Saudita, no mês seguinte. Uma terceira regata preliminar vai acontecer agora durante o evento, assim como outras provas. São cinco competições no total: além da regata preliminar de Barcelona, fazem parte do circuito a Louis Vuitton Cup, a Unicredit Youth America’s Cup, a Puig Women’s America’s Cup e a 37a America’s Cup Louis Vuitton.
Três dessas provas são apenas demonstração, não contam pontos. Servem de treino e observação do trabalho das outras equipes. Algumas usam até mesmo veleiros da classe AC40, e não AC70, o barco oficial da America’s Cup. Para efeito de competição, apenas duas importam. A primeira delas é a Louis Vuitton Cup, essa, sim, uma regata qualificatória. Nessa prova, todos os desafiantes se enfrentam, em uma série de corridas, até restar um vencedor.
O ganhador da Louis Vuitton Cup enfrenta então o campeão da edição anterior na America’s Cup Louis Vuitton, em uma melhor de sete. Neste ano o grande embate acontecerá a partir de 12 de outubro.
A equipe a ser batida é o Emirates Team New Zealand, da Nova Zelândia, vencedora das últimas duas edições. Os times aspirantes a disputar a final são o INEOS Britannia, do Reino Unido; o Alinghi Red Bull Racing, da Suíça; o NYYC American Magic, dos Estados Unidos; o Luna Rossa Prada Pirelli, da Itália; e o Orient Express -Racing Team, da França.
Para este ano, o Emirates Team New Zealand escolheu manter os veleiros da classe AC75 da edição passada, mas com oito tripulantes em vez de 11, redução do peso do casco e aumento do tamanho da vela, o que torna as embarcações mais velozes. Os tripulantes, muitos deles participantes de Jogos Olímpicos, são os melhores da modalidade. As equipes têm apoio de consórcios privados e clubes de iatismo, e são financiadas por grandes corporações e marcas de luxo. Entre os patrocinadores da regata estão a Louis Vuitton, a Nespresso e a Omega.
O alto investimento das marcas patrocinadoras faz dos barcos da competição os mais avançados do mundo em termos de tecnologia. Duas das equipes, a Alinghi Red Bull Racing e INEOS Britannia, utilizam técnicos e recursos da Fórmula 1. Todas contam com alguns dos melhores engenheiros, designers, arquitetos navais, técnicos de sistemas, além de ferramentas de inteligência artificial.
Entre os desafiantes ao título destaca-se a equipe Luna Rossa Prada Pirelli, fundada e apoiada pelo bilionário Patrizio Bertelli, um apaixonado por vela. O Luna Rossa competiu na America’s Cup em sete ocasiões. Foi finalista em 2007, em 2013 e na edição passada. Representa o Circolo della Vela Sicilia Yacht Club, e sua sede fica em Cagliari, na costa sul da Sardenha.
O Luna Rossa tem apoio da manufatura relojoeira de origem italiana Panerai. A parceria já rendeu coleções icônicas. O Submersible GMT Luna Rossa Titanio, lançado neste ano, apresenta uma caixa feita de metal ultraleve, também utilizado na construção do barco. Já o Submersible Tourbillon GMT Luna Rossa Experience Edition é uma edição limitada com apenas 20 unidades. Os clientes que compraram o relógio foram convidados a participar de uma experiência em Barcelona durante esta America’s Cup. E a assistir de camarote à mais icônica regata do mundo.