Cena de La Casa de Papel: a afinidade cultural explica o sucesso no Brasil (Divulgação/Divulgação)
GabrielJusto
Publicado em 19 de agosto de 2021 às 05h00.
Imagine fazer um programa de TV em seu país pensando em contar a história de um assalto a banco em apenas duas temporadas. De repente seu show é comprado pela Netflix. Você ganha mais duas temporadas para ir fundo nos dramas dos personagens, e a série se torna a mais vista da plataforma em um punhado de países.
Com o banco cercado pelo Exército e o mundo inteiro torcendo para que o assalto se concretize como um crime perfeito, você agora precisa encerrar esse quebra-cabeça muito louco sem decepcionar a legião de fãs que criou ao redor do mundo.
Essa é a responsabilidade da equipe de La Casa de Papel, o smash hit da Netflix que estreia sua quinta e última temporada em 3 de setembro — com um segundo volume chegando três meses depois, em 3 de dezembro.
“Além de ser um grande final para a história do assalto ao Banco da Espanha, essa temporada também preencherá muitas lacunas na timeline dos acontecimentos, sobre as quais o espectador até teoriza, mas não tem certeza do que aconteceu”, prometeu o diretor e produtor executivo Jesús Colmenar. “Vamos terminar de compor todo o labirinto emocional dos personagens de maneira surpreendente, mas mantendo a coerência narrativa.”
Em entrevista à Casual, Colmenar comenta que a afinidade cultural entre brasileiros e espanhóis ajuda na paixão do público pela história. “Capturamos o espírito dos filmes de assalto do cinema mainstream americano e misturamos isso com nosso coração europeu e latino, o que imprime uma força aos personagens que torna o arco de transformação deles muito mais importante, de uma forma nunca antes vista em um filme de assalto”, explica o diretor.
“Além disso, a iconografia da série é um elemento muito importante. Ao se identificarem com a mensagem, as pessoas se apropriam das máscaras, dos uniformes vermelhos e do hino Bella Ciao como símbolo de resistência para suas próprias lutas.”
“Toda a Ibero-América tem um jeito parecido de sentir e se divertir”, complementa Javier Gómez Santander, roteirista da série. Nessa reta final, sua expectativa é que, no futuro, o público se lembre exatamente das sensações que sentiram ao acompanhar a série.
“É assim que eu me sinto quando assisto a algo de que gosto muito. Quero que as pessoas se lembrem das emoções, com quem elas estavam quando viram e dos momentos bons que a série proporcionou durante todos esses anos.”
GRANDES ENCONTROS
Os encontros entre o ex-presidente americano Barack Obama e o músico Bruce Springsteen para o podcast Renegades acabam de ganhar um livro. Com mais de 350 fotografias e ilustrações, o livro traz os notáveis discutindo casamento e paternidade, raça e masculinidade. Eles também refletem sobre como o país pode superar suas divisões internas. “À nossa maneira, Bruce e eu temos trilhado caminhos paralelos tentando entender este país que tanto nos deu”, disse Obama.
ACORDES DISSONANTES
Das guitarras para a literatura, a lenda do rock Pete Townshend traz a música e a sonoridade para seu primeiro romance, A Era da Ansiedade. Concebido para ser uma ópera rock, o guitarrista do The Who narra a história de quatro personagens que lidam com o uso de drogas, amores perdidos e reencontrados, famílias desfeitas e refeitas. Alucinações e paisagens sonoras fazem parte da narrativa e revelam o lado obscuro da arte e da criatividade, em um misto de ficção e realidade.
RESPEITO AO LEGADO
A rainha do soul Aretha Franklin ganha rosto e voz em nova cinebiografia | Julia Storch
Respeito. Uma palavra que a cantora americana Aretha Franklin fez questão de ressaltar ao longo de sua trajetória e que dá nome a uma de suas melhores canções. Mulher e negra em uma sociedade machista e racista, Aretha conquistou seu espaço na música com 44 nomeações ao Grammy e o reconhecimento como a rainha do soul. Três anos após sua morte, chega aos cinemas Respect: A História de Aretha Franklin.
De garota prodígio a artista de reconhecimento, Aretha superou traumas durante a infância. Com a vencedora do Oscar e cantora Jennifer Hudson interpretando Aretha na fase adulta, a diretora Liesl Tommy comenta sobre as similaridades entre elas. “Aretha sabia que Jennifer tinha um dom e uma ternura que faz parte de sua personagem”, disse Tommy.
“Ao longo de minha carreira, muitas vezes consegui homenagear Aretha, conhecê-la, cantar suas canções e admirá-la. Após o sucesso do filme Dreamgirls, as pessoas diziam que eu lembrava uma versão jovem de Aretha Franklin”, diz Hudson. “De certa forma, agora parece que o destino agiu.”