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A batalha de Parisotto na Celesc

Apoiado por outros acionistas, como Previ e Tarpon, o investidor tenta promover um choque de gestão na Celesc, estatal catarinense de energia que tem um dos piores desempenhos do setor

Parisotto, em São Paulo: "A Celesc tem potencial, mas sua gestão é medíocre"

Parisotto, em São Paulo: "A Celesc tem potencial, mas sua gestão é medíocre"

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Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2011 às 16h29.

O gaúcho Lírio Parisotto se projetou nos últimos anos como um dos maiores aplicadores individuais na bolsa de valores. Ex-agricultor e dono da fabricante de CDs e DVDs Videolar, Parisotto deixou a presidência de sua empresa tempos atrás para comandar um fundo de investimento próprio, que hoje administra mais de 2 bilhões de reais.

Em seu escritório na avenida Paulista, em São Paulo, ele se diverte acompanhando as cotações de sua carteira e se gabando das apostas que o levaram a recuperar, em menos de um ano, os 600 milhões de reais que perdeu no auge da crise. Um desses investimentos, porém, ainda o faz perder o bom humor -- a Celesc, estatal de energia de Santa Catarina.

Desde junho, Parisotto e um grupo de minoritários formado pela Previ (o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) e pela administradora de recursos Tarpon protagonizam uma briga pela melhora dos resultados da companhia -- que atualmente tem um dos piores desempenhos do setor. Juntos, esses três acionistas têm 50% do capital total da Celesc, controlada pelo governo estadual.

"A companhia tem um grande potencial, mas sua gestão é medíocre", afirma Parisotto, que depôs a respeito do assunto na Assembleia Legislativa de Santa Catarina no início de outubro.

Embora essa retenção tivesse sido estabelecida num acordo em 1988, na prática ela só começou a ocorrer a partir da denúncia à Cvm. Passado tanto tempo, nem o presidente da Celesc, Sérgio Alves, nem os minoritários sabem dizer ao certo qual é o valor da dívida hoje.

Um mês depois do estopim, a queda de braço atingiu seu ponto mais tenso quando um grupo de sindicalistas invadiu uma reunião do conselho da Celesc para protestar contra uma suposta tentativa de privatizá-la. Com faixas e cartazes em punho, os sindicalistas entraram na sala do conselho e acabaram com a reunião -- o encontro tinha o objetivo de discutir a migração da Celesc para o nível de governança mais elevado da Bovespa, o Novo Mercado (hoje a Celesc está no nível 2).


Para os minoritários, o uso político da companhia é a raiz de seus problemas. Entre os 13 conselheiros, três são indicações do PMDB, partido do governador catarinense Luiz Henrique. Um dos conselheiros independentes nomeados pelo governo é secretário do próprio Luiz Henrique. A diretoria financeira é ocupada por Arnaldo Venício de Souza, uma indicação do Democratas, partido da base de apoio do governador.

Até agosto, o presidente da Celesc era Eduardo Pinho Moreira, pré-candidato ao governo pelo PMDB. "Como são indicações políticas, muitas pessoas estão lá de passagem e não se importam em cobrar resultados", diz o consultor Luiz Cláudio Galeazzi, que trabalhou para a Celesc de janeiro a julho deste ano preparando um plano para que a empresa alcance os parâmetros da Aneel, a agência reguladora do setor de energia.

Atingir essas metas é importante porque o cálculo da tarifa a ser cobrada dos consumidores é feito com base nesses índices -- os gastos acima do padrão não são remunerados pela tarifa. Entre todas as distribuidoras de energia do Brasil, a Celesc é a que tem os custos mais altos em relação ao padrão da Aneel (não estão consideradas as empresas do sistema Eletrobrás). A paulista Elektro, por exemplo, tem custos 22% menores do que o estabelecido pela agência. A baiana Coelba, uma das mais eficientes, tem gastos 41% menores que o padrão.

No plano desenhado pela Galeazzi, a Celesc deveria demitir 1 000 funcionários diretos e outros 1 500 indiretos. Ao todo, a estatal deveria somar 4 600 empregados -- ante os atuais 7 100. Esse inchaço é um dos principais responsáveis pelos altos custos de operação. O plano de demissão voluntária sugerido pela consultoria, porém, ainda não saiu.

"Claro que há dificuldade, pelo fato de sermos uma empresa pública. Mas espero ter o plano aprovado no início de 2010", diz Alves. Por causa das ineficiências, o resultado da companhia caiu mais de 50% no ano passado. Parisotto afirma que, se funcionasse como seus pares na iniciativa privada, a Celesc poderia ter lucro quase cinco vezes maior que o registrado em 2008. "Ele tem razão. E diria que esse é o mínimo que poderíamos atingir para o nosso tamanho", diz Alves. Pelo menos nisso os minoritários e a administração da empresa concordam.

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