Ilustração investimentos fora da bolsa
Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2011 às 19h46.
São Paulo - Bancos, corretoras e gestores vêm oferecendo mais alternativas a quem está disposto a colocar parte do patrimônio em aplicações de risco para tentar obter retornos mais elevados mas quer distância do vaivém da bolsa — que acumula uma queda de 21% no ano.
Muitos desses investimentos são de renda fixa: o objetivo é oferecer um rendimento superior ao dos conservadores fundos DI aplicando, por exemplo, em papéis do setor agrícola e em títulos de dívida de empresas. Há também fundos de private equity, que compram fatias do capital de empresas com o intuito de revendê-las com lucro anos depois.
No passado, era preciso ter, no mínimo, 100 000 reais para ter acesso a essas opções — e algumas, como os fundos de private equity, não estavam disponíveis para as pessoas físicas, só para investidores institucionais. Hoje, 10 000 reais são suficientes. Veja a seguir as principais alternativas e os riscos de cada uma.
Investimento mínimo de 10 000 reais
Opção: Títulos do agronegócio
O mais conhecido é a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), que tem como lastro operações de financiamento de produtores rurais. O investidor não precisa conhecer o mundo agrícola para avaliar o risco desse título — o papel é garantido pelo banco que faz a emissão.
Se houver algum problema com a LCA, o banco devolve o dinheiro investido — o problema é que, apesar de devolver o principal, os bancos não se responsabilizam por todo o rendimento. Ou seja, corre-se o risco de ter o dinheiro comido pela inflação.
Uma vantagem da LCA é o fato de ser isenta de imposto de renda, diferentemente de outros títulos de renda fixa, que descontam de 15% a 22,5%. O rendimento é combinado entre o banco e o investidor: é oferecido um percentual do CDI (os juros de mercado), geralmente entre 90% e 95%, dependendo do prazo da aplicação.
Risco: Médio
Retorno anual: 10% (média de mercado, já isento de imposto de renda, para uma aplicação de um ano)
Investimento mínimo de 25 000 reais
Opção: Fundos de recebíveis
Esses fundos aplicam em títulos que representam valores que uma empresa tem a receber, como cheques pré-datados, duplicatas e contratos com fornecedores. O bom desempenho do fundo depende do pagamento dessas dívidas — o que é sempre um ponto de interrogação.
Para quem quer correr menos risco, os consultores recomendam aplicar em fundos de grandes empresas e analisar as notas de risco concedidas pelas agências de rating, como Moody’s e Standard & Poor’s.
“Uma piora na economia do país pode afetar a capacidade de pagamento das companhias e comprometer o retorno”, diz Fernando Fontes, diretor do banco Petra, que faz a gestão de 27 fundos do tipo. Os recebíveis costumam ter prazo superior a dois anos — quem quiser resgatar o dinheiro antes pode ter de abrir mão de parte do rendimento.
Risco: De médio a alto, dependendo do porte das empresas
Retorno anual: 11% (média de mercado, já descontado imposto de renda de 20%)
Investimento mínimo de 30 000 reais
Opção: Fundos de crédito privado
Cada vez mais bancos vêm lançando fundos que aplicam em títulos de dívida de empresas, como as debêntures e os recebíveis. São uma alternativa para o investidor que não quer analisar sozinho os prós e os contras desses papéis para comprá-los diretamente.
“Além disso, os fundos aplicam em títulos de diferentes empresas, o que reduz seu risco”, diz Eduardo Castro, superintendente de investimentos do banco Santander.
Outro benefício é que essas carteiras têm liquidez — o investidor pode entrar e sair da aplicação quando quiser, o que não ocorre quando compra debêntures ou quando coloca dinheiro em fundos de recebíveis, que exigem um tempo mínimo de permanência.
A desvantagem é que os fundos de crédito cobram taxa de administração, que pode reduzir o retorno final — fuja de produtos com taxas superiores a 1,5% ao ano.
Risco: Médio
Retorno anual: 9% (média de mercado, já descontado imposto de renda de 20%)
Investimento mínimo de 200 000 reais
Opção: Debêntures
São títulos de dívida de empresas. O risco que o investidor corre é o de a companhia não pagar o que deve — por isso, grupos de grande porte, como Vale e Gerdau, são vistos como menos arriscados. Quem compra uma debênture deve estar disposto a mantê-la em carteira pelo prazo do investimento, que costuma variar de três a cinco anos.
“Ainda é difícil vender esses papéis no mercado secundário. Quem consegue fazer isso geralmente precisa abrir mão de parte do rendimento”, diz André Mallet, responsável por renda fixa na corretora Um Investimentos.
As debêntures são vendidas aos investidores pelas principais corretoras do país. Apesar de o investimento mínimo mais comum ser de cerca de 200 000 reais, ocasionalmente há títulos sendo negociados a 1 000 reais, como os que foram vendidos recentemente pela incorporadora MRV.
Risco: De médio a alto, dependendo do porte das empresas
Retorno anual: 10% (média de mercado, já descontado imposto de renda de 20%)
Investimento mínimo de 300 000 reais
Opção: Fundos de private equity
Indicados a quem está disposto a deixar o dinheiro aplicado por mais de cinco anos. Esses fundos compram fatias do capital de empresas para revendê-las com lucro anos mais tarde — alguns atuam diretamente na gestão para tentar melhorar os negócios.
Quando dá certo, os retornos são elevados. Uma pesquisa feita pela Ocroma, gestora especializada no setor, com 21 fundos que conseguiram vender suas participações em empresas mostra que o retorno anual médio foi de 30% em dólares entre 1998 e 2011 — enquanto o Ibovespa valorizou 23%.
“O problema é que o risco é altíssimo, porque, dependendo das condições de mercado, os fundos podem não conseguir se desfazer das empresas, o que gera prejuízos para o investidor”, diz Leonardo Ribeiro, sócio da Ocroma. O conselho dos especialistas é procurar fundos com um bom histórico de compra e venda de companhias.
Risco: Altíssimo
Retorno anual: 30% (média anual, entre 1998 e 2011, em dólares)