Arthur Alvarenga (à frente) e os demais sócios fundadores do ChatPay: startup nascida em Nova Lima, Minas Gerais (Marcus Desimoni/Nitro)
Marcelo Sakate
Publicado em 10 de setembro de 2020 às 05h36.
A pandemia deu força para a passion economy. Milhões de pessoas ficaram sem emprego, enquanto escolas, academias e outras empresas fecharam as portas. Na economia criativa digital, cresce o número de pessoas que ganham dinheiro vendendo o conteúdo que produzem e suas habilidades, em alguns casos objetos pessoais de paixão: pode ser uma aula de violão, um método para entrar em forma física ou para ganhar dinheiro com ações.
Na passion economy não é preciso ser uma celebridade com milhões de seguidores e presença nacional na mídia para ser bem-sucedido. São pessoas comuns, nas comunidades em que se sobressaem, que podem ganhar dinheiro com base em seus conhecimentos.
De olho nessa tendência, cinco jovens empreendedores brasileiros lançaram uma startup para viabilizar a monetização de grupos de WhatsApp e Telegram. Assim nasceu, no início deste ano, o ChatPay, cuja solução é uma plataforma de gestão de grupos dos dois aplicativos que permite cobrar dos membros pelo conteúdo oferecido, de forma centralizada. Seu diferencial é oferecer uma solução integrada a dois dos apps de mensagens mais populares do mundo.
“Queremos permitir que as pessoas larguem seu emprego, criem uma audiência e ganhem com o trabalho em seus próprios termos, compartilhando seu talento. É o futuro do trabalho”, afirma Arthur Alvarenga, de 24 anos, CEO e um dos fundadores da startup.
Com apenas alguns meses de vida, o ChatPay foi selecionado pela americana Y Combinator, uma das aceleradoras mais renomadas do mundo, para um intensivo de três meses junto com dezenas de startups promissoras. Além de um aporte de 150.000 dólares, tiveram aulas de como desenvolver a empresa e apresentar seu modelo de negócios para potenciais investidores.
Recém-saída da Y Combinator, a startup acaba de receber 2,1 milhões de dólares como capital-semente da Kaszek Ventures (empresa de venture capital que investiu em startups como Nubank e QuintoAndar), do fundo brasileiro Big Bets e de alguns investidores-anjo. Os objetivos são desenvolver o produto agregando funcionalidades e ganhar escala rapidamente.
A passion economy ganhou força nos últimos anos com as soluções de monetização das grandes redes sociais, como Facebook, YouTube e Instagram. Na segunda onda, startups como Substack (especializada em newsletters), Podia (vídeos e podcasts) e Hotmart (cursos livres) oferecem plataformas para que pessoas comuns rentabilizem suas habilidades com autonomia. O ChatPay quer se juntar a eles: é o mesmo objetivo, mas agora por meio de apps de mensagens.