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Sete Perguntas | A robotização na saúde

Para a presidente mundial da Johnson & Johnson Medical Devices, o setor de cirurgias será transformado pela automação

Ashley McEvoy: “As cirurgias serão muito menos invasivas” (Germano Lüders/Exame)

Ashley McEvoy: “As cirurgias serão muito menos invasivas” (Germano Lüders/Exame)

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Filipe Serrano

Publicado em 10 de outubro de 2019 às 05h10.

Última atualização em 16 de outubro de 2019 às 10h54.

Com uma história de 133 anos no setor de instrumentos e equipamentos médicos, a Johnson & Johnson Medical Devices — uma das divisões da americana Johnson & Johnson — é uma líder mundial no setor, com faturamento anual de 27 bilhões de dólares. À frente da divisão está a executiva Ashley McEvoy, que assumiu a presidência global há um ano e meio. Numa visita recente ao Brasil, ela falou a EXAME sobre as transformações tecnológicas na área médica, que viu o surgimento de robôs capazes de realizar cirurgias. “Nos próximos dez ou 15 anos, as cirurgias se tornarão mais inteligentes”, diz Ashley.

Em que direção o setor de equipamentos médicos, no qual a empresa atua, está caminhando?

Obviamente, a cirurgia robótica é um avanço que vai mudar os padrões de tratamento no mundo. E nós acabamos de dar as boas-vindas na Johnson & Johnson a uma empresa chamada Auris, que foi fundada pelo doutor Fred Moll, um dos pioneiros nessa área. Ele é um dos fundadores da Intuitive Surgical [a mais bem-sucedida fabricante de robôs-cirurgiões]. E também temos um programa com a startup Verily Life Sciences, junto com o Google, para desenvolver salas de cirurgia conectadas.

Que tipo de mudança isso traz?

Permite realizar tratamentos diferentes, em que as operações terão sistemas de navegação para partes do corpo com anatomias complexas, em tempo real, e um pós-operatório melhor. Nos próximos dez ou 15 anos, as cirurgias se tornarão mais inteligentes.

Quão importante é o setor de cirurgias robóticas para o avanço da medicina?

As cirurgias serão muito menos invasivas. E haverá uma melhor recuperação dos pacientes, com um menor custo. Um exemplo é o tratamento de fibrilação atrial, uma espécie de arritmia cardíaca. O procedimento costumava levar 8 horas. Agora estamos realizando em apenas 2 horas.

Como fazer com que as novas técnicas se tornem acessíveis?

A indústria de saúde, infelizmente, é uma das mais fragmentadas e ineficientes. Acho que temos de otimizar os custos e otimizar a experiência do paciente para que ele tenha melhores resultados. Temos muitos casos, mesmo no Brasil, de hospitais que estão trabalhando para padronizar os procedimentos e se livrar das ineficiências, fazendo uma melhor gestão de inventário, do fluxo da sala de operação e reduzindo readmissões de pacientes. Os resultados já mostram uma melhora.

A empresa planeja investir em novas áreas no país?

Dois anos atrás, fizemos um grande investimento para inaugurar um centro de distribuição em Guarulhos, que se tornou uma área de negócio multifacetada. Ele atende não só o Brasil, mas outros 29 países. E 70% dos produtos são exportados.

Como vê o Brasil na estratégia da J&J Medical Devices?

O Brasil é um de nossos dez maiores mercados no mundo. Mas acredito que podemos chegar a muito mais pacientes que ainda precisam ser atendidos aqui. Temos de descobrir maneiras de alcançá-los e dar a eles acesso a um tratamento correto.

Como é possível expandir o acesso?

É preciso ter mais médicos habilitados para realizar os tratamentos. E estamos fazendo isso há décadas, oferecendo treinamento. O segundo passo é tornar os equipamentos mais flexíveis para que possam ser levados de um lugar a outro, independentemente de onde os pacientes e os médicos estiverem.

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