Revista Exame

O reflexo da pandemia na passarela da decoração em São Paulo

Como cinco lojas da Alameda Gabriel Monteiro da Silva, um dos maiores símbolos do mobiliário de alto padrão da capital, sentem os impactos da pandemia

+55design: Inauguração da loja em plena pandemia (Romulo Fialdini/Divulgação)

+55design: Inauguração da loja em plena pandemia (Romulo Fialdini/Divulgação)

DS

Daniel Salles

Publicado em 11 de fevereiro de 2021 às 05h22.

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A meta inicial, veja o azar, era inaugurar a loja em março do ano passado. Em junho, quando ficou claro que a pandemia não acabaria tão cedo, concluiu-se que não fazia mais sentido esperar. “Promovemos a primeira inauguração virtual desse meio”, gaba-se Tatiana Amorim, uma das duas sócias. A outra é a jornalista Ticiana Villas Boas, que ganhou fama pelos trabalhos na TV e por ser mulher de Joesley Batista, da JBS. A loja vende 84 produtos assinados por figuras renomadas, como Arthur Casas, Guto Requena e Neca Abrantes. O retorno financeiro até aqui não é divulgado, mas Tatiana diz que ele superou as expectativas. “Nossos clientes viajavam muito e, com as restrições às viagens, passaram a usar o que gastavam com elas com conforto e qualidade dentro de casa”, acredita ela. “O dinheiro acabou circulando mais no Brasil, e para nosso setor isso foi muito positivo.”

Al. Gabriel Monteiro da Silva, 2.798, Jardim América, São Paulo, (11) 97357-3814

 


Carbono

Prevendo que a pandemia fosse resultar na escassez de matéria-prima, o designer Marcus Ferreira lançou uma linha de pronta entrega — com ela, diminuiu os riscos de deixar os clientes na mão por culpa dos fornecedores. Batizada de Express, está à venda desde julho no site da Carbono e envolve sofás, poltronas, cadeiras, mesas, luminárias e acessórios. “A ideia era montar uma loja física para essas peças, mas mudei os planos”, diz Ferreira, também à frente da loja Decameron, outra na Gabriel. Um dos pilares da Express é o preço. A poltrona de lona reciclada e estrutura metálica, por exemplo, custa 3.088 reais (se fosse encomendada, subiria para 5.803 reais). 

Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.618, Jardim Paulistano, São Paulo, (11) 3815-1699


Dpot

Dpot: só lojas físicas, sem planos de e-commerce (Fernando Guerra/Divulgação)

“Ficou no zero a zero.” É assim que Sergio Buchpiguel resume o desempenho, em 2020, de sua loja, a Dpot. Conhecida por vender peças assinadas por nomes como Isay Weinfeld e Carlos Motta, ela registrou um segundo semestre excelente e um primeiro desastroso. “O crescimento talvez se explique pela demanda reprimida no início da pandemia”, conjectura o empresário. O baque talvez fosse inevitável, já que a Dpot não tem e-commerce nem pretende ter. “Vendo cadeira assinada por Geraldo de Barros. Não há como substituir a experiência de ir à loja”, diz. A Dpot dispõe de uma filial no Shopping D&D, em São Paulo, e de outra, também na Gabriel, dedicada a objetos.

Al. Gabriel Monteiro da Silva, 479, Jardim Paulistano, São Paulo, (11) 3082-9513


Mula Preta 

Um dos valores que a marca mais persegue é a irreverência. Fundada em 2012 pelo designer de produtos André Gurgel e pelo arquiteto Felipe Bezerra, ambos nascidos em Natal, no Rio Grande do Norte, ela tira seu nome da canção Moda da Mula Preta, gravada por Luiz Gonzaga. A dupla também homenageou o Rei do Baião com peças que remetem à sanfona, por exemplo. A ambição da marca ficou clara em novembro passado, quando inaugurou sua primeira loja — bem na Gabriel. “O valor agregado de nossos produtos é alto; e a personalidade da marca, muito forte”, diz Gurgel. A dupla jamais cogitou outro endereço. “As vendas até aqui mostram uma aposta acertada.”

Al. Gabriel Monteiro da Silva, 289, Jardim América, São Paulo, (11) 3230-5630


Breton

“Em nosso segmento, os clientes não abrem mão de sentir os produtos antes de comprá-los”, diz o CEO da Breton, André ­Rivkind. Logo, era de esperar uma forte queda nas vendas entre março e junho de 2020, quando a pandemia impediu o atendimento presencial nas lojas da rede. Em abril, quando o tombo foi de 70%, ela inaugurou um e-commerce focado em pequenos objetos. Mas não bastou para reverter os desastrosos resultados do primeiro semestre. No segundo, porém, a maré virou. “A tendência da casa de campo, que na quarentena muita gente resolveu ter, nos beneficiou”, afirma Rivkind. “Sempre que o mercado imobiliário se aquece, o nosso melhora em seguida.” Tudo somado, a Breton fechou 2020 com um crescimento de 8%. E com duas novas lojas, em Manaus e Boa Vista, que se somaram às nove já existentes. Para 2021 estão previstas mais três.

Al. Gabriel Monteiro da Silva, 820, Jardim América, São Paulo, (11) 3089-6770

(Carmen Fukunari/Arte/Exame)

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