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Luxo | A nova corrida espacial

A chegada do homem à Lua é fonte de inspiração recorrente para coleções de moda e peças de colecionador, como a caneta StarWalker, da Montblanc

Buzz Aldrin na Lua, em 20 de julho de 1969: a façanha virou narrativa para as grifes  (SSPL/Getty Images)

Buzz Aldrin na Lua, em 20 de julho de 1969: a façanha virou narrativa para as grifes (SSPL/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2019 às 05h20.

Última atualização em 8 de julho de 2019 às 15h09.

Quando Neil Armstrong esticou cuidadosamente o pé para tocar pela primeira vez o poroso solo lunar, no dia 20 de julho de 1969, e eternizar a façanha da missão Apollo 11 como um pequeno passo para o homem e um grande salto para a humanidade, o relógio marcava 22h56. No dia 11 de junho passado, quando o astronauta Leroy Chiao pisou no palco da cúpula montada ao lado do Lone Star Flight Museum, em Houston, no Texas, nos arredores do centro de operações da Nasa, eram 21h19.

Todo mundo sabe o que significou a histórica façanha de Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin — este último o primeiro a urinar na Lua, por meio de um tubo instalado dentro da roupa espacial. Vista ao vivo pela TV por cerca de 600 milhões de pessoas, muitas incrédulas até hoje, foi o ápice do esforço dos Estados Unidos para deixar a União Soviética comendo poeira cósmica na corrida espacial. Estima-se que os Estados Unidos tenham investido no projeto Apollo 25,4 bilhões de dólares, o equivalente a 150 bilhões em valores atualizados.

Cinquenta anos depois da conquista, a corrida espacial mais eletrizante talvez seja a travada por empresários como Richard Branson, Jeff Bezos e Elon Musk, todos com fortuna suficiente para lançar naves aos ares. Dono do grupo Virgin e da companhia Virgin Galactic, Branson conseguiu em dezembro que sua nave espacial, a SpaceShipTwo, atingisse uma altitude de 82 quilômetros com duas pessoas a bordo e pousasse sã e salva.

Em fevereiro, repetiu a façanha com uma terceira pessoa a 89,9 quilômetros de altitude. Bezos, fundador da Amazon e o homem mais rico do mundo, criou em 2000 a empresa Blue Origin, incumbida de construir um veículo destinado a levar turistas para passear na fronteira com o espaço. Batizada de New Shepard, a nave é reutilizável, tem capacidade para seis pessoas e deverá realizar voos de até 11 minutos a uma altura máxima de 100 quilômetros. Em maio, o bilionário anunciou que a sonda lunar Blue Moon estará apta a desembarcar americanos na Lua em 2024. Esse é o mesmo prazo estipulado pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, para uma nova missão governamental tripulada rumo ao satélite.

Determinado a transferir os custos da exploração espacial à iniciativa privada, o governo americano anunciou em junho que abrirá as portas da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) a missões organizadas por empresas e até a turistas. Criada em 2002 por Musk, dono da Tesla, a SpaceX desenvolve a nave com a qual a Nasa pretende levar seus astronautas até a ISS, que ronda a Terra a uma velocidade de 28.000 quilômetros por hora, e é uma das companhias responsáveis por abastecê-la com equipamento.

Mas e o astronauta Leroy Chiao, citado no começo deste texto, nessa história toda? Ex-comandante da ISS, ele foi arregimentado para outra corrida que envolve o espaço, a que é travada pelas grifes de luxo. Ao lado do ator Hugh Jackman, o Wolverine, e Nicolas Baretzki, presidente global da Montblanc, Chiao comandou no Lone Star Flight Museum o lançamento da nova coleção de canetas da grife alemã, no mesmo local de onde partiu a missão Apolo 11. Batizada de StarWalker, destaca-se principalmente pela ponta da tampa, formada por uma cúpula translúcida que imita a visão da Terra sob a perspectiva da Lua. “Ela nos dá a chance de dar um passo atrás, de nos reconectar com nosso planeta”, disse Jackman, embaixador da marca, no evento.   

“O design não tem como existir sem o storytelling”, afirmou Zaim Kamal, diretor criativo da Montblanc, falando sobre a referência espacial da nova coleção de instrumentos de escrita. “Não dá para criar no vácuo, sem saber o que queremos contar e expressar.” A campanha visual da nova linha Star-Walker mostra a Terra vista do espaço, um astronauta vagando em direção a ela, ilustrado pelo coreano JaeHoon Choi, uma das canetas da linha e a palavra “Reconnect”.

As conquistas no espaço são fonte de inspiração recorrente para as grifes de luxo. Parte da fama de estilistas como Paco Rabanne, André Courrèges e Pierre Cardin se deve às vestimentas criadas por eles baseadas na exploração fora da Terra. Dois anos atrás, a Chanel apresentou sua coleção na Semana de Moda de Paris ao redor de uma réplica de um foguete espacial. No mesmo ano, a Gucci lançou uma coleção que pode ser descrita como a atualização dos trajes do elenco de Star Trek e a Coach pôs nas lojas uma série de acessórios inspirados na Nasa.

Se a Montblanc tem Hugh Jackman, a Omega tem George Clooney como garoto-propaganda. Em março, a relojoaria suíça lançou uma edição limitada, com 6.969 exemplares, do modelo Speedmaster Moonwatch. O modelo tem caixa de aço inoxidável, ponteiros de ouro 18 quilates e um desenho no mostrador de Buzz Aldrin prestes a pisar na superfície lunar. Quando o feito ocorreu de verdade, o astronauta levava no pulso um Speedmaster, que ficou então conhecido como Moonwatch. Na corrida das marcas por uma narrativa que emocione os consumidores, a chegada do homem à Lua representa uma vantagem de anos-luz.

 

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