Argentina: eleição marcará uma mudança na política do país. (John W. Banagan/Getty Images)
Repórter de Lifestyle
Publicado em 28 de julho de 2023 às 06h00.
Última atualização em 29 de julho de 2023 às 06h23.
Se no Brasil os próximos meses serão marcados pela tramitação da reforma tributária e a votação do novo arcabouço fiscal, no restante do mundo há eleições que podem mexer no tabuleiro geopolítico, com impactos para o Brasil (veja o quadro). Os argentinos escolhem o próximo presidente em outubro e o cenário aponta o declínio do kirchnerismo, como explica Maurício Moura, sócio do Fundo Zaftra da Gauss Capital, que analisa o impacto de eleições globais e as suas consequências econômicas.
Pela primeira vez, o país tem um candidato de extrema direita, Javier Milei, com reais chances eleitorais. No macro, o pleito é marcado por uma oposição ao atual governo do presidente Alberto Fernández, que poderia se candidatar, mas não conseguiu reunir forças políticas para a reeleição. “O governo é muito mal avaliado por causa da economia. São poucos os incumbentes que não se apresentam para um novo mandato”, diz Moura. Um dos principais candidatos da disputa é o atual ministro da Fazenda, Sergio Massa, que ostenta a peculiar situação de oposição ao presidente e à vice Cristina Kirchner, mesmo fazendo parte do governo da Argentina, um dos principais parceiros comerciais do Brasil.
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No calendário, outra eleição com impactos globais é a da Polônia, entre outubro e novembro. O país tem sido uma peça-chave no apoio europeu e do Ocidente em relação à guerra na Ucrânia, questão que naturalmente domina o debate interno. Apesar da atenção internacional, o pleito polonês não é o mais importante dos próximos meses, avalia Moura. Para ele, o cerne da geopolítica global estará na escolha do próximo presidente de Taiwan, em 13 de janeiro. O pleito definirá a “probabilidade de uma invasão chinesa no curto prazo”.
A ilha está no centro de uma disputa entre China e Estados Unidos há anos. Nos últimos meses, a questão ficou mais expressiva com inúmeros exercícios militares, intensificados após a visita da então presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, em agosto do ano passado. Pela primeira vez, a disputa tem duas narrativas. Uma delas, mais alinhada aos Estados Unidos, com a atual presidente, Tsai Ing-wen -— que não pode ir à reeleição, mas indicou o vice Lai Ching-te. Do outro lado está Ma Ying-jeou — pró-Pequim —, que já foi presidente entre 2008 e 2016.
A eleição de Taiwan terá implicações para a disputa mais expressiva de 2024, a dos Estados Unidos, onde há chances reais de um novo confronto entre o ex-presidente Donald Trump e o atual, Joe Biden.
Já os sul-africanos podem ver, pela primeira vez, a derrota do partido do ex-presidente Nelson Mandela, que governa o país desde 1994. O jeito é se programar desde já para os efeitos da geopolítica eleitoral no Brasil.