Percepção do brasileiro sobre o governo Lula
A última edição da revista EXAME traz números exclusivos da pesquisa EXAME/IDEIA, a primeira divulgada desde que o petista assumiu como chefe do Poder Executivo no dia 1º de janeiro. Para 41% dos brasileiros, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é considerado ótimo ou bom — 28% o avaliam como ruim ou péssimo. Outros 18% classificam como regular.
A título de comparação, a primeira pesquisa do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), divulgada no dia 10 de janeiro de 2019, os brasileiros que consideravam o governo como ótimo ou bom somavam 50%, e aqueles que achavam ruim ou péssimo eram 22%. Quem avaliava o trabalho do ex-presidente como regular totalizava 28%.
Para a sondagem, foram ouvidas 1.500 pessoas de todo o Brasil, por telefone, entre os dias 10 e 13 de janeiro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança de 95%. A EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública.
Cila Schulman, presidente do Instituto IDEIA, destaca que na eleição de 2018 Bolsonaro teve uma vitória com 55,54% dos votos válidos, enquanto Lula saiu vitorioso do pleito com margem apertada, de 50,9% dos votos válidos. “A pesquisa mostra um país amplamente dividido, que não superou as diferenças da eleição. A polarização continua firme, com eleitores de Lula e Bolsonaro em posições opostas”, afirma.
Avaliação de Lula por região
Nos números por região, o Nordeste, onde Lula teve a maior parte dos votos válidos que garantiram a sua vitória, 41% avaliam o governo como ótimo ou bom, e 37% dos brasileiros da região Sul — região com menor margem de votos a Lula na eleição — têm uma opinião positiva dos primeiros dias do governo petista.
Por classe econômica, entre os mais ricos, Lula é melhor avaliado do que entre os mais pobres. Nas classes A e B, o governo do presidente é considerado ótimo e bom por 47% dos brasileiros. Nas classes D e E este número é de 37%. Entre os entrevistados da classe C, 36% avaliam positivamente o governo do petista.
“Bolsonaro assumiu com maior apoio popular, não com uma população dividida como é o caso de Lula, que já de cara enfrenta um antipetismo agudizado pela eleição recente. Isso inclusive é o que tem acontecido com a maioria dos presidentes recentemente eleitos na América Latina, que assumem já com forte oposição e dificuldades para governar”, afirma Cila, do IDEIA.
Otimismo com a economia
Os ataques antidemocráticos na sede dos Três Poderes em Brasília não abalaram o otimismo de parte da população brasileira em relação à economia. De acordo com a pesquisa EXAME/IDEIA, 33% dos entrevistados acham que a situação do país deve melhorar neste ano. Outros 34% acreditam que o cenário deve permanecer o mesmo já registrado em 2022, e 25% têm um sentimento mais pessimista entendendo que a economia deve piorar neste ano.
A pesquisa EXAME/IDEIA mostra ainda que os temas ligados à economia seguem sendo prioridade para a população: um em cada quatro aponta frentes como inflação ou pobreza como os maiores problemas do Brasil hoje, à frente de outros como corrupção, educação ou segurança.
Por outro lado, os brasileiros estão cautelosamente esperançosos: só 24% se dizem “pessimistas” sobre suas vidas em 2023 e, na mesma linha, só 25% acham que a economia “vai piorar”. O restante está ou indiferente ou, caso da maior parte, apostando que haverá melhoras.
“Apesar do quadro de insegurança sobre as propostas do novo governo na economia, o eleitor está otimista. Há, portanto, uma janela de oportunidade para manter essa boa onda”, diz Cila Schulman, presidente do Instituto IDEIA.
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Desafios econômicos
Enquanto o turbilhão político (e jurídico) continua em Brasília, a agenda econômica precisou seguir seu próprio rumo. Só quatro dias após os ataques, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se sentava em um auditório no Ministério para apresentar o que chamou de “primeiras medidas” econômicas do governo — em pronunciamento ao lado da ministra do Planejamento, Simone Tebet, e da Gestão, Esther Dweck. A pauta, afinal, é urgente para os brasileiros, com ou sem ataques aos palácios.
Para chegar lá, porém, a missão é complexa. O déficit previsto no Orçamento de 2023 é, de largada, de mais de 231 bilhões de reais. Para estancar a sangria, o primeiro plano de Haddad incluiu medidas que podem chegar a até 242,7 bilhões de reais em receita. Em uma estimativa da própria Fazenda, com o novo plano, o déficit no ano deve ficar entre 0,5% e 1% do PIB, entre 90 e 100 bilhões de reais, isto é, cortado pela metade (se toda a receita prevista viesse, haveria até superávit de 0,1% do PIB, mas nem o governo trabalha com esse cenário).
A Fazenda calcula, por exemplo, que há uma “herança” de 150 bilhões de reais em desonerações, nem todas podendo ser revogadas de imediato — enquanto algumas são alvo de embate político, como a desoneração dos combustíveis, prorrogada por 60 dias pelo governo Lula, a sabido contragosto da Fazenda.
Nesse horizonte turbulento, Haddad já fala abertamente na possibilidade de não aumentar o salário mínimo para 1.320 reais como estava previsto. “Essa visão realista de que o déficit pode ficar próximo de 1% do PIB é importante para mostrar que o Ministério sabe que nem tudo que está lá vai acontecer”, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. Ele reforça, no entanto, que esse é só um começo, e a expectativa para o ano é sobretudo pela apresentação de uma nova âncora fiscal e sinais sobre a reforma tributária.
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Créditos
Gilson Garrett Jr.
Repórter de Lifestyle
Formado pela PUCPR, com especializações em Relações Internacionais, Modelo de Negócios e Mercado de Capitais. Por 9 anos escreveu sobre enogastronomia, cultura e turismo na Gazeta do Povo. Desde 2020 na EXAME, cobre lifestyle.
Carolina Riveira
Repórter de Economia e Mundo
Formada pela Universidade de São Paulo, cobre temas de políticas públicas, economia e política internacional para a EXAME. Publicou em veículos como Pequenas Empresas e Grandes Negócios e Folha de S.Paulo.