Pop

WinZO, de jogos online, quer 'dar um gás' no mercado de games com talentos do Brasil

Em entrevista exclusiva à EXAME, Paavan Nanda, CEO e co-fundador da WinZO, detelha como a empresa conta com a produção brasileira de games para ganhar mercado por meio de novos jogos

Paavan Nanda, CEO e co-fundador da WinZO (WinZO/Divulgação)

Paavan Nanda, CEO e co-fundador da WinZO (WinZO/Divulgação)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter da Home

Publicado em 16 de julho de 2024 às 19h00.

Última atualização em 17 de julho de 2024 às 07h57.

Tudo sobreGames
Saiba mais

Anos atrás os jogos e videogames eram assuntos restritos às rodas de entusiastas de tecnologia e fãs de cultura nerd, mas nos dias atuais, se tornaram onipresentes nos smartphones de mais de 3  bilhões de pessoas em todo o mundo, segundo dados da pesquisa Newzoo. Em dado consolidado de 2023, representam um mercado de 92 bilhões de dólares.

No movimento mais recente dos jogos de celular, o nicho se expandiu dos principais mercados desenvolvedores - EUA, Japão e Índia - para regiões que antes concentravam apenas os consumidores de jogos, como o Brasil, líder o número de gamers na América Latina, com 100 milhões de jogadores ativos. Com o novo cenário, o país também apresenta condições para entrar no grupo de produtores.

Esse potencial foi mais mais que suficiente para convencer a WinZO, de jogos mobile, a investir aqui e contar com a ajuda dos profissionais locais para estimular a elaboração de games com DNA brasileiro.

A WinZO é uma companhia fundada em 2018 pelos indianos Paavan Nanda e Saumya Singh Rathore. A empresa oferece uma plataforma para publicação e distribuição de games, aos moldes da Epic e Steam, mas para o universo dos smartphones. Apesar de não desenvolver nenhum jogo, ela conta com um ecossistema tecnológico no qual as produtoras e seus desenvolvedores são os responsáveis por disponibilizar os jogos aos mais de 150 milhões de usuários registrados.

Neste serviço, joga-se de forma gratuita, sem nenhum tipo de custo. Para monetizar, os produtores podem cobrar por funcionalidades específicas dentro dos jogos — um modelo conhecido como Games as a service e que ganhou popularidade após o sucesso das "skins" no Fortnite e das armas e ferramentas no League of Legends (LOL).

Para conquistar jogadores ao redor do mundo, a plataforma prioriza conteúdos elaborados a partir de culturas e em vários idiomas. Há desenvolvedores em mais de 10 países, incluindo França, Rússia e inúmeros países africanos, que atualmente produzem para a WinZO, com a promessa do Brasil ganhar mais protagonismo na seleta lista.

Aposta alta

Em entrevista exclusiva à EXAME, Paavan Nanda, CEO e co-fundador da WinZO, conta que os planos da empresa para o Brasil consistem na expansão dos títulos por meio de ideias vindas da própria comunidade existente na plataforma.

"Nossa escolha pelo Brasil se deve ao crescimento da indústria de jogos, impulsionado pela grande população jovem e pela crescente uso de internet, que impulsionou a busca por entretenimento digital, incluindo jogos. Isso nos ofereceu amplas oportunidades de investimento".

A iniciativa conta com um fundo de US$ 50 milhões para financiar e promover projetos e tecnologias na América Latina. Desse total, US$ 35 milhões serão destinados exclusivamente às operações no Brasil - US$ 10 milhões para infraestrutura de tecnologia e contratação de desenvolvedores independentes, enquanto os outros US$ 25 milhões serão aplicados em marketing e estratégias.

Para incluir os brasileiros nesse movimento, a empresa conta com um programa de conhecimento compartilhado que busca talentos no país para mapear oportunidades e deixar os jogos mais personalizados. Essa ação ocorre em parceria com a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Ao contratar e investir em profissionais locais, a WinZO pretende contribuir com o mercado de jogos brasileiro, construir uma forte presença de marca e garantir eficácia operacional. Segundo Paavan, o projeto também visa promover a integração cultural e trazer ofertas autênticas e relevantes de jogos aos seus usuários.

"Os profissionais brasileiros trazem um profundo conhecimento da cultura, preferências e hábitos de jogo do país, o que é crucial para personalizá-los e melhorar as experiências do usuário", afirma.

"A diversidade trazida pelos talentos do país para a equipe da WinZO pode levar à criação de conceitos de jogos inovadores, mecânicas únicas de jogo e técnicas de narrativa convincentes que podem atrair especificamente os brasileiros. Ao integrar a experiência local, a companhia pode desenvolver jogos que não são apenas populares aí, mas também possuem potencial de apelo global".

De acordo com a WinZO, a parceria também abre boas oportunidades para o co-desenvolvimento de projetos de pesquisa, que fornecerão informações e estratégias para expandir a presença da empresa nacionalmente.

O valor do Brasil na indústria de games

Saumya Singh Rathore e Paavan Nanda, co-fundadores da WinZO (Divulgação)

No Brasil, a indústria dos jogos movimenta R$ 13 bilhões e fatura R$ 1,2 bilhão por ano. Desse modo, o país se destaca como décimo maior mercado de games no planeta, segundo levantamento da Newzoo. Para ter uma noção da potência dos games por aqui, mais de 100 milhões de jogadores gastaram US$ 2,7 bilhões em 2022. O estudo projeta que os usuários brasileiros gastem aproximadamente US$ 3,5 bilhões até 2025.

"A cultura brasileira tem forte afinidade com jogos e entretenimento digital. Além de uma comunidade vibrante e diversos eventos de jogos e torneios de e-sports, e isso cria um ambiente favorável para as plataformas de jogos".

Paavan também que ressalta que outro fator que pesou na escolha do Brasil para este investimento foi a modernização da infraestrutura de pagamentos digitais, como o Pix. "Isso ajudou a resolver os problemas para a realização de pagamentos no país. Com seus recursos de transação eficientes e rápidos, o Pix estabeleceu uma base sólida para o Brasil emergir como uma economia conectada digitalmente".

Além do cenário mercadológico, o CEO também vê a diversidade cultural e étnica no país como uma fator que pode agregar valor ao portfólio da WinZO.

"Isso reduz as barreiras de entrada e atrai uma base de jogadores mais plural, incluindo indivíduos que anteriormente poderiam ter-se sentido excluídos. Por meio da tecnologia de machine learning, os jogos personalizados permitem adaptação em tempo real de experiências de jogo, ou seja, levam em conta o comportamento, preferências e desempenho do jogador. Este ajuste aumenta a satisfação e a retenção do jogador".

Ao olhar de perto para o Brasil, o executivo também vê muitas semelhanças com os usuários indianos. Não apenas no consumo de games, como também no modo como suas culturas influenciam o entretenimento.

"Ambos os países têm mercados de jogos em rápido crescimento, mas o acesso da maioria das pessoas aos consoles de jogos e PCs de alta qualidade ainda é limitado. Isso torna os jogos móveis mais acessíveis e populares. A interação social é outro aspecto significativo da cultura dos jogos em ambos os países, que possuem comunidades e fóruns de jogos online vibrantes onde os jogadores compartilham dicas, estratégias e experiências".

Tanto no Brasil, quanto na Índia, Paavan nota um favoritismo dos jogadores por aventuras e desafios online que tragam uma identificação com as culturas e valores regionais. "A localização é uma estratégia fundamental para desenvolvedores de jogos em ambos os países. Os jogadores gostam de jogos que se relacionam com suas origens culturais, como temas inspirados no folclore ou jogos esportivos, como o futebol no Brasil e o críquete na Índia".

Acompanhe tudo sobre:GamesJogosÍndia

Mais de Pop

10 frases de Ayrton Senna para se inspirar

Natal e Ano Novo 2024: 20 frases para celebrar (e inspirar) as festas de final de ano

As 20 melhores séries de 2024 e onde assisti-las

Indicação relâmpago: Infinity Nikki conquista nomeação ao melhor jogo de 2024 pela IGN