Vinho foi encontrado em Carmona, no sul da Espanha, e tem aproximadamente 2 mil anos. (Reprodução: Daniel Cosano/Juan Manuel Román/Dolores Esquivel/Fernando Lafon/Divulgação)
Redator na Exame
Publicado em 20 de junho de 2024 às 10h23.
Uma urna funerária romana de 2.000 anos encontrada em Carmona, no sul da Espanha, foi identificada como contendo o vinho mais antigo já descoberto em forma líquida. Esta descoberta foi feita durante reformas em uma casa em 2019 e posteriormente analisada por uma equipe de cientistas da Universidade de Córdoba. O estudo, publicado na segunda-feira, 17, lança luz sobre esta peça extraordinária da história. As informações são da CNN.
A urna, que foi descoberta durante reformas em uma propriedade, continha restos cremados, marfim queimado supostamente vindo de uma pira funerária e aproximadamente 4,5 litros de um líquido avermelhado. A descoberta foi liderada por José Rafael Ruiz Arrebola, professor de química orgânica na Universidade de Córdoba. Ao abrir a urna, a equipe ficou surpresa ao encontrar o líquido dentro, que foi posteriormente identificado como vinho através de análise química.
O que torna essa descoberta tão surpreendente é a preservação do vinho. O vinho é tipicamente conhecido por evaporar rapidamente e ser quimicamente instável, tornando quase impossível encontrá-lo em forma líquida após tanto tempo. A equipe percebeu que a vedação hermética impediu a evaporação do vinho, embora o mecanismo exato dessa vedação ainda seja desconhecido.
Análises químicas adicionais revelaram que o líquido era vinho branco, pois não continha ácido siríngico, que está presente nos vinhos tintos. Além disso, a composição de sal mineral do vinho foi encontrada semelhante aos vinhos finos produzidos na região atualmente.
Ruiz Arrebola descreveu a descoberta como "algo único", enfatizando a raridade e a importância de analisar um líquido tão antigo. A descoberta desse vinho de 2.000 anos ultrapassa o detentor anterior do recorde de vinho líquido mais antigo, a garrafa de vinho Speyer encontrada na Alemanha, que se acredita ter cerca de 1.700 anos.
Esta urna funerária romana foi uma das seis encontradas no mausoléu, cada uma contendo restos mortais. A descoberta fornece insights inestimáveis sobre as práticas funerárias romanas antigas e a importância cultural do vinho na sociedade romana. Também destaca os métodos avançados de preservação que podem ter sido empregados durante aquela época.
Segundo o Journal of Archaeological Science, a descoberta deste vinho antigo não só adiciona um capítulo significativo à história da vinificação, mas também ressalta as notáveis técnicas de preservação usadas pelos romanos. Esta descoberta certamente despertará mais pesquisas e interesse na cultura romana antiga e em seus costumes funerários.