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The Town: Foo Fighters faz maior show do evento, Garbage traz hits e Pitty abre dia de rock

Garbage, Wet Leg, Barão Vermelho e Detonautas também foram destaques do penúltimo dia do festival

The Town: Foo Fighters faz show histórico em São Paulo (I Hate Flash/ The Town/Divulgação)

The Town: Foo Fighters faz show histórico em São Paulo (I Hate Flash/ The Town/Divulgação)

Publicado em 10 de setembro de 2023 às 16h59.

Última atualização em 11 de setembro de 2023 às 13h12.

O sábado, 9, no The Town ficou marcado como o dia do rock. O line-up foi cuidadosamente pensado para agradar os fãs do gênero musical, com artistas e bandas como Foo Fighters, Garbage, Yeah Yeah Yeahs, Wet Leg, Barão Vermelho, Detonautas e outros.

O festival teve um show histórico do Foo Fighters, um dos headliners mais aguardados do evento, que se apresentou no palco Skyline para um público tão grande que se perdia de vista no horizonte. A banda de Dave Grohl fez a apresentação mais longa do The Town até então, com 2h30 de duração.

A escolha dos artistas e bandas que se apresentaram no último sábado foi pensada com cautela, afinal, os fãs de rock já carregam a fama de serem mais seletivos com as músicas e bandas que escutam. E quando estão descontentes, deixam sua insatisfação bem evidente: a apresentação do grupo Yeah Yeah Yeahs, que entrou para o line-up para substituir o Queens of The Stone Age, foi uma das mais vaiadas do festival.

Fora do rock internacional, que dominou o palco Skyline, o cenário do rock no Brasil também tomou conta do The Town com apresentações calorosas. O Barão Vermelho fez homenagens a Cazuza, Pitty emocionou os Millennials com músicas clássicas dos anos 2000 e os Detonautas relembraram a força do rock nacional nos dias de hoje.

Veja como foi o sábado, 9, no The Town

Foo Fighters

A banda de Dave Grohl foi uma das primeiras a serem anunciadas para o The Town, no início do ano, e também uma das primeiras a fazer com que os ingressos do festival se esgotassem em poucas horas depois do anúncio das vendas.

No sábado, deu para entender o motivo do frenesi: o Foo Fighters fez a apresentação mais longa do festival, com 2h30 de duração, para um público que, mesmo às 23h da noite, gritou e dançou a apresentação inteira. Os fãs chegaram cedo e correram para a grade em uma disputa intensa pelo melhor lugar para ver o show. E mesmo debaixo de uma chuva leve, não saíram de perto do palco. Na hora da apresentação, o público era tão grande que se perdia de vista na área do Skyline e chegou a "invadir" parte do espaço do palco The One.

Sob a energia inexplicável de Dave Grohl, de 54 anos, os fãs gritaram as letras de "All My Life", música com a qual o Foo Fighters sempre costuma abrir seus shows. O coro da multidão ficou ainda mais forte nas canções "My Hero", "Times Like These", "Best of You", "Monkey Wrench" e "Everlong", que encerrou a apresentação.

A banda também surpreendeu o público ao tocar "These Days", que tem ficado de fora dos setlists da turnê do Foo Fighters pelo mundo.

Dave também expressou seu amor e carinho pelos fãs brasileiros em diversos momentos do show. "Sabem, o Foo Fighters cantou em todo o canto do mundo esse ano. E ouvimos os fãs, mas vocês... Vocês são a melhor plateia do mundo, não tem nada igual ao que fazem aqui. É lindo ver vocês cantarem, e eu quero cantar com vocês também", comentou ele. Várias vezes o cantor pediu para que a organização iluminasse a plateia para que ele pudesse ver seus fãs cantarem e dançarem.

O show ficou marcado pela energia contagiante da banda, assim como momentos mais tristes, como a homenagem ao antigo baterista do Foo Fighters, Taylor Hawkins, que morreu em 2022, dois dias antes da apresentação do grupo no Lollapalooza.

"Eu não quero dizer tchau, não gosto disso. Então vou dizer até breve, porque quando a gente voltar (e vamos voltar), a gente toca o resto das nossas músicas com vocês", finalizou o vocalista.

Yeah Yeah Yeahs

A apresentação da banda Yeah Yeah Yeahs dividiu o público do The Town. Teve quem amou, teve quem odiou, teve quem literalmente sentou no chão e dormiu. O grupo veio para substituir o Queens of the Stone Age, que teve que cancelar seu show no Brasil por recomendações médicas.

Com uma plateia desanimada e à espera do Foo Fighters, o grupo não conseguiu fazer com que o público cantasse suas músicas. Ainda que houvesse uma parcela de fãs curtindo o momento — e a banda de fato entregou uma boa performance no palco —, o Yeah Yeah Yeahs deixou o palco sem muitas palmas e com parte da plateia vaiando o show. Na grade, algumas pessoas se apoiaram para tirar um cochilo.

Mesmo com canhões de papel e energia por parte dos músicos, não foi o hit de sucesso "Heads will roll" que tirou o público do chão, e sim o fatídico momento em que dois fãs ficaram presos na tirolesa em frente ao palco Skyline. A cantora Karen O teve que parar a apresentação no momento para pedir ajuda. "Gente, vou ter que parar aqui porque eu fiquei distraída com os dois ali presos na tirolesa. Vocês estão bem? Alguém pode ajudar a tirá-los de lá?", pediu ela.

O grupo tentou: com energia de sobra, pulos no palco e até um momento explosivo em que a cantora e o guitarrista arremessaram seus instrumentos ao chão, eles pediram "tem amor por aqui?", mas o público não respondeu.

Garbage

A pedido do Foo Fighters, o The Town trouxe a banda Garbage de volta ao Brasil para apresentação no dia 9. Com hits clássicos como "Supervixen", "1#Crush", "The men who rule the world" e  "Only Happen when it rains", o grupo mostrou que a era do grunge ainda está bem ativa — e cheia de energia para compartilhar.

A cantora escocesa Shirley Manson animou o público no início da noite, e relembrou como as bandas do início da década de 1990 ainda têm seu valor e reconhecimento. "Somos uns dos poucos sobreviventes daquela época e estamos aqui, de novo. O futuro é incerto e eu não sei quando voltamos e se voltamos, mas é bom compartilhar esse momento com vocês", ressaltou ela. 

Para relembrar os clássicos da carreira, o grupo tocou também "I Think I'm Paranoid" e "Stupid Girl". "Quem é mais velho aqui vai lembrar dessas músicas que passavam direto na MTV", complementou a artista.

Shirley também tirou boas risadas do público quando cantou "Godhead". Na hora de apresentá-la, afirmou que a canção foi escrita por ela uma vez que imaginou como seria sua vida se tivesse um pênis. 

O Garbage existe desde 1994, e conta com Butch Vig, produtor de "Nevermind", disco do Nirvana, como baterista.

Pitty

No último sábado, 9, Pitty subiu ao palco Skyline no The Town em apresentação nostálgica. Além da banda ao vivo habitual, a cantora baiana estava acompanhada da Nova Orquestra, que contava com instrumentos de corda, como o violino, e sopro, como o saxofone, o que deu um tom diferenciado às músicas já muito conhecidas pelo público.

Mesmo com o tempo nublado, Pitty brilhou durante a apresentação e a performance contou com hits como “Teto de Vidro”, “Admirável Chip Novo”, “Equalize” e “Semana que Vem”. “Muito obrigada por esse afeto e esse amor, que isso se multiplique hoje em forma de música”, disse a cantora em discurso emocionado.

A apresentação só reforçou o fato de que o álbum “Admirável Chip Novo”, de 20 anos atrás, que chancelou a cantora como uma figura importante na cena do rock nacional, se mantém como uma produção musical extremamente relevante e querida pelo público – que cantava as músicas linha por linha.

Além de todo o carisma, a cantora mostrou que dominar os palcos e ter um diálogo com o público nunca foi um problema para ela. Em certo momento, Pitty pediu para que o público abrisse uma roda no meio da pista e, seguindo a sua contagem, todos deveriam correr para o meio, emulando em partes a energia das rodas de bate cabeça, tão comuns no meio do rock. Com a plateia acompanhando cada detalhe, Pitty optou por fechar a apresentação de onze músicas com o hino “Me Adora”.

Wet Leg

A dupla Hester Chambers e Rhian Teasdale fez sua estreia em São Paulo no palco The One durante a noite de sábado. Com pouco jogo de luzes e nenhum convidado, a banda inglesa resgatou a simplicidade, o papel e o poder da música em um festival – sem se apoiar exageradamente em elementos secundários.

Dentre as músicas apresentadas, a dupla se concentrou em faixas como “Wet Dream”, “Piece of Shit” e “Angelica”, músicas lançadas em 2022 no álbum homônimo.

Porém, o momento do show se mostrou um tanto inoportuno: muitas pessoas circulavam entre os palcos, como um processo de preparação canônica para o headliner da noite, Foo Fighters, que se apresentaria no palco próximo, o Skyline.

Mesmo com a pouca plateia e talvez sendo o show internacional mais vazio do festival até agora, a banda se emocionou, se divertiu bastante e trouxe durante a apresentação as camadas de carisma e diversão do que significa fazer indie rock hoje. “Obrigada do fundo dos nossos corações por nos receberem tão bem e obrigada de novo a todos da família Wet Leg. Amo muito vocês”, disse Teasdale ao final da apresentação.

Barão Vermelho e Samuel Rosa

Um dos shows mais calorosos da noite foi a apresentação da banda Barão Vemelho, que ficou marcada pela intensa homenagem ao antigo vocalista, Cazuza. Com Rodrigo Suricato assumindo a posição, desde 2017, o público relembrou clássicos como "Por Você", "Codinome Beija-Flor" e "Exagerado".

Assim que a banda subiu ao palco, o telão passou uma sequência de entrevistas do Barão Vermelho, feitas ao longo de seus 42 anos de existência. A história do grupo se uniu à história do Brasil e dividiu o público que, em parte tinha sentimento de nostalgia, em parte parecia ver aquele material pela primeira vez.

A banda instigou o público a cantar os hits mais famosos, como "Bete Balanço", e até lançou um cover de "Tente Outra Vez", de Raul Seixas. E, em homenagem ao Cazuza, Suricato também pediu para que os fãs apontassem o celular com flash ligado ao céu, enquanto tocava "Codinome Beija-Flor".

O show também foi marcado por críticas ao cenário nacional do rock e apoio às bandas brasileiras. "A história do Barão Vermelho, assim como o rock nacional, é uma história de resistência. Viva o rock cantado nesse país", declarou Suricato.

Mas o momento mais impactante sem dúvida foi a entrada do convidado Samuel Rosa, vocalista do Skank, que tocou com o Barão duas de suas músicas mais famosas: "Ainda Gosto Dela" e "Vou Deixar". Ao final, também cantou "Puro Êxtase" e "Maior Abandonado" com a banda.

Detonautas

Outro sucesso do The Town foi a apresentação dos Detonautas, no palco The One. Com tom crítico sobre o rock no Brasil, e um apelo pela valorização da música nacional, a banda marcou o festival com grandes hits de sucesso, tais como "Olhos Certos", "Você Me Faz Tão Bem" e "Quando O Sol Se For".

O grupo também fez homenagem a outros artistas e bandas nacionais, como Rita Lee, Planet Hemp e Titãs, que tiveram suas capas de discos divulgados no telão do palco. "O amor não estará na igreja, no pastor, em lugar nenhum", disse o vocalista, "esse amor, a nossa democracia, isso tudo é a única revolução verdadeira", concluiu.

O dia nublado não impediu que o vocalista do Detonautas, Tico Santa Cruz, organizasse uma roda de rock na plateia. "Não tem como fazer um show de rock sem ter uma roda, abre espaço aí, galera", disse ele.

O grupo também contou com a presença de Victor Kley, que cantou "Morena", "O Sol" e "O Dia Que Não Terminou" junto da banda. 

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