Titan: submarino da OceanGate que afundou no Atlântico Norte (Ocean Gate / Handout/Anadolu Agency/Getty Images)
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Publicado em 28 de dezembro de 2023 às 08h00.
Em junho de 2023, autoridades dos Estados Unidos e do Canadá mobilizaram-se para localizar e resgatar os cinco tripulantes do submarino Titan, uma criação da empresa OceanGate, que estava em expedição pelo ponto dos destroços do Titanic no Atlântico Norte.
Neste mês, completa-se seis meses desde a tragédia, e as investigações sobre o incidente prosseguem, mantendo questões sem resposta.
O desaparecimento do submarino ocorreu em 18 de junho, algumas horas após o início de sua descida até o fundo do mar. Sua tripulação, composta por cidadãos dos Estados Unidos, Reino Unido, Paquistão e França, faleceu durante uma implosão provocada pela intensa pressão sobre a estrutura do submersível. Cerca de 80 horas após o desaparecimento, quando se estimava que o suprimento de oxigênio da embarcação estivesse próximo do fim, os destroços foram localizados.
Os destroços do Titan foram encontrados a 500 metros da proa do Titanic, que está situado a quase quatro quilômetros de profundidade e a 600 km da costa de Terranova, Canadá. Entre as vítimas da implosão, estavam os bilionários Hamish Harding, o mergulhador francês Paul-Henry Nargeolet, bem como o empresário paquistanês Shahzada Dawood e seu filho, Suleman Dawood. O CEO da OceanGate, Stockton Rush, que pilotava o submarino no momento da implosão, também morreu.
A Guarda Costeira dos Estados Unidos passou a conduzir a investigação. Em comunicado, declararam: "A investigação está atualmente na fase de apuração de fatos, que envolve a análise de provas e a realização de entrevistas com testemunhas, e a data de conclusão da investigação é desconhecida neste momento".
Um dos principais mistérios não esclarecidos é o que causou a implosão do submarino. Uma das teorias mais plausíveis sugere o uso de materiais não testados, como a fibra de carbono, na estrutura do veículo subaquático. Segundo relatos de um ex-sócio de Stockton Rush, CEO da OceanGate e um dos tripulantes do Titan no dia da implosão, a escolha desse material foi motivada por uma tentativa de reduzir os custos da operação.
Guillermo Sohnlein, em entrevista ao "The New York Times", explicou: Nossa teoria era que, se pudéssemos seguir o exemplo de Elon Musk na SpaceX e usar capital privado para construir submarinos de mergulho profundo, poderíamos torná-los disponíveis para qualquer pessoa que precisasse deles, pesquisadores, cineastas, exploradores, a uma fração do custo".
Ao jornal americano, o engenheiro e especialista em submarinos Graham Hawkes, que conhecia Rush, lamentou não ter alertado o empresário sobre os riscos do uso da fibra de carbono. Ele explicou que este material era pouco confiável: em um dia, poderia alcançar até 3 mil metros de profundidade e, no dia seguinte, implodir ao chegar em 2,7 mil metros, devido a danos na estrutura que não poderiam ser detectados.
Os clientes da OceanGate form obrigados a assinar um termo de responsabilidade antes de embarcar no submarino da empresa. O documento deixava claro que eles assumiam os riscos de morte e ferimentos graves, sem possibilidade de recurso contra a empresa em caso de negligência durante a operação.
"Assumo total responsabilidade pelo risco de lesões corporais, invalidez, morte e danos materiais devido à negligência da [OceanGate] durante o envolvimento na operação", dizia um trecho do termo.
De acordo com o Times, especialistas afirmaram que os familiares das vítimas do acidente poderiam buscar reparação na Justiça, mas garantir uma vitória nos tribunais é incerto.
Stockton Rush, o fundador e CEO da OceanGate, faleceu no desastre enquanto pilotava o submarino em sua última viagem. Em agosto, Gordon A. Gardiner foi escolhido para substituir Rush no cargo.
Em um comunicado, a empresa afirmou que Gardiner foi nomeado CEO e diretor "para liderar a OceanGate nas investigações em andamento e no encerramento das operações da empresa". Atualmente, o site oficial da companhia informa apenas a suspensão de suas atividades comerciais e de exploração. Até o momento, não há confirmação de processos movidos pelos parentes das vítimas contra a OceanGate.
As investigações sobre o caso, conduzidas por autoridades americanas e canadenses com colaboração de franceses e britânicos, continuam.