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Sem filmes e séries em 2024? Como a greve dos atores pode deixar Hollywood de cabeça para baixo

A partir da zero hora desta quinta-feira, 13, no horário de Los Angeles, 160 mil atores e atrizes cruzam os braços em apoio à paralisação da classe

Veja o que é a greve dos atores e dos roteiristas (Frazer Harrison/Getty Images)

Veja o que é a greve dos atores e dos roteiristas (Frazer Harrison/Getty Images)

Luiza Vilela
Luiza Vilela

Repórter de POP

Publicado em 13 de julho de 2023 às 19h52.

Última atualização em 13 de julho de 2023 às 20h18.

Em busca de salários maiores e melhores condições de trabalho, os atores de Hollywood anunciaram uma nova greve que agora se soma a dos roteiristas. Ao todo, 160 mil artistas que fazem do sindicato Screen Actors Guild (SAG-Aftra) cruzarão os braços a partir desta quinta-feira, 13, em apoio à paralisação. Essa é a primeira greve completa que a indústria audiovisual realiza em 63 anos, sendo a última realizada pela classe dos atores em 1983.

A greve foi anunciada após o SAG-Aftra anunciar que não conseguiu chegar a um acordo com os grandes estúdios de Hollywood. Os artistas paralisarão todos os trabalhos a partir das 00h (horário de Los Angeles) de hoje, após votação unânime do sindicato. A greve dos roteiristas, que já paralisou grandes produções como "Stranger Things" e "Abbott Elementary", está em curso desde maio deste ano.

"Somos vítimas de uma entidade muito gananciosa. Não acredito, sinceramente, o quão distantes estamos", disse a presidente do SAG-Aftra em comunicado à imprensa. "Todo o modelo de negócios foi mudado pelo streaming, pelo digital, pela IA. Se não agirmos agora, estaremos todos em perigo de sermos substituídos por máquinas."

Quais são as reivindicações dos artistas de Hollywood?

Entre as reivindicações, a classe dos artistas pede uma revisão dos royalties das plataformas de streaming, para as quais os filmes são enviados assim que saem das salas de cinema. Essa prática já é bastante comum para canais de TV por assinatura, mas não chegou aos streamings de vídeo ainda. Dessa forma, a maior parte dos lucros fica retida nas mãos dos executivos e não chega aos atores envolvidos nos filmes e séries.

O SAG afirma, ainda, que os pagamentos de royalties feito aos atores e atrizes de Hollywood foram "substancialmente reduzidos nos últimos dez anos, o que acompanha o crescimento desenfreado do streaming".

Outro ponto está relacionado ao uso indiscriminado de inteligência artificial dentro das produções de estúdios. Hoje, boa parte dos artistas sequer sabe quando são replicados nos filmes e séries das quais participam, uma prática que fere os direitos de imagem (sem consentimento) deles, além de não ser devidamente remunerada.

O que dizem os estúdios e produtoras?

Em resposta às reivindicações do SAG-Aftra, os grandes estúdios e produtoras afirmam que a greve prejudica uma parcela imensurável de trabalhadores. Eles tentam, agora, uma negociação com a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP) e planejam usar o desenrolar da paralisação em outras áreas da indústria audiovisual como pretexto para fazer com que os atores e roteiristas voltem a trabalhar.

"Foram oferecidos à SAG aumentos históricos de pagamentos e residuais, bem como uma proposta inovadora para proteger a aparência dos atores no ambiente digital", afirmou a AMPTP em nota à imprensa.

A presidente do SAG declarou que a "proposta inovadora" envolvia um escaneamento completo de rosto e corpo dos artistas para que os estúdios tivessem a oportunidade de usar a imagem dos atores e atrizes mesmo após a morte, como uma maneira de permanecerem "eternos" mas ainda sem remuneração devida e sem um contrato esclarecedor sobre a remuneração pelo uso da imagem digital.

Quanto ao salário, foi oferecido que os atores fossem pagos por dia de trabalho. Hoje, a remuneração é feita por contrato de toda a produção do filme, estabelecida antes das gravações.

Filmes e séries afetados

Com a paralisação dos atores somada a dos roteiristas, uma parcela considerada das produções anunciadas para o final de 2023 e 2024 ficará comprometida. A quinta e última temporada de "Stranger Things", a terceira de "Yellowjackets", a sexta de "The Handmaid's Tale" e os spin-offs de "Abbott Elementary" e "Game of Thrones" tiveram a produção interrompida. Segundo o portal americano Variety, outros sucesso da Netflix, como "Cobra Kai" e "Big Mouth", enfrentam pausas na produção por conta da greve dos roteiristas.

O filme "Blade", da Marvel Studios, a série "Billions", e programas de TV de grande audiência da TV americana também estão paralisados. A minissérie "Metrópolis", da Apple TV+, foi cancelada.

Com a paralisação completa dos roteiristas e artistas, novas interrupções devem ser anunciadas nos próximos dias. Nesta quinta-feira, durante a estreia de "Oppenheimer" em Londres, no Reino Unido, o elenco abandonou o evento em apoio à greve.

Prejuízos financeiros por causa da greve dos atores e dos roteiristas

O tamanho dos prejuízos ainda é imensurável. Para ter uma ideia, só a greve dos roteiristas causou só nas primeiras 24h um prejuízo estimado em US$ 10 bilhões, conforme aponta um estudo do portal Unilad. Atualmente, a estimativa de perdas financeiras é de cerca de US$ 30 milhões por dia.

O que pedem os roteiristas de Hollywood desde maio?

Os mais de 11 mil roteiristas de cinema e televisão de Hollywood entraram em greve pela primeira vez em 15 anos após as negociações por aumentos salariais com estúdios não avançarem. A decisão de cruzar os braços foi aprovada pelo Sindicato dos Roteiristas da América no mês de abril. 

Assim como foi com os atores, os roteiristas também pedem maiores participações nos royalties para o conteúdo enviado aos streamings. "As respostas dos estúdios às nossas propostas foram totalmente insuficientes, dada a crise existencial que os escritores estão enfrentando", afirma um comunicado publicado pelo sindicado.

Outra reivindicação dos roteiristas é que os estúdios prometam que não vão usar inteligência artificial para criar roteiros com base em trabalhos anteriores.

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