A briga judicial entre Taylor Swift e Scooter Braun deixou cicatrizes expostas na indústria da música (Scooter Braun/ Instagram/Reprodução)
Repórter de POP
Publicado em 22 de agosto de 2023 às 20h37.
Última atualização em 23 de agosto de 2023 às 10h01.
Um dos nomes mais reconhecidos "por trás das câmeras" no mundo da música é Scooter Braun, de 42 anos. Empresário de gigantes como Kanye West, Ariana Grande, Demi Lovato, Justin Bieber, Ava Max, David Guetta, Psy e Black Eyed Peas, o magnata é dono da SB Projects e criou um verdadeiro império de discos e álbuns. A fama dele, no entanto, está longe da fortuna bilionária em sua posse: Braun ficou mais reconhecido na mídia pelos impasses com a lorinha, depois de vender os direitos seus seis primeiros álbuns.
A briga judicial entre Taylor Swift e Scooter Braun deixou cicatrizes expostas na indústria da música. E a insatisfação com o empresário, que já foi taxado de rude e egoísta por fontes próximas aos artistas à Insider, tem ido além do emocional: depois do rompimento com a loirinha, artistas como Ariana Grande, Justin Bieber e Demi Lovato também estão quebrando seus contratos com a SB Projects, segundo informações de fontes da Variety e da Bilboard. Por enquanto, não há nenhuma confirmação oficial.
Demi Lovato mantinha um contrato com o empresário desde 2019, ao passo que Ariana Grande estava com Braun desde 2013. Nenhuma das duas artistas se pronunciou sobre o rompimento dos acordos até o momento de publicação dessa reportagem, mas fontes próximas dos artistas ouvidos pela Variety afirmam que as relações entre o empresário e os cantores está estremecida.
A maior repercussão da carreira de Braun está relacionada à venda dos seis primeiros álbuns de Taylor Swift. Depois da briga entre a cantora e Kanye West, que era agenciado por Braun, o empresário fez uma manobra com a gravadora a Big Machine Records, com quem a loirinha tinha um contrato até meados de 2018. Em junho de 2019, a Ithaca Holdings, uma das empresas que tem Braun como sócio, adquiriu a Big Machine Records por U$ 300 milhões, incluindo as gravações originais dos álbuns "Taylor Swift" (2008), "Fearless" (2018), "Speak Now" (2010), "Red" (2012), "1989" (2014) e "Reputation" (2017).
Quando a equipe foi atrás de reaver os direitos dos álbuns, antes mesmo de acertar os valores, Braun exigiu que, em troca das músicas, a cantora nunca mais pudesse criticá-lo. Taylor não topou o negócio e o empresário vendeu as gravações para a Shamrock Holdings, um fundo de investimentos que ficou dono de 100% de suas músicas, clipes e projetos gráficos que estavam em posse da Ithaca Holdings. E Braun, além do valor da venda, também adquiriu uma porcentagem sobre os lucros das canções.
A Shamrock Holdings tentou também firmar parceria com a cantora, mas o projeto não foi para frente, sobretudo porque as novas gravações ainda beneficiariam Scooter Braun. A "sorte" foi que o contrato com a Big Machine Records permitia que Taylor regravasse seus álbuns, e assim ela tem feito: regravou, até agora, "Fearless" e "Red", as "Taylor versions".
Depois do embate com Taylor, que durou alguns anos, os outros agenciados pelo empresário também começaram a "pedir as contas". Ainda não se sabe o motivo, mas fontes da Variety aproximam a ideia de divergências financeiras.
A agência Scooter Braun divulgou, recentemente, o valor em ações pago a cada artista gerenciado. Enquanto Bieber e Ariana Grande receberam menos de US$ 11 milhões e Demi Lovato cerca de US$ 1 milhão, Scooter teria recebido um total de US$ 86,2 milhões e o fundador do Big Machine Record Group, Scott Borchetta, US$ 161 milhões. Além disso, conforme aponta a reportagem da Variety, Scooter estaria se afastando da gestão rotineira da SB Projects para focar na posição como CEO da HYBE America, a gigante do entretenimento sul-coreana por trás do BTS (k-pop), para quem o empresário vendeu a empresa Ithaca Holdings, da qual era sócio, por US$ 1.05 bilhão.
Como presidente da HYBE America, Braun já fez a aquisição de Quality Control, lar de Migos, Lil Baby, Lil Yachty e outros, por US$ 320 milhões.
São muitos os rumores que cercam Scooter Braun na indústria da música, que vão inclusive além dos problemas com Taylor Swift. Em dezembro de 2018, Kanye West teve uma imensa discussão com o empresário por telefone, pedindo ajuda para fechar um acordo que venderia uma porcentagem da Yeezy, empresa de roupas do cantor, hoje avaliada em bilhões de dólares, a uma outra fabricadora que revenderia os produtos na China.
Na época, Braun o aconselhou não seguir em frente com o negócio, se ele não estivesse confortável com aquilo — mas se a venda fosse realizada, o empresário teria uma bela porcentagem em mãos. Mesmo assim, West assinou o contrato e, horas depois, apareceu discutindo com o agente, acusando-o de enganá-lo e persuadi-lo a vender para que ele tivesse sua comissão garantida. Não demorou muito para que o próprio Braun desistisse de trabalhar com o cantor.
Com fama de rude e interesseiro, é inegável que Braun tenha ido em busca de seu pedaço financeiro em uma indústria bilionária como a da música. Mas para reverter esse estigma, o magnata fez de tudo para se mostrar um bom moço: destacou-se nas redes sociais e na imprensa como um filantropo que tirar artistas de situações difíceis.
Fontes ouvidas pela Insider dizem justamente o contrário: "muitas pessoas dizem que longe de ser uma exceção em uma indústria particularmente feia, Braun é um de seus jogadores mais implacáveis — um egoísta implacável cujo foco principal é polir sua imagem e aumentar seu império", diz a reportagem do portal. “Nunca vi ninguém queimar tantas pontes com tantas pessoas”, disse uma pessoa familiarizada com os negócios de Braun à Insider.