Oscar 2025: conheça a protagonista de Emilia Perez (Emilia Perez/Divulgação)
Repórter de POP
Publicado em 27 de janeiro de 2025 às 09h16.
Na manhã da última quinta-feira, 23, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas revelou os indicados à 97ª edição do Oscar. O Brasil concorre a três categorias, e o único filme internacional com mais indicações do que ele foi "Emilia Peréz", estrelado por Karla Sofía Gascón.
O musical dramático conquistou 13 indicações ao Oscar, incluindo a de Melhor Filme. E vem numa toada de vitórias: levou o prêmio de Melhor Atriz, Melhor Composição e o do Júri no Festival de Cannes e já coleciona 81 estatuetas nas mais de 200 indicações que recebeu em outros festivais de cinema.
Indicada à Melhor Atriz no Oscar, ao lado de Fernanda Torres, Gascón fez história ao se tornar a primeira mulher trans indicada à premiação — e tem, sim, grandes chances de levar o prêmio para casa.
A conquista não só marca um avanço na representatividade de pessoas trans no cinema, mas também reforça o impacto cultural de Gascón, uma atriz a carreira marcada por reinvenções e desafios.
Nascida em 1972, na cidade de Alcobendas, na Espanha, Gascón iniciou a trajetória artística no final dos anos 1980 como atriz de teatro. À época, ainda conhecida como Carlos, ela brilhou em produções como a revista musical "El Águila de Fuego". Depois, seguiu para a televisão com papéis em séries populares na Espanha, como "El Súper" e "Calle Nueva".
Em 2009, mudou-se para o México, país que inflou sua carreira. Gascón atuou em produções marcantes, como a novela "Corazón Salvaje" e o filme de sucesso "Nós, os Nobres", que quebrou recordes de bilheteria no país.
Foi só em 2018, ao iniciar a transição de gênero em Madri, que a atriz deu um novo rumo à vida e carreira. Na época, publicou o romance "Karsia: Una Historia Extraordinaria" e participou do reality show MasterChef Celebrity México.
Depois da estreia de "Emilia Peréz", que conta a história de um chefe do tráfico que muda de gênero, tornou-se reconhecida em todo o mundo. É a primeira e única atriz trans a vencer na categoria de Melhor Atriz em Cannes e, em seu discurso, dedicou a vitória à comunidade LGBTQIA+.
Mas a jornada, apesar do brilho das vitórias e indicações, também enfrentou inúmeras críticas. O retrato da transição de gênero em "Emilia Peréz" gerou desconforto em parte dos membros da comunidade LGBTQIA+ e na retratação do México.
A organização Gay & Lesbian Alliance Against Defamation (GLAAD), uma das maiores da causa, chegou a classificar alguns elementos como "retrógrados". De toda forma, a atriz segue de cabeça em pé e está na corrida para conquistar prêmios dos maiores festivais de cinema do mundo.
No Oscar, Gascón concorre diretamente com Fernanda Torres, protagonista de "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles. Ambas as produções representam um momento significativo para o cinema internacional: entre as cinco indicadas, duas são de fora dos Estados Unidos.
A categoria, vale dizer, costuma ser um pouco ingrata com as atrizes internacionais. Das 96 edições anteriores do Oscar, somente duas artistas de fora dos EUA levaram a estatueta para casa. Mas a edição deste ano está bem mais imprevisível que as outras.
Fernanda superou atrizes de peso em Hollywood no Globo de Ouro e fez história como a primeira brasileira a estatueta de Melhor Atriz na premiação.
Com um legado de superação e inovação, Karla Sofía Gascón não é apenas um nome nas premiações, mas um símbolo de resistência e transformação na indústria cinematográfica. Seu trabalho em "Emilia Pérez" não é apenas um marco, mas um convite para que o cinema mundial continue a evoluir em diversidade e inclusão.
No musical "Emilia Pérez", dirigido por Jacques Audiard, Gascón interpreta um narcotraficante que decide realizar uma cirurgia de afirmação de gênero, enfrentando as contradições de um mundo violento e conservador. A personagem carrega traços biográficos que refletem a própria trajetória de Gascón, incluindo a transição de gênero e a força para desafiar expectativas.
O diretor revelou que inicialmente planejava um ator cisgênero para o papel, mas Gascón o convenceu de que ninguém poderia interpretar a personagem melhor do que ela. "No momento em que a vi, soube que era ela", disse Audiard.