Em 1999, Fernanda Montenegro foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua atuação marcante em "Central do Brasil", dirigido por Walter Salles. Na cerimônia, Montenegro concorreu com gigantes como Meryl Streep e Cate Blanchett, mas perdeu para Gwyneth Paltrow, estrela de "Shakespeare Apaixonado". A decisão da Academia gerou uma onda de debates que já viram até meme no Brasil.

A vitória de Paltrow é frequentemente atribuída não apenas à sua performance, mas a fatores externos.

À época, o influente produtor Harvey Weinstein conduziu uma campanha agressiva de marketing para "Shakespeare Apaixonado". Weinstein, conhecido por sua capacidade de manipular a indústria, teria usado sua rede de contatos para direcionar votos em favor do filme.

Além disso, "Shakespeare Apaixonado" já havia se tornado o "queridinho" da temporada de prêmios graças ao investimento milionário em publicidade, algo que filmes estrangeiros, como "Central do Brasil", raramente conseguem igualar. Isso expôs uma barreira histórica na Academia: o reconhecimento limitado de produções não faladas em inglês.

Para a própria Fernanda Montenegro, no entanto, a derrota não foi uma surpresa. Em entrevistas, a atriz afirmou que "não esperava levar o prêmio", considerando o contexto da disputa.

Ainda assim, sua presença na cerimônia representou um marco para a América Latina: ela foi a primeira atriz latino-americana indicada na categoria de Melhor Atriz, reforçando o impacto cultural do cinema brasileiro no cenário global.

Apesar de não ter vencido, "Central do Brasil" consolidou sua posição como um clássico universal. A performance de Montenegro, à época, foi descrita pela crítica como "um retrato humano e sincero".

26 anos depois, é possível que a filha de Montenegro, Fernanda Torres, também seja indicada à categoria por sua atuação em "Ainda Estou Aqui". Torres foi a primeira brasileira a receber o Globo de Ouro na categoria de melhor atriz em filme de drama.

“A questão maior do Oscar é fazer o filme ser visto e votado. Acho, sim, que têm grandes chances de ser indicado na categoria de Melhor Filme Internacional, mas para Melhor Atriz dificulta, porque esse ano temos a presença de performances extraordinárias. Você trabalha. O que vier veio. Se não vier, não veio”, argumentou Fernanda Torres à EXAME. “O que eu não quero é que pensem que, se não formos indicados ou vencedores, o filme fracassou. Quero mesmo é que o filme seja visto — e já está sendo por gente do mundo todo. Por isso gosto tanto dos festivais: eles são mais inclusivos."