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O que esperar de 'Duna 2'? Para diretor, filme é a concretização de um sonho

A EXAME participou da première do segundo filme na Cidade do México com o cineasta Denis Villeneuve; veja entrevista

O que esperar de "Duna: Parte 2"? (Warner Bros/Duna/Mex/Divulgação)

O que esperar de "Duna: Parte 2"? (Warner Bros/Duna/Mex/Divulgação)

Luiza Vilela
Luiza Vilela

Repórter de POP

Publicado em 15 de fevereiro de 2024 às 09h44.

Última atualização em 22 de fevereiro de 2024 às 21h31.

Seis estatuetas do Oscar, cinco do Bafta, uma do Globo de Ouro. Na bilheteria mundial, US$ 402 milhões, um número baixo para a grandiosidade do que foi a primeira parte da história de "Duna" (2021), adaptada para o cinema pelo franco-canadense Denis Villeneuve. Agora, o cineasta envia às telonas, em 29 de fevereiro, a segunda parte do que ele chama de sua maior "obra-prima".

Dar à "Duna" essa nomenclatura, embora ambicioso, é justo para descrever a nova adaptação do clássico da ficção científica, escrito por Frank Herbert em 1965. Nas mãos de Villeneuve, que assina como diretor e roteirista, o deserto de Arrakis — planeta no qual a maior parte da trama se passa — superou expetativas com uma complexidade cativante e em excelente fotografia, um feito bem diferente das produções de David Lynch (1984) e John Harrison (2000). 

Com "Duna: Parte 2", além de continuar a jornada de Paul Atreides (Timothée Chalamet), o diretor expande o universo de Herbert e acrescenta a ele facetas politicas, religiosas, ambientais e novos personagens, incluindo a Princesa Irulan (Florence Pugh) e o sanguinário Feyd Rautha (Austin Butler), duas adições certeiras a um elenco de estrelas já reconhecidas em Hollywood, composto por Zendaya, Javier Barden, Christopher Walken, Josh Brolin, Rebecca Ferguson, Dave Bautista e Stellan Skarsgård. Seguindo a trajetória do primeiro filme, a nova estreia foi gravada nos desertos de Abu Dhabi e da Jordânia, além dos sets de Budapeste (Hungria) e da Itália.

À convite da Warner Bros. Pictures, a EXAME participou da première do segundo filme na Cidade do México, na segunda semana de fevereiro, que incluiu um masterclass com Denis Villeneuve e uma breve entrevista no tapete vermelho do evento.

"[Duna] É diferente de tudo o que eu já tinha feito porque tenho uma conexão pessoal com a história", declarou Villeneuve à EXAME. "Não tenho cenas favoritas justamente porque trabalhei duro no roteiro para ter a certeza de que cada momento, cada cena individual, me inspirasse mais um pouco". 

Da realidade para a ficção

Villeneuve começou a carreira como cineasta com documentários, muito antes de entrar de cabeça no universo da ficção científica. Seu primeiro curta foi “Rew FFWD” (1994), que acompanha a história de um fotógrafo que viaja para a Jamaica e tem um verdadeiro choque cultural.

Na ficção, por outro lado, a primeira grande obra escrita por ele foi "Cosmos" (1996), selecionada como representante do Canadá na edição do Oscar de 1997. O filme não levou nenhum prêmio, mas é reconhecido como um dos grandes romances da época. 

“Estar sozinho com uma câmera e aprender a relação disso com a realidade, quando se produz documentários, foi algo que desenvolveu e muito a minha sensibilidade para contar histórias ", explicou ele durante a masterclass feita na Cidade do México. .

Foi só em 2001 que a carreira como cineasta “engatou”. Com o lançamento de “Maelström”, exibido em festivais de todo o mundo, Villeneuve venceu oito Jutra Awards e Melhor Filme Canadense do Festival Internacional de Cinema de Toronto. 

Para ele, esse início  foi o mergulho necessário para a criação de obras como "Duna". "A ficção tem o peso de seu processo, mas abre um espaço de liberdade muito grande. Você desenvolve mais e mais essa sensibilidade para contar uma história", pontua. "Toda vez que entro no set, tento me reconectar com a sensação de que posso usar as câmeras como uma caneta para contar uma nova história".

Villeneuve tem no currículo títulos como "A Chegada" (2016) e "Blade Runner 2049" (2017), pelos quais já foi indicado ao Oscar, inclusive na categoria de melhor diretor. "Eu sempre tive uma sensação estranha de que não fui eu quem escolheu esses filmes, mas os filmes que me escolheram”. 

DUNA 2

Denis Villeneuve e Timothée Chalamet no set de "Duna: Parte 2"

A obra-prima dos sonhos

Antes mesmo de lançar a segunda parte, Villeneuve já acenou à imprensa que sua adaptação de “Duna” será uma trilogia. A parte dois estreia no próximo dia 29 de fevereiro e o diretor declarou, em entrevistas, que a terceira tem uma boa parcela do roteiro adiantada — muito embora o cineasta não tenha indicado uma provável data de lançamento para o último filme.

Denis, que queria ser um cineasta desde muito jovem, revelou que escrever e lançar "Duna" foi uma conexão pessoal esperada por décadas. “Eu queria fazer ficção científica. Eu queria dirigir atores. Eu queria escrever roteiros. E 'Duna' estava sempre ali, uma vontade de adaptá-lo desde a primeira vez que coloquei meus olhos naquele livro", comentou ele com um genuíno brilho nos olhos. 

A combinação que o livro aborda a ascensão política e religiosa, com um quê de misticismo em contato constante com o meio ambiente foram, na visão dele, um dos maiores atrativos para tirar a história de “Duna” do papel e traduzi-la para as telas. “Tentei ficar o mais próximo possível do espírito do livro, mas é uma adaptação. É claro que quando você tem isso, você se transforma em um analista da obra original, mas o que realmente me encantou em ‘Duna’ foi o grau do seu ecossistema do deserto, o impacto da natureza, os modos de ser nas culturas e instrumentos. É um filme baseado em um livro, e eu li esse livro quando era adolescente, fui muito influenciado por ele”, pontua. “Meu maior objetivo era trazer toda essa complexidade do livro para as telas”.

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Denis Villeneuve e Rebecca Ferguson no set de "Duna: Parte 2"

Poder do deserto

Com gravações no deserto da Jordânia e Abu Dhabi, os dois longas de “Duna” ganharam uma nova conexão com o ambiente, mais profunda e próxima — aspecto muito bem adaptado dos livros para as telas. A convivência na areia e com o povo que nela vive (os “fremens”, no filme) abriu caminhos para o reconhecimento de uma nova cultura humana e ambiental, entremeadas. Isso, por sua vez, também deu margem para que Villeneuve fizesse aquilo que é sua assinatura mais marcante: o desenvolvimento do poder da comunicação e da linguagem, trabalho tão elogiado em “A Chegada” (2016). 

“A imersão em outra cultura é algo com que cresci, porque fiz parte de uma pequena comunidade que fala francês em um continente norte-americano. Tive que me adaptar constantemente ao exterior e aprendi isso também no cinema: é um espaço perfeito para viajar com a câmera de experiência em experiência de vida”, explica ele. “E a linguagem, tanto em ‘A Chegada’ quanto em ‘Duna’, é uma experiência que, por trás, tem nas entrelinhas muito poder”.

Se o primeiro filme serviu bem como apresentação do complexo universo de “Duna”, a segunda parte agora vai se fixar nos conflitos humanos e na geopolítica do deserto. Além de um maior número de cenas de ação, envolvendo novos personagens, a cultura do povo da areia será um dos principais pilares do novo enredo.

“Eu queria estar lá no deserto mesmo para estar bem perto, para ser muito relativo, para aproveitar ao máximo e deixar o  filme mais épico e íntimo ao mesmo tempo. Quero que vocês se sintam mais próximos dos personagens, que criem uma conexão profunda, e por isso tantas cenas com takes mais fechado no rosto dos atores”, explica Villeneuve. “Ao mesmo tempo, quero que vocês entendam o tamanho deles dimensionado com a grandeza do deserto, em takes mais distantes, onde eles aparecem pequeninos. É ter essa noção de que você pode ser facilmente esmagado pela natureza porque, não importa o que aconteça, é ela quem prevalecerá”.

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Timothée Chalamet em "Duna: Parte 2" (Divulgação/Warner Bros.)

Quando estreia 'Duna 2'?

"Duna: Parte 2" estreia nos cinemas no dia 29 de fevereiro.

Quem está no elenco de "Duna: Parte 2"?

O elenco é composto por Timothée Chalamet, Zendaya, Austin Butler, Florence Pugh, Javier Barden, Christopher Walken, Josh Brolin, Rebecca Ferguson, Dave Bautista e Stellan Skarsgård.

Onde assistir "Duna"?

O primeiro filme está disponível na plataforma de streaming da HBO Max.

*A repórter viajou para a Cidade do México à convite da Warner Bros. Pictures.

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