Divórcio cinza: fenômeno vem ganhando força no Brasil (Getty Images/Reprodução)
Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 08h48.
Os números não mentem: cerca de 30% dos divórcios registrados no Brasil ocorrem entre pessoas acima de 50 anos, segundo as Estatísticas do Registro Civil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Há pouco mais de uma década, esse índice era de menos de 10%. O fenômeno, conhecido como "divórcio cinza" ou "grey divorce", vem ganhando força, especialmente entre casais de longa data que decidem encerrar o relacionamento em busca de novos propósitos e experiências.
Ainda que seja uma tendência ativa, sobretudo entre as mulheres mais velhas, o divórcio em geral têm mostrado um aumento significativo nos últimos anos, conforme revela o IBGE.
Em 2022, foram registrados 420.039 divórcios, aumento de 8,6% em relação a 2021, que teve 386.813. Foi o maior número desde o início da série histórica em 2007 e corresponde a aproximadamente um divórcio para cada 2,3 casamentos.
O que não entra no regime de comunhão parcial de bens?A tendência vem mudando ao longo dos anos motivada por mais independência — emocional e financeira — das mulheres, em especial as mais velhas. Especialistas apontam que a maior expectativa de vida, associada à aposentadoria e ao empoderamento feminino, é uma das razões por do aumento dos "divórcios cinzas". A ideia de permanecer em um casamento "morno" deixou de ser uma obrigação social, e uma separação matrimonial já não carrega mais o estigma de décadas atrás.
O fortalecimento da independência feminina também desempenha um papel crucial no aumento do "divórcio cinza". Com carreiras consolidadas e maior autonomia financeira, as mulheres também se sentem mais confiantes para romper relações que não atendem às suas expectativas, o que aumenta a tendência das separações.
Mais do que uma ruptura, o "divórcio cinza" tem sido visto como uma nova fase da vida.
O perfil dos divórcios no Brasil tem passado por mudanças significativas nos últimos anos. De acordo com os dados mais recentes do IBGE, a idade média dos homens no momento da separação é de 44 anos, enquanto para as mulheres é de 41.
O tempo médio de duração dos casamentos também tem diminuído. Em 2010, os divórcios ocorriam, em média, após 16 anos de união. Hoje, esse número caiu para 13,8 anos e 47,7% das separações acontecem após menos de 10 anos de casamento, indicando mudanças nas dinâmicas familiares e na percepção sobre a continuidade de relações insatisfatórias.
Outra tendência marcante é o aumento da guarda compartilhada em casos de divórcios com filhos menores. Em 2014, apenas 7,5% dos casos optavam por esse modelo, enquanto em 2022 o número subiu para 37,8%. Em contrapartida, a guarda exclusiva pela mãe diminuiu de 85% para 50,3% no mesmo período, refletindo uma maior divisão de responsabilidades entre os pais.
No cenário regional, algumas cidades do Paraná registraram as maiores taxas de divórcio no país. Em Ivatuba, foram contabilizados 7 divórcios para cada mil habitantes, enquanto Iracema do Oeste registrou 6 divórcios por mil habitantes. Esses dados mostram não apenas o aumento na taxa de separações, mas também uma evolução nas práticas relacionadas às dinâmicas familiares e sociais no Brasil.