Núcleo da Terra está girando ao contrário, diz estudo (forplayday/Getty Images)
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Publicado em 17 de julho de 2024 às 11h26.
Última atualização em 17 de julho de 2024 às 11h28.
Fenômenos naturais radicais e eventos causados pelas mudanças climáticas assustam as pessoas em relação ao futuro. As preocupações aparentemente cresceram após um grupo de cientistas sugerir recentemente que a rotação do núcleo da Terra está desacelerando e que pode começar a girar na direção oposta.
A teoria foi apresentada em um estudo publicado na revista científica Nature Geoscience. De acordo com a publicação, o processo começou em 2019 e o novo ciclo pode durar até 70 anos, com a possibilidade de alterar a duração dos dias. No entanto, os pesquisadores reforçam que se trata de um fenômeno estrutural da Terra e não de um evento catastrófico.
Os autores da pesquisa utilizaram registros sísmicos para entender a mudança na rotação do núcleo da Terra, e afirmam que esse processo pode estar relacionado a alguns desastres naturais.
Depois de analisarem dados sobre o núcleo interno do planeta entre as décadas de 1990 e 2020, os cientistas identificaram uma mudança perceptível nos últimos anos. Por outro lado, essa hipótese não vem apenas desses investigadores.
O professor John Vidale, reitor de Ciências da Terra na Faculdade de Letras, Artes e Ciências de California Dornsife (USC Dornsife), explicou em um artigo da Nature Geoscience que o planeta passou por uma desaceleração lenta até começar a girar ao contrário nos últimos anos. Esse novo movimento causaria grandes mudanças no funcionamento de todas as formas de vida na Terra.
A comunidade científica concluiu que a rotação do núcleo não é completamente consistente, pois parecia estar desacelerando constantemente. Mesmo assim, os especialistas ressaltam que compreender o núcleo da Terra é extremamente difícil pela impossibilidade de fazer observações diretas.
“Aqui analisamos ondas sísmicas repetidas do início da década de 1990 e mostramos que todos os caminhos que anteriormente apresentavam mudanças temporais significativas exibiram poucas mudanças ao longo da última década. Este padrão globalmente consistente sugere que a rotação diferencial do núcleo interno foi recentemente interrompida”, diz o estudo.
A primeira descoberta sobre o funcionamento do núcleo interno da Terra foi feita em um estudo conduzido pela sismóloga Inge Lehmann em 1936. Naquela época, a dinamarquesa percebeu que essa região funcionava como uma "bola de metal sólida".
Por outro lado, a investigação sobre a variação da velocidade de rotação do núcleo ocorreu nas décadas de 1970 e 1980. Em seguida, no início dos anos 1990, as primeiras evidências sismológicas foram divulgadas.
Os pesquisadores utilizaram dados de ondas sísmicas e terremotos para entender as interações com o núcleo interno do planeta. Mesmo assim, existem divergências entre os cientistas sobre essa teoria. Alguns deles argumentam que os dados ainda são limitados devido à dificuldade de coletar amostras e realizar observações precisas.
Segundo novo estudo do USC Dornsife, os dados indicam que a Terra começou a desacelerar significativamente, parou nos últimos anos e, consequentemente, começou a girar no sentido contrário. A pesquisa diz que essas mudanças na rotação do núcleo terrestre parecem seguir um ciclo de 70 anos, mas a reação do planeta ainda é um mistério sem solução.